A Semana 1922 - Setembro v4 n 232

01:101 A SilMANA n:10 ºªº 01:lé 1\tIUSA VADIA XI VIVA A NOSSA /NDEPENDENC/A ! Vi-te e t'amei com loucura M'amaste com o mesmo ardor ... 1'ifos de longe, e sem ventura, F oi nosso amor, meu a.mor. . < Llc,;ão de Hlslorio) P ara o p i•of, Braga Bibeiro Saudoso, a gora revejo Esse passado fagueiro : Eu, escravo do teu beijo, Tu, escrava do meu dinheiro. \ Té que me escreveste um dia: - «Pedro, é demuis ! quo afflição ! Morro nos püucos de agonia Nesta maldita prisão .. . Té que um dia, em dôce nuhelo, Disseste : «Pedro, a paixiio Que nos une, é ferreo élo De umu novn escravidão ... & E' vóvó quem me acorrenta Neste cirr.ulo de dôr... Mas hoje a corda arrebenta: Bato-as nzas·... dá-se o flôr>>... E quasi no mesmo instante Deixast e o lar e fugiste ... Vinhos canso.do ., oífago.nte .. . Abri-te os braço s ... cnhiste. . . Calaiste, e no ardor da. zanga Solto.ste um grito, .l:'rudencin Foi o g rito elo Ypirangn, F oi a nossa Independencia ... En<lontrei-me, em dias de janeiro deste nono, com o J oeé Pedrn, ma· g ra u compridisrimn figuro. fato foi, á noite, no co.fé Brasil. O homem cumprime ntou- me. abo.1:. racou-se na banquinho. onde eu es– tava e pediu o so.boroso café da casa, Apreciado o nectar dos deuses, o Zeca desfiou o rosario de suo.s mise– rias e tive que aguentar calado aquelle importuno sermão de lagrl· mas. · A's folhas tantas o Pedro, pt1chnn· cio um alentado suspiro, deu a sua sentença final no caso : «E' uma vida de cachorro a minha, meu amigo, esta vida de soltei1•0, juro-te. Sempre só, eu o.ndo por este mundo de Christo como o judeu er– rante da trodicção. Assim resolvi appellar paro. o casamento. No casa– mento eu espero encontrar a feli ci– dade que idcaliso, ao lado do. mulher eleito pelo meu coração. Sa bes que é o o.mor? Nüo sabes. P ois vou t'o dizer». E , soccando II ro livro do bol~o, )eu·me o seguinte : «O amor es palho em toda a ccono· mio do homem um benefico calor s uave. O coração palpita no ver ou pensar na mulher que amamos, a Como a vida é om negro abysmo l E como é vario este mundo! Hoje, ou vivo uo ostracismo, ' E tu, com o Pedro ... segundo. :Vins não importa, a ve~dade E ' luz quo do cúo do~oeu: \ Quem te dei\ a liberdade Niio foi ess'o~tra, fui eu. Justo é pois, hoje Prndencia, Nosso brado alviçareiro: Viva a. :-iossn Iudependencia l Vi va o teu Pedro . . . primeiro l. .. respiração nugment o, cortndn de sus piros, o timbre da voz -suo.visa-se e n nosso. linguagem exprime com fncilidnde e poesia as nossas ideas. Todo o nmant.!) tem espírito, os pen– sumentos são fecundos, vr.rio.dos e n palavra é mais persuasivo.. O amor é um delírio que inocula a forçn, a coragem, o to.lento e n virtude no ente fraco, olvar e vlcioso, se o. mulher que o i nspirou assim o exige•>. E, o. seguir, o futuro noivo voundo pelo paiz dos Sonhos, pintou-me o. sua futura vida de casado. Despedi· mo-nos e não nos vimos mais . Hontem, quando eu ia para a Fo· lha, encontrei-me com o Jooé Pedro, no corredor dn Alfandega . Estava mais magro e mais alto. Achei-o tristEI P. os barbeiros têm perdido muitos 400 reis com elle. - Olá, Zeca, como voe isso 'l Snu· dei-o. -Assim, assim, respondeu, e nc– cresccnteu- complete i hontem sete mczes de co; ado. - Então accr.ita meus sinceros emboras pelo. realiso.çiío do teu idao.] - tornei-pois, com certaza, o amor da gentilissima e~po3o derrama no. tua economia domestica um bene... n Não terminei o meu discurso, por– que o h omem, tomando uns ares de féra. bradou : - Vne-te pr'o <linho que te carrC'• gue . Nada disso, infelizmente, acon– t ece, me u amigo. Uma vidn de cn· chorro, a minha., j uro-te, e de ca– chorro plrento e parnlytico que llào Zit - Bom:~110. ~óde se arranhar. Minha sogro., que ~ntnnaz expnl~ou do inferno por ser mtoleravel, vrnva de seis maridos que morreram no hospício dos lou– cos. derrama todos os dias em citna de mim ins ultos pesados, injuriosos como não pode co.lculor. Minha mu~ lher, que no começo era uma pomba sem fui, trausformou-i:e num pro– fundo e largo poço <10 fel, de modo quo eu voltei á desgraçada v ida de cachorro. E. dcso.lentodo, o Zéca, encostou– se á parede, chorando como umo crcnnça, Eu, que sou fraco doante de quem sofíre, li!11pei os. olhos e parti para n redacçao da ~olha, parafuso.ndo esta solução: Solteiro•co.sado vida de cachorro? ' E decidi: ji\ ó ser caipora pr'a huno, safa. • O mllndo ê o maior co.11alha que conheço, senão vojamos: nesse dia deram no jogo do bicho o burro e o cachono e eu !lanhei ... UcuôA V1Ro.1s. ___*___ N Ão abras tQ11 coração aos grandes sentimentos. Contem a maior vehemeucía da tua alma. Sê assim á f.,içiío do espelho, que reflecte t odos as i1Dagens, mas é sempre inal t erav e l no seu brilho do crystal, B.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0