Revista A Semana - Maio v3 n 666
J .'i~.., O X.111 OAàt!t49 Btl~m do Para-S·alJtrado, t6· d~ iftaio ··oe 1U l ' ~ 1téfid Dire cto r - EDGAR PRO~ NÇA ~-~__: __ _:Q_ __! tl,reatr-Oe111■rln• Pi"-ltf'l1h• !B . Clarita e Liseta, Liseta e Clarita amicissimas, andavam pt>:los salões a fóra, espalhan– do «charme> e requebras. Onde andava urna, andava a outra . A corda e a caçamba. Cla– rita era reehonchudinha, ter• na, de uma meiguice encan– tadora, cabellos ao vento, muito negrus e muito dada ás artes. Toca piano admira– velmente. As artes de Liseta são ou– tras. Liseta é o typo da «vamp>. Angulosa, corpo de palmeira sem folhas , um pou– quinho implicante, mas n~ui– to seductora. Tem «it>. As du as sao muito «flirts ». Clarita quando o «flirb está · muito adeantado,- fica. nervo– sa, e recúa. Liseta, não. E' mais ousárla. A r.-isca-se em passeios nocturnos de ;:uto• movei. E!>tá sempre á pro– cura de um ideal que não en– contra. S eus a mores escan• dalizam um pouco a inno– cente Clarita, que. res<'llve suai c rises sentimentaes em ~uspiros e dias de neuras– thrnia. Mas, são muito amigas. São, não. Eram. Um d,a annunciou -se ú Con– curso de Be lleza. Clarita e L1seta morriam de vontade de- ne lle tomar pa rte. Mas, as familias não con– sentiram. Entao, as duaf.l mocinhas A z: .i re ;oh·er.:\m fazer um concur– so sem jury e sem especta– dores. As duas apenas e um espelho. Resolveram fazer as pro– vas anthropometricas, as de vestido de baile e de sport, de «maillob e até sem cmail– lot». Um successo. O col'lcur• so começou entre sorrisos e gargalhadinhas. Lisete e Cla– rita são muito engraçadas. Primeira orava: vestido de baile . · Cla rita achou qualidades notaveis em Liseta e Liseta em C arita. Mas, no fün de uma contemplaçllo mais lon– ga, Liseta lanç 0 u o primeiro a tomo de vene no. .· - Tú é s muito bem assim.•. apenas . . . acho que reque– bras um pouco. . . «'l'u on– dules trop, ma ché re . . » Clarita !'!orriu amarello. E immediatamente aconse– lhou a. Liseta. que não dev ia usar um _d'!cote tão ~rande,. ,pois e.stava tão n1agra que alguns oss.os estávam á mos– _tra . .Começaram as hostilida– des, ainda entre sorrisos e coisas amá veis. Fize ram tambem uma p :-o– va de «po~e!t > artísticas. A , R e u A Ít' ----_ Liseta fez Cleapatra. Muito bem. Cla rita no seu intimo lamentou que uma aspide não a picasse. Fez depnis a Imperatriz Eugenia, com um ~ra.nde ves– tido de organdy: Um amor, aque lla Liseta ! Clarita alongou -se num «di– vanll, posando «Mme-. Réca– mier>. Um encanto, a joven pianista ! Mas, ·nesse momento, a adoravel Liseta, não podendo mais guardar a seriedade, caiu sentada, com um frouxo de riso. Cla rita encabulou. Era uma peste aquella Li- 'seta ! ' - Por que ' ris ? - pergun– tou, indigna. -Porque... porque . .. tu·... deitada • . as<-im de lado. . tens umas cadeiras um pouco fortes .. parecem poltronas... - Poltronas ! - exclamou Clarita, indignada . E in:mediatarnente atirou. se , ·viulenta, sobre a adora. \'el Liseta, que dava gr1tos -ie susto e desespero, em– C:(Uantn Cla rita arra ncava -lhe ns cabellos aos punhados deixando-a quasi careca. , E a ssim te rminou aquella doce camaradagem de Clarita e ·Liseta. Um drama sec re to do Con– curso de Be lleza, que os nos– sos saiões igno ram. l __....... ...&.....- •~-........ .. -·-. ···-··-··· . - ......... ••--:, ......
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