A Semana 1922 - Setembro v4 n 232

oD t o~c:,=-· ~ d'.d~emélnô A RECEITA li~ De Coelho Netto li - Ah! mi11h as se11honis, disse o ve ueraudo µrol'esaor, ac hais tl,:jlra– u ho o que vos 1:eUro desses «111i11i– UJOS» que vivem 110 ar, ria agua e c irculaudo-110s 110 sangue. A vida é um coujuuclo de parliculas lIU t1 se co U1 bate u1. Viver é lactar, disse o poeta. Os gen nens da worte sào os proprios facto res elewe utares da vida : O ar é um toxico, a a:i ua é outro e por ahi além. Estrauliais q ue eu viva a culti var 11 0 meu laou– r atorio os inliuitamenle pe4ueuos com o mesmo pacie11te e a111oroso cuidado com 4ue cultivais a~ viole– tus e as rosas do vos~o· jardim e 11- des dos co use lhos que vos dou para que vos acau luleis coulra os 111 v;si– "Veis. · Qua udo alraves~ais a malla vir– gew-al iús, 11âo si;i se alguma de vós já ei. p1:,i·iu1e11lou , a seusaçào de tal aveutura - n,vcla111-se- vos as IU.ÍOS, descoram-se-vo~ os lal.iius e o vosso pequH11i110 curaçào pal p1la sur– l'rn : é u medo 4ue vos dowllla e acovard a. O estre pito de um ramo nrnnea u– do com o veso de u111 pas~aro 1J 11e ue lle pousa, o e~ll a llcjo tio u111gra • velo 11ue pi:,ais, o sussurro das lo– JI.Jas á llas, o OJUl'lllt: rio cochil:hado dt: aguas lugi11tlo solJ as hervas, q ualljll lll' ruido, o lllalS leV'.! CO IIIU '! JrulhOdas azas de 0111 IJ•,1Ja-Jlõr, e uauto !Jasla va ra alt1rra r-vos, por– ~ ue lo"Oirnag1uais assallos de ouça~, c ui!la i~ ver j acarés segu iuclo-vus de r asto os pas, os ou sucurys la11 ça11- do-sc do ru11clo das ag uas 1rn1 botes jusidiosos. . . . f.!;utretaulo ca m111ha1R sorr111 do descuidosas em slti os 111ais pcl'igu– svs e muito mais povuactus de 1fl~11- stros do q ue as l1re11has: os sa loi,s c Je11a11Las, por exe111plo, as rna,, a~ uvo~ iid.is. A corolla do 1111111 Jlür púd_c occultar t;111tas lor~s CUIIIU d IIIU IS 0 111 111ara11lwcia !lore~La af l'lca11a. Ullla g-ariialhµda ai,,:,: re cas,1uinou c in re~1,osla ils pulavrn_, du ~a l110 ll ;\ lc iua 111 ostra11do us 1111'.tus dt1ules 110 u,a;s fa ceiro dos sn1riso~, e,0111 - wouLOU : - tmag i1111m um ligrn tlnnlrn de uma warlloLe•!· Ao que accresceu– tou Lucia uu: - Uu u111H gihoiu CO I\ J;•Ctlda Ulíl uuia \' iolela de ParUla. - Oh! dou tor . . . E .o senhor, que ta nto vê, t11n1 ainda coragem de di1.er que soffr·e da vi~la e usa ocu– los de hi nles tão poderosas ... -Pois hem, para qntt zomheis com muis riso _das rninhas µalavra~, vou coutar- vos a 111inba ultima ex– perieucia, c ujo resultado, deveras curioso, será o assumµto da memo– ria qui, \'ou apresentar, em brf' ve, á Acadt>mia d11 Scioncias. A senhora de um dos meus c lien– tes, a aOoua do velocino», como foi appell!dada por um dos nossos poetaq de mais fama. . . . - A bareoesa de Vai Formoso, proclamaram, em unisono, todas as senhoras. O velho professor sorriu complacentll e coutiuuou-A «Ooua do vefocino», ao regressar <la sua viage111 de u~IJCias, que foi louga, e ntrou a que1xar-~e de u111a sin gu– larb sima enfermidade, uma ophtal– mia qu e lhe olrnultilava os grandes e lindos olhos azues .. . - Verd<'s corrigiu Alcina : parecem duas nym: piléas á Jlôr dagua ... - Ve rdes, pois se.ia como di z a se– u hora : e u, como o meu daltonis1110, coul'uudo as cores. Sãc, verdes ? lanlo pt>ior para as raposa~, <111e o.s namoram, e ~ào muitas. Mas vamos ao caso que nos i11L~ressa. Tanto se queixou cio mal e com laes la:,1 r1mas, ljU e o marido, (!UH a adora, receio~o dA perde r a1uellas m:,ra vi lbas, mandou clla11,ar-1111~. Dosei de Petropoli~, oude me acha– va e ntão, e rui vel-a. Confesso ~ue, 110 primeiro iuslanlo, liqnei a pprn– htl11sivo, e, para examiual -a c11 i1la– do~amenlf', como exigia o ca•u, a IJ. ~oluta urnnlit! novo 11a minha cliui cíl , fiz questão dn que ella fosse ao 111,,u µab1 neLt1. Tudo preparado, tll11do eu dt1scoberlo &obre \a~ puµ1l la~ urna u11v11a leu UB, resolvi, desde logo, OJJtlfal -a. Foi foliz. A' 111i11ha prnoccupaçào da a na• lyso, quo as suuh urus dlw 111 ,cr u111a11 ia de v1d ho h1sliilh,1lt1 iru» d,,vu a ctoscollc1·ta 111ais 111lcros,a11Le c11lr11 r111a11Las tnuho feito ali'• liuj,, 11 q11,1 j{1 devem ,1rç,H JIUI' Ullla Ct' 11l1!11:t, ll toda, cu11 li r111acl:i, 111,r ha•· L••rl .illl;.