A Semana 1922 - Novembro v5 n 240

A SEMA!U O relogio e as horas morre! A pendula parou ! Não ) s~ o uve mais o seu inalternvel trc-tac... silencio em tudo! E .. (GERARD o'Houv1LLE.) ( Coucl11são) tu. leitora amiga, com os coto– vellos apoiados nos j oelhos, com a fronte entre as mão<: \ vaes, emAm, sonhar no rema~~ so delicio$o P. morno de teu . Num velho alfarrabio encon– trei esta quadra que me agrada, não sei porque : El ma pe11dule el ma ,Julie n11l des deslin.s bie11 diflere11/s: l'1111e fail compler les insla11ls qu'apres de l'aulre l"o11 011blie... Sim, a doç·ura, a alegri,a, o abandono feliz nos faz ts<7ue– cer o te:-npo ..• Esquecer o tem– po !. .. Não ouvir seu sopro e com heroísmo e franque za, c'o1- Jocar1110 nos ao abrigo perigoso de suas azas, sem medir-lhes a envergadura, sem nos querer– mos l~mbr!r que a ampulheta e a foice sao seus attributos e que elle é seguido pela l\tlo;te como por uma eterna Antigema! Temos as estações, a aurora e o crepusculo, a claridade e a som?ra. Isto não nos ba$ta ! PreC1$amos partilhar até O . _ f - • m _1111to esses momento$... Qual e a rosa que resiste ao triste d~sfolhar de suas petalas? As– s1_m o relogio desfolha metho– chcamente o dia· e·lle a , rranca uma a uma as suas pétalas cla– ra~, esphacela-as em minutos em ~egundos, para recomeça; depois a sua tarefa..de , morte, :-,orn o largo pivot nocturno· inda mesmo que elle na:-o • I - se ac- ce ere e nao se adiante 1 . b . . ,-a ora som na, a hora mevi·t 1 ave, de perto nos aguarJa e d .d , scon I a no centr_o obscuro de canismo ? seu me- Eis porque sentes . b . arrepios na som ra , leitora amig . d 1 , a, J un- to o ume que s exting ue, por entre o aroma a::afroado d 1 . ,. as tu 1pas que ,enecen, Esta's t . • e ris- te e penserosa, como se v· . d . 1g1- asses o 1a mor to, um bello dia d e menos, empolg ad o pela ho ra e do q ual dentro em breve nã~ restará s enão o pha n ta s m a ... Po– rém , não ch o res . Out ros hellos dias Si.lrg irão, leitora amiga, das cinzas desse (!Ue morre; outr'lc.i flores v1rao rtflorir-te o jar,lirn e no,·os lu= mes hão de Sur!lir para aquen– tar teus pés côr de rorn e nú~. Não procures a tarde ttn que, mirando-te ao espelho, te sintas outrn ... esquece a hora, esquece. fü,quece a hora que separn, a hnra que fére, a hora que mata; não penses senão na hora que approxi1113, que une; na h ora que nos sorri e nos enle· va, n a I ora íel iz ! Nisto con– siste a sahedori.'l .. Esquece o futuro; esquece que teu.;; olhos se fecharão um dia a todas as coisas e que elles hão de chorar... esquece! quarto de doÍ-rnir ........... . Accordaste meio e,oavorida: não sabes a.gora quanto tempo se paS$Oll , quantas noites, quan– tos a nnos !... Atrever· te-:ís, á claridade do d ia. agora, a con– ~ ultnr teu espelho, a conternrlar teu ro$to, para vêr se ainda é a .~esma. se tu n:'ío ficaste ve– lh;i, rnu:to velh::i, 'I velar clurnn· te a longa noite? E agora não pódes con!õ uila r. o teu relogio. ironico e mudo; ellP marca uma hora immuta– vel, aquella em q•1e n tua pe– quenina mão o fez parar: e é em vão agora que perguntarás á s ua machina, ao seu mostra– dor, aos seus ponteiros immo– veis : "Dizei-me, por favor, que horas são?' ' "Que hons são?" Mas, q ue fazes, leitora am;ga? tua mão nervosa abre a porti· nhola do relogio ! 1ua mão pe– quenina párn os movimentos da pendula que deixa de agir, corT~o o coração de um pssaro que J ACQUES RoLLA. ====== 0 ============;>--~:=:-=== TEUS OLHOS T eus olhos são dois _qrandes diamantes E11_qastados 1111111 rosto de j.Jrincesa. Eu quando os 11ejo, b el/os, palj.Jilanles, Sinto a 111i11h'a/111a num mo111e11to accêsa. 0/lzos que prendem muliidões d e amantes E es/Jancam de meu /Jeito a atroz tristeza, Quando os encontro em rá/Jidos instantes, 1Vos bonds, nos cinemas, d e surpreza. Olhos que são dois astros... Que illuminam, Se necessario . .. toda uma avenida; Que /Hendem, que sedu z em, que fascinam! JJor isso é que teu /Jae, - que economia! À /.Jroveitando os olhos teus, querida, Não _qasta mais a lu.z da Com/Jm1/zia ! Z t VICENTE.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0