Boletim Agro - Cooperativo. 1950
- 18 - BOLETIM AGRO-COOPERATIVO A propósito dos projetos ultimamente entre nós organizados sôbre reforma agrá– ria, ainda não esquecemos certo conceito emitido há anC3 em um discurso infla– mado, pelo qual essa reforma consistia n a importação de máquinas grícolas, in– clusive cultivadores e outros instrumen– t os de simplicidade mainr. Cabe frisar em seguida, que a reforma agrária de que carece o país , estará no aproveitament o melhor das terras, sobretudo das que se encontram perto dos grandes centros consumidor es e quase nada produzem. Será um novo r egime de divisão da pro– p riedade rural em eliminação gradual dos lat ifundios improdutivos por meio de crédit o de aquisição, crédito de explora– ção e ~rédito de construção para os co- 1.0nos e pequ enos proprietários em geral. F.:á de ser uma or ientação econômica se– gura na produção das diferentes safras de nossos produtos da terra , de acor do com a r egião e todos os mais fatores. Re– sidirá num processo simultâneo de edu– cação agrícola, pastoríl, florestal, etc., incidindo sôbre todos seus ramos de ati– vidades, inclusive os meios diversos de tornar atraente e de embelezar a vida dos campos. Compre~n derá, além das gran– des compras de maquinaria no exterior, a associação multiplicada dos agriculto– r es em cooperativas de produção, de con– sumo e de co'mpra e vendas, e até deva– riadas indústrias agrícolas - muito mais do que agora. Repousará fundamental– mente nas vias de comunicação aumen– tadas e na solução de todas as dificulda– des de transportes que abrange estradas, caminhões, veículos, combustíveis, e lubri– ficantes. Exige a solução do problema de armazens silos e frigoríficos. :pede que haja um bom mercado interno que exis– tirá com a elevação do nível de vida e melhor poder aquisitivo do povo. Refor– ma agrária será, ainda, combate genera– lizado à erosão prática, real, do reflores– tamento e exploração racional das matas, será o estabelecimento das fábricas e em– prego inteligente de adubos, o uso da água na irrigação, a' cultura intensi; a, a mecanização da lavoura sem o caráter exclusivista da mot ocultura inacessível e até desconhecida para grande parte dos lavradores. Será a renovação que depen– de de t rabalho metódico, seguro, dos po– deres e órgãos compet entes, no sentido de criar e fomen t ar a produção econômica sem os arroubos da propaganda mal orientada, que chegou até a dar adeus, ao cano de bois como veículo já desapareci';– do na onda do progresso rur al que, na realidade, ain da não está assim. . . A respeito da reforma agrária, há no con– gresso .nacional dois projetos, dos quais o primeiro de iniciativa do próprio poder legislativo, pela mão do deputado Sa– muel Duarte, e o segundo de iniciativa do governo, originário do Ministério da Agriculturaí n a recente gestão do então ministro da Agricultura dr. Daniel de Carvalho. E mais para tràz encontra-se a excelen t e contribuição representada pelo ante-projeto do Código Rural, elabo- ' rado em 1942, por uma comissão sob a presidência do dr. Luciano Pereira da Silva, Consultor Jurídico do Ministério da Agricultura. O Congresso Nacional tem, portanto, três contribuições da mais alta valia para servir de base a um projeto ca– paz de atender às necessidades rurais brasileiras, nãà esquecidos e o conheci– mento e a capacidade dos doutos e dos ruralistas que honram a Câmara e o S~– 'nado da República. Resta, pois, por mão à obra que será uma daquelas de maior profundidade quanto à influência que pocie desempenhar no desenvolvimento e na vida do Brasil agrícola e pastoril. (Correio da Manhã-Rio) Não pense em fundar Cooperativa, antes de estudar as condições de vida, onde ela irá operar.
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