A Semana 1922 - Outubro v5 n 235

;<4 on r Q ~r:= .. - r : ~"ª'· ·- - 3 d'.Ô ~ emo nd e ;;==.. ====;;1~ = 'I UMA VIUVA ~ 11 1 De Albert Jea n l A criada depositou o telegr~mma sobre a mesa e o senhor e a seuho-. ra Berl!P.ron se entreolharam com a cnrio~idade dos pequenos burguez11s que ~entem na chegada doll despa– chos telegrapliicos o annuncio de nm acoutecimPcto. - 8A111 ,que srrá-exclamou mme. Br rge ro11, sem atrever-sa a rasgar a pr qu ena margem pontilhada do pa– pelucho azul. -E11trega-me ! exclamou o sr . !l,•rgPrnn, r111 e dominava os nervos. Abriu hruscamr ute o lelrgramma, it,,vorou-o co111 11111 ~ú olha r e fe– clfo11 o semhlante. - Pohre l'hProza, murnrnroa. em– ti m Pst;i r•ntwrr:1clo o Sl'll marlyrio ! ~lrtir'. Bfl rgeron, arranca ndA-lhe n papal. )PU, por sua vPz, o&•as pa– la vras lar,onicas : «Carlos f;ill ecea P•la manhã, ~eis horas. Ahraços– Th r.)•pza. 0 11 ! pohre JH•qn r na, exclamou , n:io s,mí mais iufe liz ! ••• O destino nfi o favorecPra eguol– lllP,llln as duos irn1às. Mmr . flnr~e– ron ca•ara-sr com vi nlP I' tres annos corn um pacifi co pharrnacentico em que a p PSCa P o si;: 11aI f.l lso no rosto Pra111 os 1111ic11• vicios cnnhecidos. ,\ folic lch1do ,e in•tailara-sn corn– r11otl a111A1tlP. P11lrr o~ hoiõns de fa– Ja11rP<: Aa vitri1w ~o rtida !fllO MtPn– t;na º" 1>rimor1B do chi mico per– w••Lico : p; a j nvPn e~posa vAncia assim 11 1113 PXÍ$lH11cia doeu COlllO uma po!'c;âo d11 rn1-I. .\ c:il11ia da ~•w vida orira nisada fa- 1.i:1-lhApe11rn•· Mohre II sortr. da <:ua irrnii ~orlAmai" cruel, •P.rn dnvida e r otn paração. Thttrew,a cai:ulo, Pspo– , .•, 1 umho nr Pm incu lto o IJr utAI 411<' ,,.,, ia uma offici na de t1111ei5 em nm ;j,, 11 .1rtan1P11lr, limllr'Jplre. Os ope– n1rios 11, l~~1:1~a11, 11 11a tr1'10, cujas ,..1 .1,;~ncias a11grne11Lova111 a (Jropor- cão CJUe os salaríos diminuíam. Os frPguezes, os pobres fregnr.zes, re– vestiam-se com todas as precauções legaes contra o mâo fornecedor, cuja~ trampolinagens Mam conhe– cidas em toda a região. E a bõa von– tade da joven esposa usada contra a violencia desse homem, que _não r1odia pronunciar dez palavras sem manchai-as com uma blaspbemia, restava liruida e esteril. ThP. reza envelhecera rapidamen– te. Esgotara-se physica e m_oral– mr. nte ao contacto desse bruto que S6ntía prazer em aterrorisar o cam– po . Os µri meiros fios brancos corta– ram a $ll3 cabelleira negra, aos trinta 3UIIOS, • •• Os uni r.os, dias d~ repouso para Th,iresa eram os dias gue passava ao lado de s~a irmã. De~de que co-. nteçava a rPsJ,i ra r o ar aromalisado da pharmacia. dir-se-ia que remo– cavo. A armação lustrada, os hoiões alinhados, a balança de prPcísâo em ~ redoma de vi dro, os almanaks ele rrclame empi lhados ao canto, tudo em lim . symetrico e ordenarJo, dis– traia -lhe e adot!icava -lhP a vida. O sr. )3P. rge ron, por outro lado, atnl\'es!