A Semana 1922 - Outubro v5 n 234

r ) A SEMAXA on t o-ie:3-- · ci:d~emdnô do a professora, uma linda allemã. de cabellos de ouro e olhos cor d'agua marioha, se dispuoha a can– tar. E como a encantadora dama fazia as honras da casa ! Com este, dis– corre!1do sobre a excelsa musica beethoveaaa ou sobre o drama mu– sical de Wagner; íalaodo áquelle da pintura no ílena~cimento ou dizen– do a sua impressão sobre uma das creaçõP.s de Rodin, citando um verso de ~lu!-set ou de Leco11le, uma pagina de Flaubert ou de Anatolo ou fomi ninamente, entre as senho– ras, dando a iJUa opinião sobre o talhe dn um corpinho, o padriio de um tecido, a íõrma de um r.hapeu, :3em, todavia, descuidar-se da or– dem, dirigi11do o concerto e o ser– viço volante dos refre~cos, feito por duas raparigas alsacianas, de ceifas hraui:ás, com uma galan t.,ria que lemhrava o grande seculo. ~ln– lher ideal! b_l l 1~ MANDINGA ~ 1 1 = =] De Coelho Netto A sala do Tribunal rl'gorgitava. O crime da «Cachoeira» lizera ~P.11~a,;fto. AI vnroçandu amolinada– n1 P. nte o peq ueno povo d e la vrado– r,•~ IJU I', sfl , não fóra a enerl(ia do delP.gado, !-Cria ly11chado o negro. l) sti111anari o local, noticiando o ,·a,?u .:0 111 gra11d1is lilulos e purme- 11nrn~ miudos, descrnvera, em es– tylo de nove lla, a pocil~.ª do a!-sas– ,i110, com todas as hug1ga11gas P- n– coull adas em uma arca de pi11ho, <'111 prateleiras sordidas. pelas pare• dt!S, 0 111 potP.S 1 boiões e frascos : he rvas, h11zios, missangas, molhos '111 raiZP.S nas qu acs se emmarauha– vam 111échas de cabell os louros, que fo ram rncouhecidos como da victi- 11,a, u1oedas de cohrn azi11havrado. ci11zas, molarnhos e11sau~11e11lados e pap0is ga ratujados de P.11gnma11ços. · O calor era i11supportavel naqu P.lla P~tufi lha aµ inh adu de gente: l'azen– tleiros e cólo110~ das circumvisi- 11ha11ças, empregados da Estrada do FPrTo, todos suando, ahanando-sA 1:0111 os chapeu~. esponjaudo-se com enormes lenços, porque o juiz, sem– pre apiao~ado da asthma, temendo ,1s corre11tes de ar, a pezar dos 11ro– L11~tos e rnclJmai,:.õe~, não cousenlia tjUtl abrissem as jauellas. Abafava-se. o ambiente estava abrumado de po11i1·a que mosqueava os l'aioRdo ~oi i11 flecl1dos, em pranchas, !leias abertas do Lelllailo, cujo forro Pflll• dia, em parte, despregado e frauja– clo dr teias dll aranhas. O cheiro acre do campos e mon– l11clos, misturando-se co1n o for tum .de suarela, faiia pensar em lavouras, ro~:is de c1111oa e ~e milho e nos rehar1hos quH là fora anelavam uo calor do sol intenso, PSColhe ncto as hervagens frescas, desc<inclo à hu– mida ribeira ou acarrando-se à ~omhra abochornada das arvores. Sentado no hauco judiciario ca– hii-cahido, immovol t111tre duas' pra– ,:as, o uegro era um perfeito go– rilla. Volbo, magro, foveiro, tinha O ar hebetado. A todas os perguntas que lbe faziam I espondia al,armente .:om re~mon~os soturnos, eueolben– do oc, bowl> ro~ eia uàl do a 8 • dionda cabeça, cuja .carapinha em maça roca causava IIOJO, De quando em q uando, mettendo os dedos agataruahadameute pelos ri.sgões das calças, coçava, raspava as pernas escalavradas e o lodo sec– co que as revestia e5farelava-se e_m poeira e na pelle negra, como ra– biscos em ardosia, ficavam as mar- cas das un!1as. , A sessão estava a terminar. O promotor fura tremendo; e o advo– gado um mocinho de barlneha ra la 'olhos tórpidos de elherómauo, enre'sado e timido, i:ingrolava uma defesa fraca, arrastada, sem arg_u– mentos cit ando poetas e romauc1s– tas