Boletim Agro - Cooperativo. 1950
-14- BOLETIM AGRO-COOPERATIVO Cooperação e Dizem que somos um país agrícQla. Mas até quando o seremos, se não modernizarmos a agricultura? Repete-se que rareiam. os bra– ços nos campo~. Como reconduzi-los à terra, ou substituí-los eficientemente, sem facilitar e metodizar o seu trabalho? A vida no Brasil é mais cara do que em outro qualquer país do mundo. Não combateremos a carestia sem au- zeiros, chegando os empréstimos a 3.700 mil cruzeiros. OUTROS SERVIÇOS Focalizando outros problemas, o sr. Ferraz de Almeida prossegue analisando os serviços médicos, de engenharia, transportes, serviços de incubação e os trabalhos da Fazenda Expe– rimental de Moinho Velho, assim como a parte de ensino, inclusive para os filhos dos associa– dos. Deteve-se no problema da mecanização da lavoura, mencionando que nos Estados têm 2 milhões de tratores, para uma área cultivada de 176.478.000 hectares, e que aquí no nosso país, temos 24.960.000 hectares de área cultiva– da e apenas com 12.000 tratores, lembrando então, que se deve cogitar do problema da me~ canização, restando-nos utilizar as facilidades ao nosso alcance. Encerrando o seu relatório, o sr. Manoel Carlos Ferraz de Almeida, incontestável Iider cooperativista e das classes rurais, disse ainda : "Devemos refletir que a democracia identi– fica-se com o ideal do brasileiro mas que a igualdade de oportunidade efetivamente deve ser defendida em benefício de todos. Ao lado do direito de enriquecer não deve existir a liber– dade de passar fome, para o que, em corres– pondência com a democracia política, devemos cuidar de criar uma verdadeira democracia ' econômica. Mais uma vez peço vênia para rei– terar a necessidade de preservarmos o espírito de nossa organização. Êsse espírito nasceu dos pioneiros do Moinho Velho e deverá, através do tempo, nortear a administração dos negó– cios sociais hoje entregues às nossas mãos. Em nenhuma circunstância será lícito esquecermos .os exemplos desses admiráveis lavradores. . ' MODELO DE TRABALHO Sintetizados os trabalhos da Cooperativa'. Agrícola de Cotia, em 1949-1950, queremos as– sinalar ainda a valiosa opinião de uma auto– ridade sôbre o assunto. Trata-se do sr. Emil Lusti:g, diretor da Federação das Cooperativas Suecas, que visitando esta organização, afir– mou: "Considero a Cooperativa Agrícola de Cotia como um modelo de trabalho _solidário, tendo observado estar nela implantada uma verda– deira democracia econômica; é um monumento de imenso trabalho e pode servir como modelo· às cooperativas de todo o mundo". · Municipali~mo mentar a produção, obviando-lhe os enc,argos. E' extrema a deficiência alimentar, mesmo da alimentação trivial, do nosso povo, mas não poderemos alimentá-lo bem sem uma base agrícola que assegure a abundância dos gêne– ros, ao alcance das classes mai., mo:destas. A resposta a tôdas estas questões estará no município - quando lhe dermos a sua função social e econômica e não virmos nêle apenas meros enviados de pocter-es centrais para reco– lherem fundos DU cobrarem votos. Não é nos ~ grandes acumuladores de funcionalismo que se produzem as realidades de que carecemos. E' na terra. . Mas que vale a terra, sem a presença e a cooperação do homem, e não só a sua coope– ração com a terra, mas com os outros homens, movidos pelo sentimento telúrico e pela cons– ciência das necessidades comuns? Os franoeses estão alcançando grande êxi– to com organizações que, traduzidas para o idioma, significam cooperativas para uso de material agrícola. Seus fins estão expressos na própria designificação. Se entre nós se aten– desse à vida municipal, encarando-se o munid– pio como célula a vitalizar e não como ven– tosa para exaurir substância econômica em contribuição para os institutos, uma coisa a fazer seria atribuir-lhe função cooperativa nes– ses moldes. A cooperativa para uso de material agríco– la é simplesmente uma sociedade privada en– tre pro.prietár.ios vizinhos; duas a três dezenas dêles. Cada um sozinho não poderia pensar na modernização e mecanização de suas culturas'. Reunidos, constituem uma fôrça econômica, e aqueles objetivos se tornam fáceis.- Quando as quotas individuais não são suficientes para a aquisição da maquinaria desejada, o volume dos numerários é completado por empréstimos a baixo juro facilitados pelas caixas de crédito agrícola. São precisos poucos homens, tecnicamente habilitad-os, para .movimentar e empregar o material, que fica; assim, sempre a cargo dos mesmos assalariad,os responsáveis. Os proprie– tários requisitam as máquinas com a devida antecedência, mediante escalas definidas, e pagam a tanto por hora os serviços de que ca– reoem. A taxa de pagamento é baixa, mas, se daí resulta algum lucro para a cooperativa, êste é, e-orno em qualquer sociedade, proporcio– nalmente distribuído. XXX O progresso operado desenvolve o sentido da união entre os proprietários. E as referidas cooperativas, pago o material e assegurada a sua substituição, c-orp. lucros coletivos e indivi– duai.s, acabam formando e calçando os cami– nhos por onde cruzii,m suas máquinas. (Correio do Manhã)- Rio
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