Boletim Agro - Cooperativo. 1950
-34- BOLETIM AGRO-COOPERATIVO # CURSO Ri\PIDO -DE COOPERilT·l1JISMO M. Gomes Barlosa Muitos associados de cooperativas la– boram em errn quando sugerem que sua cooperativa deve -.render pelo preço de, custo, e não pelo preço corrente no mer– cado. Alguns administradores também erram quando deixam de acompanhar o preço do mercado para adotar, co– mo regra, uma margem de lucro fixa em todos os artigos. Qualquer comer– ciante sabe que isso é impraticável. Há artigos que comportam margem de lucro maior do que outros. A.E vendas pelo preço de custo, trazem os seguintes inconvenientes : 1. 0 - Suscita a guerra de preços e ar– -::"asta a cooperativa a uma luta esteril e temerosa à sua ~estabilidade. 2.º -Atrai os consumidores, apenas, pelo interêsse imediato, não passando, por isso, d..., clientes transitórios. 3. 0 - Complica ? gestão dos adminis– tradores com a dificuldade de calcular, antecipadamente, as despesas de admi-– nistração, as quebras de peso e as dete– rioracões. 4_ô _ Paralisa o desenvolvimento eco– nômico da cooperativa e compromete a sua existência. 5.º -Anula um dos sabias princípios cooperativos. O princípio da devolução do lucro na proporção das compras de cada um, pois, não havendo lucro, não haverá reservas nem retorno. A coope– rativa permanecerá na situação do ho– mem que gasta tudo quanto ganha. Se a cooperativa, porém, vender pelo preço corrente na sua área de ação, terá as seguintes vantagens : a) Os associados, sem sentirem, acu– mulam, na cooperativa, pequenas quan– tias que lhe serão devolvidas, no fim de cada ·exercício, como recompensa à sua fidelidade. b) As vendas a preços correntes no mercado permitem a cooperativa realizar excedentes e destinar uma parte destes . para a constituição de reservas que a abriguem de ·qualquer situação adversa. c) Obriga o associado a apreciar fa– cilmente as vantagens econômicas de sua cooperativa. É sabido que muitos asso- ciados, só compreendem o lucro que de– ram ao comerciante privado, na ocasião que ifecebem o retorno de sua cooperati– va. Contraditando os que erroneamente afirmar,1 que as vendas, a preços de custo, dão o retorno imediatamente, Ernest Poisson adverte : "O retorno entregue de uma só vez, isto é, no fim de cada exer– cício, prende o associado _ à cooperativa. Ao passo que, se o retorno for fragmenta– dq sobre os preços, não passará de poei– ra". E pergunta a si mesmo: "Sob o ponto de vista comercial, não é a aplica– ção desta regra, a principal causa do êxi– to rápido e crescente do cooperativismo no mundo inteiro ?" • A pergunta é irrespondível. O Serviço de Extensão de Educação Popular, da Universidade Laval, ensina– nos: · Vender, estritamente a preço de custo, é, na realidade, expôr a vida da sociedade. Este método de ação, além de muitos inconvenientes, impossibilita a cooperativa de constituir reservas. Ex– põe a empresa aos perigos de uma crise, de um ano ruim. Expõe a cooperativa aos inconvenientes das compras mal-fei– tas, sempre possíveis, uma vez que errar é humano. As vendas a preços corren– tes sào baseadas numa longa experiência. A história dos movimentos cooperativos, do mundo inteiro, é ·instrutiva a esse respeito. Ela prova que as sociedades que desapareceram ràpidamente, peca– ram frequentemente na prática da polí– tica de "preços baixos". E ainda: Os "preços baixos" sistemáticos são frequen– temente contrários aos interêsses dos produtores assalariados. O movimento cooperativo de consumo prefere praticar a política do "justo preço". Retorno dos excedentes, na proporção das compras de cada um, vem, de manei– ra feliz, completar a acertada prática das vendas a preços correntes na área de ação da cooperativa. Os que pensam, ·de modo diferente, revelam pouca ou nenhuma experiê;ncia do assun~o. (Esta palestra foi irradiada pela Rádio Nacional l
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0