Boletim de Informações, v.2, n.6,n.7,n.8, n.9, n.10, n.14. 1934. 173 p.

BOLETIM DE INFORMAÇõFS 5 ... ............... Estabelecimentos comerciais no Pará que procuram outros rumos G 0 --•- · ~ O Ha dias um dos jornais de Be– lem, noticiou que o deposito Agen– cia da Fabrica Machine Cotton Ltd., nesta capital premida pela falt2 de negocios, conseqi;entes dos impos– tos creados pelo governo paraense, pretendia mudar~e para outro Es– tado, onde certamente a poderosa companhia, teria mais suaves taxas para seus prodütos de seu comér– cio. Cremos não· haver quem ií!;nO– re que essa companhia veio para o Brasil, creou-se e prosperou á som– bra das tarifas alfandegarias brasi– leira, encontrando uma concorren– te: à celebre fabrica da Pedra em Alagôas, nacional, mas que tinha a petulancia de fabricar prodütos iguais ou rn periores aos seus e não faltando dinheiro á adventícia, ad· quiriu, por elevada quantia sua rival e mandou- atirar todo o ma– terial e maquinismos no rio pro– ximo, eliminando assim de vez sua incomoda concorrente. Então pou– sou no galho mais alto e cantou de ~alo no ter reiro deste nosso al:encoado Brasil. Pa.ra se adquirir linha em seu deposito, nesu praça, era preciso urna série de formalidades que pu– nba o pobre mortal pretendente de cabeça vergada : firma registrada, declaração àe capit:il, localidade, creio que era indispensavel, uma petição inicial e o pagamento ... sempre 24 horas da entrega da mercadoria; não esquecendo que para a primeira compra deveria ser de uma quantidade elev:iJa de to· dos os padrões e numeras e mes– mo assim teria que pagar mais caro que• pagavam os grandes ar– mazens de fazendas, de torma que quem precisasse de alguma grosa de linha teria gue se sujeitar ao lucro do intermediaria. A Compa· nhia, estava só no mercado, prote– gida pelas tarifas altandegarias e pouco se lhe importando o ' preço elevado que ia pagando o consu– midor, era·lhe mais comodo ter reduzido D numero de freguezes, porque afina 1, só poderia ser con · sumida no raís os seus prodútos. Assim continuou alguns anos, até ~ue finalmente apareceu no céo mais uma estrel 1 ••• no acaso, uma nova fabrica de linhas no Sul. Primeiro contratempo para o teli– zardo Cotton, como os azares an– dam aos pares, simulta11eamente, surgiu uma segunda, digo uma terceira., . fabrica em S. Paulo. Estabelecida a concorrencia, as duas novas fabricas nomearam seus agen– tes, vendedores nos Estados, ni\o esquecendo, felizmente o Pará ..• está claro, os comerciantes julgados pequenos pela Cottons, para lhes fornecer linha diretamente, muito naturalmente passaram a se forne– cerem das nÓvas fabricas, artigo igual aos da antiga, mas que o povo humilhado pela condição desta pas· sou a dizer - que eram muito me lhor, além de que uma grosa da linha da tvLchine Cotton, não se poderia adquirir nos armazens, por menos de 90, roo e cento e tantos mil réis e as novas fabricas passa– ram a oferecer ao preço de qua– renta e tantos mil réis. O resultado foi a diminuição espantosa para ela, do movimento de seu negocio neste Estado. E agora? Agora coitada, dizem gue se vae mudar por causa dos impostos! ... Ha uns dois ou três anos eram fornecedores exclusivos de kero– zene e gazolina no Pará, urnas tantas poucas Companhias - Ame– ricana, com agenciJ mste Estado. Com a baixa do cambio ou ,em ela, essas Companhias forJrn elevando os preços de seus prodútos: Quero– zene quarenta mil réis. qunrenta .e tantos, cincoenta mil réis e cinco· enta e tantos: Gazolina l.'.incoenta mil réis, sessenta e setenta e tantos mil réis, preço á vista ou a praso, custo que o pobre comprador vivia se esquivando de comerciar com tal prodüto. Alegavam as Compa– nhias como motim para alta : bai– xa do camSio, impostos exag~ra– dos e outras despesas e com dados· muitos claros, rnostra\'am que uma caixa de querozene, fóra o custo na America e mais despesas de frete, seguro, etc., só no porto, incluin. do impostos de importaçãó á Al– randega e outros ao Estado, faria trinta e tantos mil réis de despesa. Uma socieàade de classe neste Es– tado cujos socios comerciavam com - este prodüto creio, que a União ~omercial ou a finada Associação do Comércio Importador tentou urna pequena redução nos preços, propondo uma compra avultada com pagarr.ento á vista e neste sen– tido escreveu a todas as Agencias das referidas Companhias neste Es– tado. As respostas foram unanimes. Com lagrirnas de fogo nos olhos declararam que no momento não podiam fazer redução, pois que os preços por quanto estavam ven– dendo era exata::nent e o custo e que o' fariam tão sómente e □ aten– ção a crise e esperando melhores tempos. Assim continuaram essas Companhias a fornecer os seus pro– dütos, sem possibilidades de baixa. Os preços e condições de venda eram os mesmos em todas as Com– panhias. Podéra, todos são ameri– canos e suas ações pertencem a comuns interessados. A cerca de um ano um grande comerciante de Recife adqui~iu na America "'iima regular partida de querozene e gaso– lina e mandou fornecer nesta praça a quarenta e oito mil réis o quero– zene. As agencias das Companhias desceram dos cincoenta e quatro mil réis para acompanhar o preço de quarenta e oito. Uma segunda remessa do comerciante de Recife oferecida já a quarenta é cinco, fez que as Agencias acompanhassem esse preço, nova remessa a seguir foram sucedendo-se sempre com baixa de preço até que o prodúto chegou atualmente a 2 5$000 por caixa, notando·se que o cambio e imposto são os mesmos dos tem– pos de cincoenta e quatro mil réis. O milagre fez esse concorrente gue atraído pelos fabulosos lucros aufe– ridos pelas Companhias entrou no mercado, estragando-se a igrejinha. E agora?

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