(1:1- las dH t':t111a univtt1sal. Lo,1g11~ dias ., longus noites va~sHi i,stu la111tu ao 111icrusr.op :u a 11,•voa <p11i ,,xtrnhi do ,; ll11do•1ull1v~ ,.-rd,•s tia Liaru11esa H •• • \'a nJC,::;,_ pr:(-l}'Hl'ai a , º"'ª g-t1rga– ll1a rla 111a1s v1hra11ttJ, 111 i11has ~P. 111111- ra~. 111:i11 pedi a lJ,,us ,,u,i 11i111 Lo– nh ai~, 1nais hoje, 111a is a111a11h,1 !IA nu:orrer á 111i 11ila pralica ..• A :1111- 11 in a l•rnrn11ia, M11a, co111 o~ ol ho~ qu r. IJPu-J lht-1 dou pai ~ 111al cios nos– sos peccadus .•. 1!:111li 111 ... l'.i.ssa- A SlílldANA ra m-s_e dias e, uma manhii, iudA 011 _exan_11uar o IJoca l em que guardava a mrnll a p.i;ecJo~q. cultura, q uere is sa_Lie r CJ.llR ee cb.1Hrer;-~\ s damas iu– clill~1ªÜl ~ e. em c1rcü10:7uriosas de ou_\l[ ~i'r sab10 qu,ç as olfrín~ risonho. ~ ue foi . doutor ; Oi 0 ~ 1nor1=>s '!!iffh~s seuhora_s, p~q 11: 11iÍ}'6's Am·~~ ~ - l~o pP.(J_Uelllllll$ flnHu n~ 1ilhãu q:cre digo? d,.z miHlÕP.S dew calw~ riam em uma das gracio~as covinhas <JUe o sorriso fo rma,.e1t1 vosso rosto, s' a horiLa[~ci1;~; __;\ Fez-se longo silencio entre as da– mas. Por lirn, a velha e a legre ba– rou_esa dll Sa nta lrerrn, lixaodo o sa h10 _alra~e1. das l11 11le~ do Sl!U «fac,1 a ma111 ~de tartaruga, per"uu- Lou : 0 - E a que a llribue o doutor essa 3110lllalia, ou <jU8 nHllhor 1101118 te– nha? . . . - Aos beijos. senhora ba rooe•a aos l?~ijos 1111s olhos. V. rx. ~a he ."i'u~ o be1Jo 1rncerra um mundo de mvs– terios . Assim coino na 1wlla d'ag·ua Ira em gar nurn, lud o que co ntem o oce11no, assim tlm u111 IJAijo hu tudo que ÇJJII tem o amor. . . Liasla 'l UA um sir gern!en subsista um ~ó ! para que se n1a111fesle a e11fermid11de es– lra_nh~ qu e nos ia privando daquelles dnt~ astros de hell.-za que ~ão os olhos azues, ou verde,, da BaronPsa de Vai l<' ormoso. I<~ como as ~e nho– r~s são 11aluralmA11te incredulas e n ~m . do~ cons1dbos dos medir.os , µr1nc1pa l111e11te quando si111 velh.. s, c,•mo ,..u, po1 qu11 logo os taxam de ra hug ic1~s, pl'HVÍIIO llS que 1118 ou– ve111 ra ra_que se aca rlelem, porq u11 a 1~peraçao, sobre ser cl oloros;i , é arl'lscada. Com exi;epçào d a Vlllha 1Jaro111'.sa, todas a~ dt>111ais senhoras, u111as lra ncam1rn te. onlras à sorrella puz,.. ra1!1-se a limµ ar os olhos ao~ i,Pqnen1 uos lenços que tiraram das Liolsiuhas ou tl P- estojos de ouro. ls111e11i a, mais cautelosa, 11ào con– lnnte co111 isso. sa hiu tia sa la e11ca– rn i11ha11d?-~e. muito assustada . para o " houclo1r. nurte s11 demornu lauto trm po a. refazer .? rosto que, ao re– gr11s,ar a sala, Jll as SPuhoras ha– vi,1111 tn111atlo chá P o a~su1nµlo da palP.•tra Hra a prox ima viaoem tio tlr. ú l~ur11pa. 0 E qua ndo volta dr? perg1111to11 lrone pr1,uccupacla. - Não ~•!Í, me ni11a. E' possível (J llH lllll dllOlOl'll um 3ll1)0, talvez du is . .. - E.. se e u ~n11lir a lguma coisa 1100 ullior, .. corn o h a de si, r t -Se ~eolir . . . Sfl sl!nlir, t>~CrPva– llHi Hvoll~rt>i i111med iatanw 11le para ~;i lva l-a da 1;t>~ue 1ra. Mus , vara µn1- ve11ir. tlHixo-lh" uma rl-l1'<'ila. Has– l!" llclo, <'ll lâo, umn follia da i;ua car– h-i ra de lor111ula•, PSCl'HVt.'ll : qi\gua dti I o•a~ par11 bau llar os ol hos d,• ma11ha1:n. 1~ tollas as senhoraR, ri ndo, co– plarn111 a r,•cP.il~. por trnça, dis~n- 1a111 Pilas, mus a verdat!e ó que a :; uanlara n1.

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