Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.
Calão e a CZJlorena A LUCIDIO FREITAS Um moderno Catão, homem rude e severo~ Censurava, sem d6, gaiteiros e bolinas : «Sem-vergonhas! ~ão termos hoje um Nero Que vos queimasse vivos; perversores De senhoras casadas e meninas ! E vermos marechaea e senadores Descerem, sem pudor, a taes miserias ,,. Appellava Catão para as pessôas sérias, Era urgente fundar uma liga sadia Contra os progressos da patifaria. Ora, uma vez, á tarde, Passeando alli, no ex-campo de Sant'Anna, Vê Catão uma aceza e roliça morena . Um piteozinho que Deus guarde, Um d'esses bons bocados côr de havana, Pelos quaes vale a pena Levar pau, ouvir missa e ir para o inferno. Catão sente, a tremer, que o sangue lhe arde, Que, escondida em seu peito, ha uma fera tyranna ,Que despertou, voraz, de um lethargo de inverno E espinoteia, morde, uiva e envenena. Desvia os olhos; mas os olhos voltam A'quelle pudimzinho de laranja. Elia deita-lhe uns olhos que vão longe Entram-lhe a alma e os corceis do amor lhe soltam. -Catão a segue; o amor lhe dezarranja Toda a moral de monge
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