Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.
EPHEMERIS 31 211thico e, ao revés, esmagando-me á certeza de não poder fazei-o con.– -dignamente, me vedavam tental-o. hesitei entre os impulsos do affecto e a logica implacavel da razão. Venceram, porém, como sóe acontecer sempre, as blandiciosas insinuações do sentimento, e, certo, não obstante, de que estes rabis• cos virão marear o excelso fulgor d'este certamen de patriotismo, eu -vol-os entrego sem outro intuito e sem outra esperança, além de deso-· 'brigar-me, como posso, de inilludivel dever de coração. Não me era dado escrever uma memoria, que valesse pela am· plitude de conhecimentos, de que careço, ou brilhasse pelo apuro da fórma, para o que por egual me fallecem aptidões e:5theticas. Fiz o que estaYa ao meu alcance: aproveitei a occasião propicia que me deparava a reunião do operoso e competente professorado -do Pará, para suscitar algumas duvidas, porventura inger.uas, das muitas que me salteiam no meu obscuro magisterio, na espectati'va auspiciosa de que as vossas sabias respostas serão serviço valioso aos -que estudam e nosso idioma. Bem mesquinha é, mais que ninguem, reconheço, a contribuição que trago ás festas do 'l'ricentenario de Belém, nns ... Eça de Queiroz, o genial estylista, cuja graça seducente o absol– -ve do descaso quasi sacrílego, com que desnaturou no claro mas mo· notono analytismo jrancez a pompa numerosa e bizarra do synthetis– mo semi-latino da nossa língua, justificou-se de ter mandado a concur– so litterario um romance cujos defeitos reconhece, invocando da sabe– doria popular os versos medíocres e immortaes, como elle os chamou ~ om aquella justeza de expressão tão sua : Pilriteiro dás pilritos . . . Porque não dás cousa bôa? Cada um dá o que tem Conforme a sua pessôa. e accrcscentou commentando : «Eu não podia dar á Academia senão o que tinha entüo, e o que, ai de mim! tenho sempre-pilritos». (1) Se, escripto por Eça de Queiroz e nas condições em que o foi, isto não passa de um assomo da ironia flarnmejante, em cujo 1nanejo tão destramente se comprazeu o já então (26 de Janeiro de 1888) con– ·sagrado auctor do Crime do Padre AmariJ e do Primo Bazilio, a que ·nem a severio.ade caustica de Camillo Castcllo Branco negára fer- ventes encornios, traduz com uma nitidez que eu não pudera dttingir. com palavras minhas, a situação especüdissima, em que me atrevo a quebrar a austera majestade d'este Congresso, tão copiosamente locb.– pletado por estudos valiosos, em que se reunem, se combinam, se in– tegram, magistralmente, as laborio3as cogitações scientificas e os pa– cientes requintes esthetico.;. Seja-me, pois, relevado, a mim que não posso fazer outra cousa, ~bmettei- a,o vosso sapiente varedicto as duvidas que me occoreem,
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