Boletim Agro - Cooperativo. 1954
r- BOLETIM AGR 0-COO PERA T1v·o óRGAO DO DEPARTAMENTO DE COOPERATIVISMO E DE ASSISTÊNCIA SOCIA;L RURAL ANO VIII N. 0 17 BELÉM - PARA - BRASIL • 1. : 1 _ JUNHO DE 1954 DEZEMBRO COI.,07\._tQS ~UE AMEM O SOLO E AS ARVORES A imprensa vem noticiando, tanto a do sul do país, como a de Belém, o embarque de ponderáveis quant idades de imigrantes nipônicos para o Brasil, salientando-se o Pará e o Amazonas, para serem distribuídos por diversos núcleos coloniais dêstes dois Estados. Em relação ao ''hinterland" paraense, os jornais também divulg:.aram uma entrevis– ta do dr. Benedito Caeté Ferreira, Secretário Esta.dual de Produção, com um cida'dão yankee, em que foi objetivada a .vinda de .agricultores e criadores norte-americanos, par.a se localiza– rem em várias zonas dêste Estado. Do ponto de vista de uma colonização agro-extra:tiva-pastoril, a continuidad.e dos grupos _;aponezes em terras do vale amazônico tem sido prod'utiva, apesar do colápso que os trabalhos dos nipões sofreram na Amazônia, com as in:unções da guerra, em que o Brasil teve de se impor como adversário do Japão. iÉ sabido que os filhos do sol nascente são ótimos avicultores, horticultores, pomiculto– res e extrativistas, que aproveitam tôdas as reservas do solo e procuram os experimentos de culturas de rendimentos econônricos, como sucedeu com a juta, a introdução e expansão da pimenta do reino e 'dia lavoura risícola, em terras da planície. Por êsse lado, observe-se que os orientais sã-o ú,teis aos nossos trabalhos agrícolas re– gionais, pois que, pouco se utilizam 'do proces30 de grandes queimadas, não devastam as matas, nem formam áreas inúteis, de dispen 1iosa recuperação reprodutiva, servindo-se normalmente, não só das terras de várzeas, como daquelas empobrecidas pelas erosões, restituindo-lhes a fertilidade, com o emprego de adubc,s químicos e arroteamentos apro– priad·os. Ao contrário dêsses hábeis profissionais do solo, que só não se recomendam como criado– res pastoris, pois não aplicam, mesmo na sua famosa horticultura, o estéreo animal, isto devido à tradicional frugralidade de sua alimentação cerealífera, os norte-americanos re– comendam-se como vaqueiros e campesinos, cuidando da agricultura racionalizada, da fru– ticultura padronizada, da criação animal metódica, quer para consumo alimentar, quer para os serviços rurais, não obstante a introdu~ão, em suas atividades ruricolas, da mecani– zação em alta escala. A economia predatória amazônica, com base no extrativismo agrícola, trabalhada pe– los fluxos migratórios nordestinos, que os êxodos periódi~os das sêcas têm canalizado para os nossos centros de incipientes niúcleos coloniais, devido os clássicos métodos dos "faze– dores de deserto", estamos a ver, que precisa ser entrozada em rumos mais proveitosos, com famílias de agricultores e criadores de outras nacionalidades, educados em princípfos de ele– vada economia política. Sacrificada no seu revestimento floristico, calcinada pelo fôgo, desvalorizada com a ex– ploração 'do combustível vegetal, com o intenso cultivo de malvas para fibras, em locais de– .saconselháveis para fa'lJê-lo, a redenção econômica da Amazônia estaria, fundamental– mente, na densidade de uma demografia colonizadora disciplinada, de homens de diferen– tes hemisférios, que amem o solo e as árvores, como elementos vitais de econômia e do bem estar comuns.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0