e d~~crevendo a vida barbara nas avingas d' Africa. . . O engPnheiro limpou vagarosa– mente o rosto e, inclinaudo-se, dis– se-me baixiuho: Sentio-~e o cansaço '10 aud!torio. Os jurados ca'ber.eavam, boceJavam de olhos piscas. - Pobre bruto ! disse eu. - -Um !Jrnto, pois não I affirmou - Pois, muitas veze5, sahia da sala sorra t..irau11•nll'. de fugida, • para ir ao a11lro, onde vivia alapar– dado esse bruto. levar-lhe uma g u– losetma 0 11, qul'm sa he la! prestar– se, tal vez, n urna hi'uxaria ohsce11a. o engenheiro Guedes, um guaµ_o moço, a 111elt10r palestra da locali- dade. b .d Se o gt!nbor hou vesse coo ec1 o a viclima de~se estuµ ido 111onstro imaoinarla haver en~ont rado na ter– ra !: decima ·musa. Porque e_ram dez, ex plicl•U sorri ndo. Hes10~0 deixou de i11cluir na sua theogo11 ia a mus9 da G1aça .. . na tu ralmente porq ue ainda uâo_nascera . l<~r~ uma seubora for111os1s~1ma, supen o, m~11- le inslruida, de 1:aro gosto. r~qu1n– tado no convi via que mant111ha e nas viagcn~ r.111 que andara cu111 o ma rido, que a adorava. 11ohre_Er– nesto ! um esth t>ta que se exllo ll nos cafesaes. · . Nuuca foi á fazenda da <1Cacho_er– ra»? Hoje é qu&si uma taii.era . l~r:i Ulll AUCanto qu11nd11ella v~v•a: Co 1110 dista 1 ,ouco mais de dois k1lome– lros da cidade eu oflo fallava ~~ 1'0•. ceiições do!> sabhad,~s. Benniam?– uos no admiravel ~alao, onde bavra quad ros prnciosos d9~ mais cele– brados nwstres da pintura moder– na, 'bronzes, marmores; uma solier– ba colleccão d11 medalhas, ~ama– phens joias anli gair. Os lll!)VP.l~, al– fa ias ~ tapoçaria~, isso entac, 1 Basta que eu ll1e oiga que, ao ser annun– ciado o !Pilão. ahalaram-!ie amado– res do llio para disputar,~ 1111so tle ouro, certas pe1:a$, verd11de1ramente r reciosas. _ Um niuhu de arte a que nao fal– tava a mus ica com os 111ais uelii:a– dos instr unrnntos, desde a lrnrpa e a eytlrn ra romantica. até o moderno l.leehslein . Palestrnva-se docemente \lQ som de sonatas e,..t liudeu qua11• -Co111 l)Ue lim? perguntei pas– mado. - Por vaidade: para não perder a linha graciosa, fl exivel do cor po. <jU" co11w.;ava a ser comprom0ttido 1>ala urn te r11idade. SuJeitou-se a t11clo e morrr u em torturas incri– vris e ~ü á ultima hora. pouco an tes de rPcr-lw r us Sacramentos, denu u• i:iou o ai1sassi110. · Qufl quer? o e~pirilo humano não si' lihP1t,1 da supPrstii,:ào, q ue e a bórra ou tia da Fé. O atavismo im- 1rnz-~c, avassa1ou toda a cultura mor:rl l' intellectual e a alma da lilha e 1wta de faz1<ndeiros, c, l.. !13 entrt1 n,•~ros, a ouvi r, desde peq ue- 11a. as na rracões eslra11ha'I da gente ha r harn, repontou vencendo todos os P.Scru11u lns melindrosos da edu – cação. A f,..\liçaria 1. .. Esse negro é ll!ll hrulo 111co11s(:i011tfl. Vão condernnar u u1 ani111al. O mesmo seria pedirem a pona maxima 11am um cão que m_ordesse urna criaoça. O adrngarto 11ao soube aproveitar-so da imhflCi· !idade para fi rmar a d11fesa na in– c~,~~eieucia, q ue irresponsabilisll e d1nme ... A.cahar com a feitiçaria . . . Não cogitemos disso. I!:' impossível 1 lloysés insurgiu-se contra os chal , dau., e 1:\ está, no E;✓octo · 11)1alefi. c 1 1s 11110 palleris vlvere, . No Deute– ro11 0111io h:i lamho111 a condemna• i,;ãu tios quo realizav:I! l prodígios Saul e ·1wl~ou-os do mi no. Os ro– manoi1 tinham os conhP.cido;J do• e retos: 1<l)e llllpelll'ndis 01 orbe. Chnhlarls f't mathematcci!u. A Ida-, u ~Hali3 nr.i ;nou-oS f' '.J fo..;udra~

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