Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.
cSonho de angustias Vens a meu sonho, vens-halo de beijo solto N'um, de luar sem fim, mirifico nelumbo– Por tuas mãos de fada, ao coração revolto ·Abrir-lhe, tentadôra, as palpebras de chumbo. E a meus olhos, rcvél, as anteirnas de leve Falando e á escuridão estrias de oiro abrindo. Todo o teu busto exul, feito de arminho e neve, l)o meu sonho os clarões vem, rutilo, scindindo. Dentro, no ermo silencio impavido, o fulgôr Dos santelmns da tua aureola de miragem, Resumbra, na espessura agreste ~ livôr Da noite, em ,·ariações d0 côr e de paysagem. Mas, ó effigic ideal-aza de passarinho, Sobre as aras de fél das trerns da minh'alma -Ao tumulto do teu isochrono carinho Se mais lubrica Vt'DS menos meu sangue acalma, Lasciva, na impudez inodora e pagã Das estatuas, se acaso, estendes-me teus braços Longos, fico a colher-te a bocca de romã Madura, nos sensuaes aromas dos espaços!
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