-avn o riacho para otrerecnr– l!Je ás tnrlas de cabeça nPgra. ani- 111a"s fa111osns para as suas l'on11ula~ eston:acae~. A' noite o pharrnaceulico e a se– rlhora organisavam um pequeno CtHlCPrto com o phonographo, em lr om,.nairPm á sua hospPrl l'. E The– rPza 1,?Ma v.i em sPgnid:; o re_pouso dPlicio~o da~ 11oiles sulitarias. O t;i110Pi ro. infelizmPnte, sPntia o rPconforlo q ue a e•posa nhli nha nrssns visitas e lraha lhou parn in– lt> rvallal-os com o maior e pa,;o po~– sivel, DPll'st~1•" a sua cunhada P des. pre,ava o ~r. UPrgPro n, um com– mPrcla nte de Jtlll'l!ali vos. como o elrnniarn. n pha rmaCPUliro e a n111 - ll11•r 11ãu lhe distr iltuia nt outro t1 a– tamr nto e foi r-orn o corat:(in ~i ncf'– ro que ambos PliJll'llSsara 111 a s:rlis– taci;ão p,•la morte do coulru-pa- nirrt,•. . De que havera fa llPcidu? inda- A SEMAN A gou a sra. Bergeron, ao fazer a viagem para a residencia enlutada. Era rohnsto ! Que achas? - Muito rorle ! rPspoudeu-lhe o inarido, mas a co111?t1$lâo viclima facrlmenlll os homPns ~a nguineos. -Poderà si>r um a5,:cideutll '? Sug– geriu a mulher. -Thereza teria rP.:ist, ado no seu lelrgramma, respondP.u o marido que alimentara a ~ua idéa. ••• Foi um pnhre s,-r choroso e fr,– bril qne receberam , a chegada, en– trn os seus braços. Thereza, perdi– da sob as 'vestes largas de um luto improvisado, condU7,iu-os á camara mortuaria. Elia uonftrmou a lr ypo– these do congestão, acariciando a vaidade do sr . Bergeron e venceu as horas 1enosas das exequias com uma grand e dignidade. Logo que o pl)armac<'utico, sua esposa e a cunhada regressaram do cemitPf'io, a correcção que presidia aos gestos•cJo ~r. Berge ron solfreu o pri mtii ro desmaio. Era tarde e sen– tia fornP. . Uma imprc~s:'io immensa, impressão eslra uha durniuava-lhe o cornção. - Oh I como for hom, sus~urou ao sentar-sP ã mflsa. A viuva o encarou , sem respon– der. - Enliio. miuha pllqnena Thereza, . estamos Pnlr->11cl ido~, uão é. - EntPndidos em que? - pe rgurr – tou ella . -VPnderas isso e muda rás para a nossa c:isa. . . A pharmacia PStá rendendo nM ui ti mos lr r!lJlO$: P.U til nomcarni chefe de manutr rrções. Será~ a ..nc:irregada de voltear as corrrn las de riapel ! - Este uão é o nrumenlo nem o Joga r parn gracr.jos, revlicou The– reza. -~l a~, ea 11ão 1,l'l'llCejo. Joanna oo nrparlil ha a minha opiuiào. ~Jrn e. t.lergerun approvou com a cal111ça. - Sahes Tbe rPZa que é dll hum coruçào que tAofferecemos a hospi– talidade. ••• lrnµArligo1Me a vinva. Ergueu ;1 $Ua JlAC(U r->na caheça com os i:ubello" em dttsali nho e entumeceu o hu~to, arftondc,-o com emoção. -E11tão, ve rdadeirnmP.ote vocfo!l i111ai:11a111 quu nu possa deixar esta casa em que ellll viveu, trab~lhou e mor-rP. u, em que tudo mú recorda ;r sua lemhrarrça. -JU!-.Laml•ute por i,~·,1 b que ín ~i~timo, pela aceitaçfio de 11o~sa of-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0