A Semana 1922 - Novembro v4 n 238

UM CONSELHO .. .. ~ ...... ... ..• . ... ... ... .... •■11 ■11■11■, Aos meus inimigos Se algum dos meus gratuitos inimigas, que os tenho e bons, num dia de azar, tentar por termo á vida, eu, alma cari,1o– sa e boa 1 aqui lhe dou um conselho: Não proc·Jre s uiciçfar- s e com armas de fogo: é d:iloroso o !raspasse, soffre-se muito e, al– gum_as vez~s, quando o tiro não offende um \·aso importante, um orgão melindroso,_ o suicida é salvo · pelos soccor,ros rnedicos e ganha eri1ão d ;r: ei.to ao appel– lido de Mal atirado... E' o caso do ditado:- Além da quéda, o coice; pad~ce. e ~ã~ morre, soffre e cor:itinúa a v iyer para maldizer-me... Ü expeJiente do·Vefleno, tary1- bem falha, e quando, ç-or exem– plo, o tox ico é acido prussico que é instar.taneo, e strych1ni– n a, sublimado, phospl")orv, etc., cuja morte é quasi infallivt-1, o infeliz s uicida soffre torturas infernaes, dores horriveis, antes de passar desta para a outrn vida. Não se suicidem por meio rlo veneno, inirnigos m_eu!-; os !'Of– frimentos são do infe rno e eu não lhes desejo mal ne,·,hum. A asphix ia por s ubm •rsão... é o diabo; antes da morte ch~– gar, os soffr,ment os sãc> doi'o– rosos : caimbras, delirios. dese~– pero; bebe-se agua sem ~e ·que~ rer, um horror! Não s~ afo– guem, portanto... Se ~ _de.sespero lhes empolga o esrmto; se o destquilibrio' menta l lhes appa recer u,n d r,-i, o u se a mania tia rer~eg 11 i\:âo lhes atormenta n ::il mc1, procu– rem na forca o térmi)lo da inu- lil existencia... · O suicidip ássim. é uma deli– c ia ... a gente vae parn o .out ro mundo vendo e ouvindo coisas bon itas! E para que não appareça um importuno qua lquer que rrocu– re salvar algun"'! d os senho res, na occasião da manobra, fe– chem-se n ' urn quarto, atem a corda e dependurem-se. E is c o rn o será a rnorte dos senhores, tal Gomo nos .::onta um condemnado, que foi salvo... contra a vontade_: "Eu es,tava já dependurado, havia tres minutos ; es ta,va, poi~. entre o céo e a terra ... Uma luz opalina e leito~a 111e acarici- 3,\·a o. olhar; u.m gosto de favo de mel, de uma doçura desco– nhecida, me deleitava o palada·,; eu tinha a s ensação de voar 110 espaço, dtixando o unlverso a.traz de mim. .. cu via 11111 GOn.certo, ·divinam~nte harmon ioso, d.e.har– pas, band~-lins, e vozes do céo... fri um verdadeiro marty rio; dir– se-:a que cada um de meus membros era a séde de uma tortura nova. Juro-vos que nem por todos os thcsouros da ln– dia eu ~esejaria tornar á vida desta forma." Que tal? A volta á vida foi um rnaFtyrió para o desgraçado, -elle dava os thesouros da ln– dia para não ser salvo! Foi então que .ilgµern n1e salvo11, es tupiJa.mente, cortando a cor,l:1 que me de!Jendura va... ·Maldito. .. Ao \'oltar :J. e!,ile mundo a mi– nha im i;ir.e~sã·o fo_i dolor;osa. sof- Portanto, inim:gos meus , aqui lhes deixo o meu carinhoso con~.e:ho; quun k> já e t \'erem cançados de mal lizer-rne, e .ª vi.ta dos senhores, feru prover– to nenhum pira. a humanidade, for corren,lo mal, muito ma l... ccrnprern uma cor.Ja e se en– forquem... JACQUES HoUA. r· Bucolica :··· .................····· .· .... · ...... ____________ ,\li na meia sombr:i de urna :lli 1 a, Ílc 'mus!JO e manchas de hum!d:ulc cheia : Jlovimrnto 1111e al!Jllem 11clrcíu:011 1\11111 :rnouho de :1r1t· dcsmcfolo; U'.i mulh1•r ilcsc:rnça. Tod:r sorriso e pejo o hnsto all1•ia; llnsca IIIIUI !JllSl.o li lllillllO 1111c voou; . •;1111111:rut-, e-111 1111•io o corpo enconlt·a-se escorulttlo ~a 01111a l'iqJinal d:L d1•s111and1:11IJ trança. Chorn o onalho a cahir;- 1': a malla •.e i11di!JO puro, ~'riorcnta, c111, darn 1•sc111·0, \'ac se cneoJí1c111l11, a tl11ru1ir. ,\ esl:1lua que tratluz a tliva .1bantlon:11la, l'itros tahi•z, lalrez husca1lo !!oudc ~lil11•11ios í:ira sote?T:11111- llo tcm110 na :11l11skz, rios :111uos :ilral'éz, Conserva a resistcm:ia atomica e 11crfoita E o branco ori!Jinal tio blo1;0 cm 1111e é talhada. Chove h11111ill:11lt1 cm lorno;– E il ,,cnl, cathcflral, E\lra11ha calhcilral ile Cl'Jlttas de folha fü,;cc o silencio nwrno 1111111 1·xotico e uovo ritual. Xa anda tio co11111lemento o ges!o eterno :malta; Pedra feita mulher ilontlc o arnaar 1·cs11lla, Parou na graça, 1·slanco11 na hl'llcz:r, E Arte traduz tl:i Art(, a constante 111ccrteza. l'or issll ha no :1nored11 Uma pa:t. rel"giosa; A 11y111111ta !Jllanla 1'111 SC!Jr·c,lo Jla •alr11;1 .1111c lhe. tl ,u ,·ida Aeh:1111:1 mystrriosa !. .. 10-\i22. O séas Antunes. ., .... 1

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