Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.

EPHEJ\lERIS 41 •ravel mimesia he1•e,iita,ria, despinl1o-as para vestil-as de novo, com o esmero e a grac;a ,<1u e personificam a sua incompa,ravel luc~dlez de espi:i it,o e a belleza cl os seus olhos claros. Laura, p:wa crumça, é uma condess8i gárn:ila; para senhora, é uma encarnação de eleita.! Se a sua Lari e1ta dorme, Laélia t em presa dos dedos uma lo– comotiva rninuscula muai1rada á ponta de um cordã·o; Lia, chora: Laura, corre a socCl,Jrrel-a po1·que está com fome; Lélia e Lae-1 bri– gam a um canto da si,la e chamalrn pela mamã que, ao mesmo tem– po, affaga Larydia de p eirnas para 1 0 a:1• num:a, formidaveil quéda; e ass!im, transmudando a scena, a inte1'essante e lúcida creança, que já; sabe Jêr , tendo appr'endidlo voluntapi:amente, e lendo melhor– mente, que, infinitas talúdas de quasi me~o seculo, vive descuidadru e o coração transhonfando ,dle f elicidald,e e fazendo feliz ªfluelle lar augusto onde ella1 se tornára um pequenino lyrio d 'um jarkiim de graças. Ainda não va,r á •escola. A sua mestra, é ailllda o ruodelo d<as preceptoras: :1 sua carinhosa mãe; pela manhã estuda. se lhe apraz; .á, tarde corre pelo gTa:nde ja,rdim .a colher' 1boga:rys e açucenas que ella enfeixa num ran1alhete precioso parar depôr nos jarros pequeni– nos das iSIUas filhas -- enlevos e ter'Il.ura,s. seoo alca.ndora:dos dedos .de estheta e ide visiona1·ia futura, ha d'e Ah! bem vale a pena, ter uma filha com a oorôa c1ie myrthios que envolve a.quella pequenita cabeça. Lam•a e as suv,s bonecas constituem um la:r, um lar liliputiano; nelle ha o indispens:wel para uma ifelici:dalde terrena: do lado das filhas ha o eterno mutismo das i;reanças de louça, loui-a.s umas, tri– guei:rais outms, e t orl2s, uma plciaidle mim101Sa dJe p:orcelianms chine– za , nas mãos habilíssimas da. suai innocente mãezita; elo ln:do d 'esta o olha,r compassivo e piedoso de unm alma em flôr, toda: bondaidle e cansaço, toda maternidade ,e crenças, em plena florescencia do seu ingenito encanto. Falta certamente o esposo. :Por hora, para Laura, o ei$poso rumado é ai11dla o só!, o grande sól infinito e 1 l,0111giu,1uo, que, de mansinho e todas as ma\nhãs, lhe vem depôr um iaingelissimo heijo sobre ai fronte, fecundando-a, amí– malhandio a basta: cabelleira, e enchendo mais de seiva a epi•dlerme branca e ma<cia do seu pequenito corpo. Sómente mais taride,- ,e muito ta.ride ainda:, quando esse lar pygmeu da aJdioravel crea,nça desapparece1· de toldo, pa,ssando essa rainha a ,ser verdadeira.mente senho11a, sómente então, ella., com os seus alcando1rados dedos de estheta e 'de\ visiona.Iria futura1, ha. de e<icolher aquelle predestina,do que ainda ignora, já existir, para si talhaldla, a melho:r de .todfü';; as e,3posas, hoje plummula e plaútuila, a ÍillliO:Cente Laur3t, a mais viva, a mais 1oura, a mais encantadora de todas as crea11.1ças que eu conheço.

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