Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.

lma_geqs da v'ida Verão. Luar. Uma longa estrada solitaria vac ter, desnuda de flô1·es, a um castello mediêvo em minas. L{t dentro, Ashavérus, com a alma abru• roada em scismas, na quietude rnystica de evocações remotissimas, tangidas por doloridas nostalgias, caminha, travéz as paragens lumi• nosas das Harmonias eternas, para a transubstanciação do Perfeito e do Sublime. Chegam tres sombras e falam : PRIMEIRA SOMBRA. -Eu sou a Esperança. Venho da Primavera deslumbradora e trago nos labios o sorriso de oiro da Vida. Caminho para os dôces promettimentos do Amanhã e, por onde passo, o chão fica tapetado de flôres radiosas, muna glorificiação triumphal de apo– theoses! SEGüNDA SOMBRA. --Eu sou a Dôr. A. minha hi;;;toria é triste: é a historia da Humanidade. Nasci de uma lagrima; ve– nho de muito longe; a minha jornada tem sido por entre as neves impiedosas das desillusões da Vida. Contemplei Niobc chorando os fi– lhos mortos; assisti, no Golgotha sombrio, o epilogo doloroso do desventurado amor de Magdalena; ouvi, no Capuleto, os tristissimos queixumes e chorei, com Othelo, a morte en– ternecedora de Desdemona.

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