Boletim Agro - Cooperativo. 1950
. . -6- BOLETIM AGRO-COOPERATIVO A PECUÁRDA N·O PARA' CYRUS PELICANd O Brasil, e especialmente o Pará, é uma terra essencialmente agrícola, por isso, que não possui jazidas de combustível para ser uma região industrial. Sendo assim, e ainda mesmo que tivesse grandes reservas de petróleo, o objetivo dos seus ·governos, deveria ser aparelhar a região para que esta fôsse o mais possível, populosa, pois que, os grandes aglomerados humanos, em países ricos em matérias primas, tornam mais fácil a riqueza. E qual seria a maneira de povoar com efi– ciência os nossos vastos hinterlands ? Naturalmente que disseminando as fontes de alimentação e fartura. · Porque é curioso observar : - as regiões muito populosas como a India - o são, porque possuem recursos alimentares em abundância. Quais são os países que têm mais animais fero– zes ? Naturalmente, aqueles que possuem gran– des quantidades de caça ou animais pequenos, que suprem d~ alimentos essas féras. Quando se notar uma onça percorrendo certas zonas florestais já se fica sabendo que essa zona é rica em caça. Seguindo êste raciocínio verificamos que se quisermos ver a nossa terra povoada por muitos habitantes, devemos multiplicar os meios de alimentação, não só agrícola, como :pecuária. A zona bragantina diz-se, que não presta 1)ara a criação do gado bovino, porque não tem campos. Entretanto, a formação de roçados, uns atraz dos outros, tem infelizmente produzido as charnecas improdutivas, ou aquilo que nós chamamos mais regionalisticamente, de "ca– poeiras". São elas o resultado da derrubada da mata, e também, da ausência do refloresta– mento. Os livros de economia rural e agrícola, dis:,eminados pelo país e por tôdas as escolas de Agronomia, recomendam o reflorestamento como um meio de evitar as capoeiras estéreis e chamar as chuvas. Mas a agricultura cien– tífica no Pará, só vive nas secretarias e repar– tições burocráticas. Os diretores de departa– mentos agrícolas do govêrno sabem disso; os govêrnos locais também estão ao par desta necessidade imprescindível à vida de uma re– gião rural. Mas nada executam, pcrque satisfazem-se com a mensã0 destas medidas, apenas nos rela– tórios.' A nossa pátria é o país dos relatórios. Possuímos agrônomos em profusão; dispomos de repartições· federais que só cuidam de agri– cultura. Porque não se transformar, pelo plan– tio de forragens, as zonas à margem da Estra– da de Ferro de Bragança, a região mais popu– losa do Estado, - ,em campos pastorís ? E com uma vantagem : é que os bebedouros aí são a·bundantes. As terras marginais da no•ssa Es– trada de Ferro são_ féiiteis em cursos dágua, oomiràvelmente distri~uidos. Se a lavoura . dêsse trecho do Estado é a melhor que possui– mos, se a populaçã~ que o habita é a mais ope– rosa, porque não aproveitar essas circunstân– cias para povoá-lo de rebanhos, de fazendas, tirando partido da salubridade da terra, para aumentar-lhe os recursos econômicos? Há poucos dias os jornais publicaram que os habitantes de -Óbidos fiz;eram um abaixo·– assinado ao Govêrno Federal, pedindo a desin– corporação daquele município, do Pará, para que êle passasse a consiituir um T-erritório F_e– deral. A zona que mais necessita dessa medida é a Ilha de M-arajó. Marajó devia constituir um novo Territóri,o,_ Vou dizer porque. Marajó como diss·e Eucli– des referindo-se à 'Amazônia, é uma terra · ainda ,em formação. Daí a braveza, a imaturi– dade da sua gleba, -a qual, é dificilmente afei– çoada à civilização. E' zona d-e grandes inun.:. dações, oomo também de estiagens excessivas. Por isso : porque as suas águas são pessima– mente distribuidas. No inverno morrem crias afogadas ou co– midas pelos jacarés; no verão inúmeras rêzes morrem de sêde. Os rios de Marajó precisam de trabalhos ,de ,engenharia. Os seus pântanos necessitam drenagem; -os seus jacarés utilizados por uma indústria de carnes, de couros e de óleos, devem ir desaparecendo, porque não r-esta dúvida, que são nocivos à criação do gado. O Govêrno Federal tomando c·onta de Ma– raj ó fará da ilha uma grande fazenda de expe– rimentação, para proliferação das rêzes, por métodos, os mais modernos e científicos. Para êste fim, o govrêno, criaria a menta– lidade do técnico em criação do gado e em xarqu~adas..No sul talvez -exista -essa fauna de ,especialistas. Nós aqui não a temos. A Argen– ,tina os possue em grande ,escala. O criador argentino tem operado maravilhas na seleçào,, na engorda e na propagação das manadas. O pasto lá é incomparável, realmente. Mas dizem entendidos, que as condições mesológicas de :Marajó não lhe são inferiores. Marajá seria a grande fazenda nacional; e a grande reserva pecuária da regiã,o e.o norte. Pecuária abundante e numerosa, significa riqueza. Um trabalho lento, mas obstinado dos po– deres públicos nêste desideratum, não sei por– que, não aumentaria as possibilidades econô– micas do ..Estado. Traria primeiro que tudo,, a vida barata, e como consequência, uma indústria eficiente, pelo menor custo da mão de obra. A pecuária entre nós, não resta dúvida que- é o maior dos problemas ... Uma pecuária rica, significa um abasteci– mento _de víveres farto, e de primeira qualida– de. Certas regiões d-o, mundo são pouco popu- ....
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