Boletim de Informações, v.2, n.6,n.7,n.8, n.9, n.10, n.14. 1934. 173 p.

BOLETIM DE INFOR.\L\ÇõES , 9 ---~-.,.--.,._......;_-.,.,-~------~·--...,.._~.,,_,-~,._.._....,..,.~-----~---...-,.~ , T l B o Identificação de venenos para peixe E. P. Killip, U. S. National Museum, and A. O.. Smith, New York Botanical. Garden Recentes investigações procedi– das por quimicos e entomologis– tas, membros do Departamento de Agricultura, e outros, mostraram que as raízes de uma planta cha– mada ~cube> contém uma substan– cia de valor, como inseticida. A planta chegou ao conhecimento do Departamento da Agricultura pelas informações trazidas por William J. Dennis, um americano re~idente no Peru, que obteve uma patente para seu uso (U. S. N. r.621.240). As primeiras rai~s para experien– cia vieram de Huancayo, uma ci– dade das altas cordilheiras do Peru; mais tarde, obteve-se segundo lote de raízes provenientes de Iquitos, nas regiõ:!s do alto Amazonas, nor– deste do Peru. Dizia-se que a planta era um arbusto com cerca de 5 pés de altura. Qualquer infor– mação a mais era de utilidade. Numa excursão de exploração botanica que tínhamos feito justa• mente pelo interior do Perü e atra– vés a Amazonia brasileira, a. in– teresse do «Smithsonian lntitu• tiOHl➔ e do «New York Botanical Garden», vimos milhares de pés de «cube» cultivados em plantações e, ocasiona:mente, em estado selva– gtrÜ na densa floresta, plantas que nos pareceram aproximada ou per– feitament= identicas. O nome de «cube» lbe era aplicado n1 região circumvizinhas de Huancayo e para o sul. Mais para o norte, no Perü, a pianta tomava a denominação local de «conapi» ou «pacail>; os nomes <:omun°' mais usados, toda– via, eram «ba.rbasco legitimo» ou simplesmente <b.ubascOJ>, que é o nome geralmente dado aos vene· nos para peixe, na Ameríca hespa– nhola. No Brasil, a palavra «tirn– bó> é a U5ada, em geral, para os venenos para peixe; o barbasco le– gitimo do Peru será, nesse caso, o «timbó ·legitimo». Na Guiana in– glêsa «cube>) e outros venenos para ( Trad. -L. O.). peixe cbamam.-se cchaiari»; na Guia– na francêsa emprega-se. a p.i.lavra «!11C0Ull. Achamos que, embora varias es· pecies de plantas tenham sido usa– das como veneno para peixe, tais como Cracca toxicaria, Cracca ni– tens, e uma ou mais especies de Clibadium e, no Brasil, certas es– pecies de <Lonchocarpus», uma unica planta (Cube) era cultivada mais comumente e, quasi que por toda parte, considerada- como a mais poderosa. Curioso, nunca · descobrimos esta planta com flores ou fruto, circunstancia que provo– ca interessantes suposições. Consi• derando que as raizes são arranca• das no fim do terceiro ou guarto ano e, como raramente vimos in– dividuos com mais de seis ou sete anos, é possível que a planta flo• resça sorneirte com idade avançada. Ou, cultivada ba seculos como ve– neno para peixe, as plantas atuais devem representar um gráo de se– leção no qual o conteúdo das rai– zes tenha chegado a um maximo e a produção de inflorescencia a um minimo. Pelos caracteres vegetati\·os, pa• rece claro ser a planta em questão o «Lonchocarpus nicou» (Aubl.) DC., descrita por Aublet em 1775 como <(Robinia nicou-», de uma planta cultivada na Guiana fran- .cêsa. Pela fórma e tamanho, os fo. liolos correspondem quasi exata– mente com os d~senhados por Au• blét; em ambos os casos, as extre- . midades não caudata·acuminada e as bases variam de subague.las a subcirculares. Muitos de nossos materiais foram entregues ao «Bri– tis!l Museum » (Natural History) para comparação com o tipo espe– cifico de «Lonchocarpus nicoUJ>, e a comparação confirmou nossa identificação. A acentuada densi– dade de pubescencia observada na superf~~ie inferior dos foliolos, em material recente, é igualada no .ori– ginal. Aublet declara, ainda oúis,. que s1..a planta era usada" comove– neno para peixe com o nome de . . «mcou». Pelas nossas observacões no caro- · po e pefos estudos do «Íkrbariuml> 1 material colhido; · a especie pôde ser ·descríta desta ·fórma : ~ONCHOCARPUS NICOU (AUlJLitr) DC: Prodr. i: 261. 1825, l?qbi- 1,ia Nicou Aub1. PI. Guian. Franc. · . rr, pl. 308. 1775. Arbusto ou pequena arvore com 3 metros de altura, haste ·principal de 4 a 8 cms. de diametro, com galhos nascidos proximo ao ápice; o tronco e os galhos tornam-se ascendentes com a idade, o tronco, ás vezes, trepando sobre arbustos _ ou arvores proximas, muitas vezes · até a altura de IO metros; folhas alternadas, irregularmente pinala– das, a base .• do rachis a pecíolo es– pessada, os folíolos opostos (2 a 4,. comumente 3, pares;, oblongos, ocasionalmente lance-oblongos ou oblanceolado-oblongos. I 2 a 2 5 cms. de comprimento, 4 a ro cms. de largura (tamanho médio cerêa dç 17 x 8 cms., atingindo um ma– xi rno de 35 cms. de comprimento e I 7 cms. de iargura); cauda to· acumiado na ponta (pÓnta média 2 crus. de comprimento), subaguda a subcircular na base, inteira, co– riacea ou subcoriacea, pane de cima verde escuro, sublustrosa, e essencialmente glabra, parte de bai– xo mais palida, ás vezes'glauca, em geral densamente coberta com pê– los rétos, compactos, de côr aver– melhada ou pardo dourada, ner– vura pinalada; a nervura. central, ás vezes marcada na parte superior, proeminente na inferior, as nervu, ras laterais 7 a Io de cada .lado, ascendentes, arqueadas para os bor• dos. ' ..

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