A Tribuna, v.3, n.58, janeiro de 1928. 40 p.

O, :en ~a.no : ·Mal· o bonde da linha Circular passava no la1:go de Na_zareth,_já 9 elegante Dan– dy se atirava noutro que .seguiu para o lar,go da Pol- vora. · A pressa era grande. • Gtaf\de era a afobacão de vêr a éreáiura arnad;. Grande era o amor na• qu'elle ' mor11enio. · O: elrctrico. disparou. Nos primeiros momentos não scismou de nada. Mas, depois. Olhou para traz : não ha– via cobrador, ' o bonde era reservado. . , E pará nãõ'perder a linha, Elle dissé · que ó carro o es– tava << esperando especial– mente·i>. Bom no tiro! Resta saber ·se acreditaram. Talvez. * * * E' isso mesª1o Festa· do Si1ort.. Selecção. Elcgancia . En– cantos. Os pares - animados. Os « foxs » magnifi~0s. . Graça. Sorrisos. Promes– sas. E nganos. , -Sabe você que rn . es• tau amando uma creatur:i divina ~ . - Não, Senhor.. . quem é ?, .. póde-me dizer? -Se assim deseja ... -Ora .. . - Então . .. não co111pre- he:1de que o 111e1r · coração; ·· quando eu danço com você, _ parece que quer saltar do · .nicho onde vive, corno uma ave que nu:1ca chilreiou .a ll!elodia caHJa do amor, em ma nhãs de primavera !?... Corno elks enganam. Como elles mentem. Como elles sabem ser artistas. Acontece; :is veses, que, quem qúer enganar, no fim de contas, sae enganado, redondamente enganado ... * * * Um leilão N a terrasse do nosso prin– é pal hotel o « leilão» de raridades estava animado. ~ Servia de li gente da « quei • ';~ iaçfo n o joven e sympa– thico ocademico de agrono• k1RlBUN A' mia, aqu.elle:mesmo que, es~ , tando a estudar a-· séieúciá ,' de plantar batatas, já está qua · - para ir plantai-as por irn-:. \ posição superior... - Bem ... qúem dá m:iis ...,, quem dá mais.. . 1 o _ obj'ecío ' vale um milhão !.. , é raro, é rarissimo !... Não ha .ou– tro igual na . t·:rra .... ~ foi feito especialmente para sçr. vendido aqu-i ·J·! ! . Façam ' preço?!." · · - Oh! .. . «leiloeiro ;,,qual, é o objecto ? ! mostra ... que - Amezendados, ali,' no « Chie», teciam commen– tarios sobre as varias moda– lidades da existencia. Não é preciso dizer que entre homens de pensamen– to ,a'. palestra versava mais· sobre· o amor, e sobre as niulheres. E assim trocavam im– pressões. . Foi quando, num mo – q1ento, virando-se de chófre, elle perguntou : · . -Bem ... muito bem ... ELEGANC\A • ~r L 1 Será crivei? t rnão, compa-nheiró; , "'"'"', como vae voc9. de · amor? Bem? . Sempre fir- . me? Sempre ·na linha? O outro não respondeu.) Tirou dó bolso um cigar- . ro e accendeu. . . E ticou assim a -scisrüar so– bre o que não . sabemos. O curioso conünuou : . -Então, vócê-está' triste? Já terminou aquella divina' amistosidade ·que emociona- · va? O que foi? Brigaram?' . -Não 1••.. nada disso cousa níu_ito pcior ... -O que foi então _? ...:...A «velha» não « quiz que nos -amassemos ... S,irá crivel?! ..., . * * * Nem nada J A i: Ut:la regular_ tortura;; a ·do /uturoso doutor em agricultura, que, todos os dias, antes das 11 horas da manhã, . se posta em frente ao «Cm•· reio n para esperar que ella venha ... Espera e espera. Quando chega-.um an 1 igo, , ainda tem com quen'i con– ·versar. Fora ·isso, fica em p<.! como ~entiriella · avançada·· do amor. E' admiravel: Disfarça e passa. O diabo é que, as vezes, · depois de tanto esperar, ame– nina surge acompanhaofa do irmão. :-:-· ·• E' ·de' n1~tter _raiva, fran-· camente. Um lindo chapéo de feltro beize, flexivel, com cinta marron remos vêr... seuào, nada 'feito... Elle relanceiou os olhos pelas cadri ras, tregeitou 11:1 banca, sorriu e: - -Está aqui ! !. . Todos sumiram-se, inclu– siYe um padre maluco que passava para um· enterro. * * * Trocar? ~ banca era de inteliectu– n aes. Conhec idos e talentosos intellectuaes. digam-me agora : perderei ou ganharei se trocar uma « geisha n do Japão por uma princeza do Rheno? Olharam-se. Espanto. Um minuto indecifrave!. Depois, uma voz mais amiga aconselhou: . -Não seJJs tôlo, ella te ama ... não deixes nunca a tua Japonezinha !. .. · Econtinuaram a conversar. Mas elle nem se incom– modd, .. • • Esse rapaz Q \1igudito, agorá, a·nda, · como bom cavalleiro, c,walgando por outras· pla– gas. .. Cansou de · pldtonismo. Enfaroti-se. Adquiriu tedio. Nasceu, então, o desejo de novas paysagens. · E, sem perda de tempo, montou no cavallo arabe da leviai1dade e partiu . ?àrtiu para a viagem ra– pida de outro a1n'or. . .. deixanc(o um coração .·, a se esphacellar de saudades/ ·' · angelicall!len(e ... Esse rapaz !. .. •

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