Boletim de Informações, v.2, n.6,n.7,n.8, n.9, n.10, n.14. 1934. 173 p.

BOLETIM DE INFORl\lAÇOES 3 _LARANJAS IJO GUAMÁ --- · - Como Ytrdadciros jardins, de– paramos, subindo o r-io Guamá, grupos .de laranjeiras plantadas na terin firn,e, proxirnos das barracas dos mais humildes c,boclos, do mesmo modo que dos predios dos mais - ab.1stados. Esta prcferrncia que os h 1bitantes. da regiao dâo á árvore' da flôr virgiiul, remonta de datas pre-historicas. Desde o tempo colonial que os «Citrm)), na região do Guamá, encontram µreferencia, pela adapt-e– ção mais facil e pelo meio cultural em pregado: -- tab.1eo e mandioca. O guamaense apaixonado pelas «Aurantaceas», gue lhe servem de ornamento predi!ecto, tal qual o caboclo das ilhas do Pará-gue sem um palmo de terra firme para plantar - cultiva as roseiras em p,111eiros por cima de giráos. A 'egernonia tão preg~da entre os nossos hal,itos,- em todo o Es– tado, é erro grave, tendo observado, afinidades especiaes para cada região. "'Além desses casos, a influencia maxirna, de prefrrencra para tal ou qual cultura; lkvernos attribuir, ao Yalor do solo e o clima, achan– do os « Citrus ') esses dois factores prin:ipaes, na região do GLiamf. .A arrnre da laranjeira se desen· volve quasi ~em trato, especial- rn-ente, cultural. _ Os pés nascidos em qualquer canto do terre\ro da casa, são mu• da.lo ,, a di;tancias irregulares, onde crc:scern, a mercê do tempo e ao ·c.1pricho da natureza. Depols de 4 annos, apparecem as beilas fl.ôres, .que não tardam a se-transforma rem cm lardnjas de urn verde-ouro, muitas de mais de 22 centímetros de circumferen– ci.a, de-· pdle fina e de um sabor, gue não fai inveja ::t qualquer la• ranja _da Bahia, Umbigo, Pêra, California, ou de qualquer parte que quizerem. · A laranja do Guamà é deliciosa Desconheço sua origem; deve ser u~ma <(Citrus aurantiulll», capar. de appare;cer na ru:s1 do màis ex:– ~ente. POR Jacob Cohen, Agronomo -lnspector Agrícola do Estado. Sua producção, por arvore, varia de 800 a 2.000 laranjas, havendo muitas ( quando estão no fim da vida ) com mais de 5 ,ooo. As safras são abunnrntes em an nos ai ternados, mas sempre a producção em todo a zona do Guamá, é certa, sendo que é divi· <lida entre o alto e baixo Guamá, havendo nessa alternaÜ\'a por anno, o seu record. Os laranjaes do Guarná não es– capam das molesti,is conhecidas e di vididas em trez grupos: Broca dos troncos; Lagarta aas fo:has e Piolbos veget 1es. E aqui, mais do que em nenhu– ma_parte, essas molestias, fazem tal estrago, que raramente se vê uma arvore com mais de 20 annos de idade ; o commum das mesmas, não pass1 de dez annos. A molestia da broca é conhecida no Guamá, com o nome de «friei· r:1)), de onde me·· parecia ser um pansito ch ryptogaruico. Estudada por .mim .no Museu Commercial, com o auxilio do dr. Paul Le Cointe, \'erificamos ser estrngos das lagartas da familia dos « Lepidopteres)), que devoram a parte viva da casca do tronco, a 40 centímetros da superncie do solo. A parte devorada distingue-se por b1oc1s m madeira e por uma resi– na que em·olve a parte ferida . Logo, no inicio da mo 1 estia, cons– tata-se que a, pontas do, ramos começam a se::car, e, na época da safra, ha uma producção exagerada. Pumo cm Lrulo Durante· o anno de r933, ·o Pará expor– ou 1. 815 kilos ·de íumo em bruto, para os seguintes d~stioo.s : • Cabedello................... . Rio de Janeiro ... .. ........ .. Redfe ...... :.. ............ .. Ceará ..... . .................. . Antonina .................. .. Porto Alegre. ,............. . Hamburgo ......... ......... . . 1.094 360 Hl5 :n 30 30 75 1.815 tora 111 pri11cipaes exportadores . - J. Dias S• Cia., S. Nal10n e Oliveira & Santos. A arvore não morre instantanea• mente; vi diversas atacadas de mais de 4 annos, vegetan:lo tristemente e cheias de epiphitas. A arvore condemr,ada é bem conhecida pelo proprietario, recebe etn substituição um1 nova planta, bavéndo sempre na região, laran– jeiras e laranjas. Bondar aconi:elha, no seu tratado de « Pragas e molestias das CitrusJ>, a _-applicação por meio de uma seringa, injecçõcs de sulfureto de carbono, gazolina ou benzina; fe- · chando. o orificio, com .cêra. E, como me:o preventivo, uma caia– ção nos troncos das arvores, com a ,seguinte mistura: Oleo pesado (Carbo- lineum) ... ............. Cal virgem ... ...... .. ... . ·Agua ...................... . 100 gms. 1.000 gms. 1.()00 gms. A broca da laranjeira é tão fre• quente no Guamit, que, mesmo as an·ores enxertadas com a cclaranja da terra» ( «Citrus communis Ris· so»), não escapam. Penso, que o màior factor ao ·desenvolvimento da praga, é a falta da alimentáção. das arvores mortas pela broca, e a systhematisação do meio preventivo citado acima. . Além dessa praga, -ha tamben,1 o « Bicho da laranja» (Trotrix citra– na-Tern) que derruba os fructbs ainda verdes. Felizmente não se general isa e apparece . em certos annos e que os caboclos guamaen• ses attribuem ao effeito do eclipse. Existem no Guamá algumas plantações bem tratadas, cujo re~ sultado comm~rcial é animador. Bem aproveitadas e exportadas, as ·1aranj2s do Guamá representariam em mil réis o yalor de mais de_ 400 contos. · · . Estou certo, que, uma plantação systhematica de uns 10 hectares dé laranjaes, poderia produzir a inde• pendencia do lavrador; problema este resolvido em uma si1_11ples vi~ita ao rio Guamá.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0