A Tribuna, v.3, n.58, janeiro de 1928. 40 p.

Romance.da paixão O dia não raiara lá muito bom para rn~demoisel– k. A familia. que até então tudo ignorava, estava ~gora ao par daquelle amor. O \'ell)o, grave, franzindo o sobr'olho, pôse de inarque7. censurando a senhora mar– qu1::za, foi ao app<1rtamento da filha e falou : - A senhora parece que me quer obrigar a uma des– cortelia para consigo ... - Como assim; ·senhor meu pae? - A continuar namoran • do aquelle bigorrilhas, man– do-a para o sul e será inter– nad,, -nuni collegio ue frei- -ras ... - Meu p:ie, piedade r. Eu niio quero sahir daqui qara niio morrer ! . - Proi11ette então "fazer o que eu determinar.? - Prornetto. · O velho foi ao g,,binete. trouxe penna. tinta, enve– loppe e papel.. E, em tom imperativo : · - Escrev:i o qui: eu vou ditar. ·_EHa apanhou tremui a - m ente a penna eescreveu :· « Meu ainigo: }'Or um· dever de conscienc1a, per– mitta que eu faç,1 a exposi - -ão de uma profunda ver– c.lade: :i de n!io ser passivei conti– nuarm, s com este affeéto. ,\s razões você ha de distin– guir facilmente : eu, nova e rica , não poderia dar espe· A TR J B UNA .....--~--...... ( D.e PETRON/0 OCTAV/0 J ranças a uma affectividade que meu pae não quer. Evitaremos, desta forma. um desgosto a mais para si e um tormento maior para mim.• O pae dobrou a missiva, fechou-a e remett<:u · a seu destinat;,rio. Este, quando :1 leu, te,·e um sorrisJ de dor e de loucura. Como extin– guir, àep:::.is de tão bem en– raizada, aquella viok11tissi– ma paixão? Por momentos -acariciou a coronha de um rc\'olver e a bmina de um punhal. Passaram-lhe pela mente mil projectos de liquidar a vida. \'agando, entrou nu– ma tasca. polluindp-se com o mal fadado I iqiiido, e pela nudrnga,Lt, quando accor– dou , tinham-lhe furtado o relogio e a corrente de ouro da qual pendia um medalhão com o retrato della ... ,Anceios, . " . ueliclas, sensações Um grande «devoto» --... MAS meu amig~. tanto faz o se- nhor levar uma medalha de <;ama Therezinha ou de S. Braz, o effeito é o mesmo. A fé _ não será, para ~mbos, (2"xact:1111entc igual? lsto ,era na joa[heria. O funccionario do tlsta bekci– mento, assim falando, pon- derava ao religioso cliente a igualdade. de crenças. - }las o senhor enti"lo nüo te1;1 a dfigie de S,. Br:12 ... - Infelizmente 1ião. Em todas as casas especia– listas a resoosta era identica. Que fazer? Não havia omro remedia seniio emprestar o S, Braz da irmã. E assim fez. Esta., boquia– berta, ironi;oou: Oh.' nunca te vi tão religioso quanfo hoje... - Qqe quen:s? O amor · tem o direito"de exigir tudo. Lu. por exemplo. estou amando e sou amado .. Elia, o meu idolo, é catbol'ca. , Perguntou-nw qual era a l11i11ha religião. Disse-! h e que era a -do amor. Per– guntou ainda se eu tinha Íé. Hespondi pela affirrnati– va. Então exigiu que eu usasse uma effigie de S. Braz, o S-eu devoto. Logo, ·n:io ha outro geito senão rfq11isitar o teu .... • * • Com effeito H a hl'mcns francamcn- . · · .te desmiolados. En- . tendem que todo o mundo acreita no que elles dizem, . 1io qqe elles Yêrn, no que elles fazem. Orn, por causa disto, · aconteceu uma bôa para o · mui nobre.s~nhor D. Tvran– no, cavalheiro de alta linha– gem. füLilgo e gracioso , cujo ,·,dor fizc.r:1 a sua fama · de espadadiim amLtz. D .. Tvr:tnno estabelecia· um paralello cntrE - as mu– lheres e as ·estrellas, enten– dendo que se dcvi,1 aniar aquellas pelo numero destas. · Cm dici, como sempre suc– ctde, teve. de f:1ctd, J pri– meira paix:io. Renunciou tudo na vida De famoso que era,. (1espencou-se aos nivelamentos do ostracismr. Declinava como um sol no o...:caso ... · Ninguem acreditava, en– tretanto, n:r sua qu e,tl-a. P:tra as mulheres, para o am0r, para o mundo, a pa– k1vra dcllc symholi,,1va um pedestal de mentiras elegan tes.... A' figura de D. Tyrarino devem mirar se certos raja– hs de l3elém ... * .Aviadores e « avoadores " T E'vIOS n2s ·nossas ruas, prdças, tcrr.ases e a\•êni– nidas, · numerosos rapazes que s,1bem ·uonr d<'. 111~,neir:1 esp;rntosa. Kingucrn ignor-a que, pará necessidade da Pli– tria, o Brasil prcds,1 de~ses · a/megndos. . Ba uns _que s,1bem i·oar na cabeça da. gente sem a sem a menor ccremonia. Outros para cima das mu– lheres. Ainda outros n ,1 nossa propria paciencia. Bem. que ;;e poac-ri:1 crca"

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