Boletim Agro - Cooperativo. 1954

-12- BOLETIM AGRO-COOPERATIVO - A Imigração Nipônica Para o Estado do Pará Recordando Hachiro Fukuara, o primeiro colonizador de Tomé-Açú, no Acará Decorreram precisamente vinte oito anos da chegada ao Pará, pela primeira vêz, do cida– dão nipônico Haclliro Fukuara, a quem tivemos a satisfação de conhecer, privando da sua in– timidade ao lado de Mario Guimarães e Co1'de Koma, conhecendo dos seus grandes propósi– tos ,em prol do progresso da Amazônia. Hoje, quando tão nobre amigo desapareceu do cenário da vida, sentimo-nos satisfeitos em poder afirmar não ter sido improdutiva a &a, extraordinária iniciativa, por isso que nas rer.:. ras que lhe foram concedidas, para orgulho do Pará, já se está processando com abun– dância o piantio da pimenta· do reino. Diante dessa realidade, onde estaríamos nós se a pri– meira grande guerra a tudo não tivesse pa– ralizado? Pois bem, como homenagem póstuma a Ha– chiro Fukuara, vamos relembrar a sua vinda às nossas plagas, aproveitando a chegada, ao Guajará, recentemente, do vapor "América Marú", reinaugurando o intercâmbio da Osa– ka Shosen Kaisha, com a Amazônia, e trazen - do um pequeno gt-upo de imigrantes nipôni– cos. Como chefe de importante comissão cientifi- · ca, o dr. Hachiro Fukuara chegou ao Pará, pe– la primeira vez, em maio de H.l26. Essa comis– são trazia o propósito de conhecer nossas pos– sibilidades no tocante ao estabelecimento na Amazônia, da imigração japonesa. Depois d<: metfculoso exame, regressou Hachiro, prome-, tendo v0ltar o mais breve possível, pois obti– vera do ,governo do saudoso dr. Dionísio Ben– tes uma concessão de terras no Acará e Capim, para cultivo de algodão, arroz, etc. De fato, cumprindo sua palavra, a 8 de ou– tubro de 1928, viajando do Japão via Nova Iorque, pelo vapor inglês "Aidan", da Booth, volvia o dr. Fukuara ao Pará, trazendo-nos a certeza .da vinda da imigração nipônica para as nossas terras. Para tornar realidade essa aspiração, Fukua - ra, que então gozava da confiança dos ban– queiros e financistas do Japão, fundou ali, a 11 de agosto de 1928, a Companhia de Planta– ção Sul-Americana, com o capital de quaren•• Por José Santos ta mil cruzeiros, sendo, então, como um dos seus acionistas eleito presidente, fato esse que muito o sensibilizou, por demonstrar tal gesto a confiança que nele depositavam. Foi ~ssa a Companhia que, sob o título de Companhia. Nipônica Industrial do Pará, aqui operou até fins -de 1941. Com Hachiro t"'ukuara vieram do Japão os srs. Takaji Arai, competente engenheiro agro– nômo, formado pela Universidade de Agricul– tura de Tókio, e que logo depois de· obter o título seguiu para as regiões tropicais da Asia, onde permaneceu pelo espaço de quinze anos, fazendo meticuloso estudo em torno da borra– cha, cacau, tabaco, açúcar, etc.; Takaki Go– tanda que, desempenhando as funções de se– cretário, não era a primeira vez que vinha ao Brasil, pois já tinha estado em Ribeirão Pre– to, São Paulo, pelo espaço de três anos, como consul do seu país, e finalmente, o sr. Kiuzo Tomada, também secretário. Este último, com o curso especial da língua portuguesa pelo Colégio de Línguas Estrangeiras de Tókio. OS PRIMEIROS IMIGRANTES Os primeihos imigrantes partiram do Japão pelo vapor "La Plata Marú", em abril de 1928. E' interessante relembrar: - Ao referir-se com entusiasmo à sua idéia de· colonização nipônica no Pará, assim se expressava o sau– doso dr. Hachiro Fukuara: "Ao compreender a obra colonial, primeiro tomei muito cuida– do, no ponto de higiene pública. Se os colo• nos fossem atacados . pela malaria ou doença do anchylostomo duodenal, rnüuralmente fe– neceriam as atividades deles, no dizer do então presidente do Brasil, dr. Washington Luiz. As– sim, não teriamas uma grande colonia firme. Por esta' razão, nossa Companhia contratou " dr. F. Matuoka, para os serviços sanitários. Este cientista tem bastante experiência ad– quirida, na zona torrida do Oriente, e por is– so, tomará cuidado contra qualquer epidemia entre os imigrantes. Para desenvolver nossa obra, a estabilidade da vida dos colonos, que entram nas fazendas, é de real necessidade

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