A Semana 1922 - Novembro v4 n 237

D 1, ......_..._.••~m-v~••••••••••H• A SEMANA A Pausa das Horas ,11.11■ 11■l,■n■ 11 ■ 11 I 111 ■li■ 11 ■I> 111 ■1,111 111 ■ 111 111 1 ( No \-dia deºFinados) No ar quieto da tarde, riscado de negro pelas borboletas do outono, pairava a tristeza d e todas os ,an– gust ias e a saudade de todas as_ale– grias, que_ fôram na vidn um moti– vo da proprin vida ... O s ilencio em um velho mong-e que fechara os ol h os. nn. tarde, para evoeurºj. ima– gem sagrada das s uas ultiml\;S illu– sêies .. . E na tarde a voz lo:1ª dos s inos era como a voz canruda e somnolenta dos mon ges, qnn rezam 11a distancia o «De Pr,)Ítrndis• dns horas que já não voltam ... Ah! cad1t hora que pasrn leva comsigo uma illusflo e deixa comnosco u11m saudade.. . saudade, ás veze~, de um prazer inexistente, que só é co· nheddo dentro de um sonh o, mas d e uma nostalgia profundo, vis1ve l como si jtí o fosse experimentado na vi,la . .. Quando o homem triste olhou, na tarde, o céo e as coisas, se ntio rpie n.lg- nem lhe acce11nvn de longe, de muito louge, lá do infinito das dis– tanc ias, onde a vida se pei·de e o o lhnr n ão mnis 111<-ança ... Oh! o adeus invis ível e longo da 8andnd()! E , na tarde, a sua a l 111a ca11,ada v ia a rder nos tln,rihu los de oiro do poente, as ant;gns flo res do sen pri– meiro sonho de n111or... :Ficou assim. c•1:trc a vida e o ~o– nho, a recordar, doloro;amcnte D recordar ... Na ampla sula cor dP violeta Elia ch egavn . . . Era sempre a 111Pl-11rn co1n os se us sorri~os e os S<>ns g•ps– t os lemos d e crra o.,a fr-a.,il e 11er ,·o· "". . . Ti11 ha uma alpg•ria infn rotil n os oll,os co1· de nr11 bal' e nos lal ios 1·uhros o rythmo sonoro d_e.um hC'ijc, de 11111 niinuFcnlo beijo q ue fazia o rnellrr r encan to <l nrp1ella v iela feliz a rlo is .. . Em linda nquelln. t:orcle d e iroverno, sem chuva, ile 11111n 11evoa azulada c11 rno o fumo do c i– gano, que e lle soltava interculnda– rnPntP ... Oh ! pnrccia que o inverno era füilo s irn1Jlesmente para o nmor .. a v i-:la no iovern0 corria s ilenciosa, rrpousnda. co111 ns s uns fl orC's muito pulli<las 11;1Ls muito cl1eías de perfu– mes .• . Oh! e os ja$111i11s que pu· nhah1 u111a tentação b ran ca na qni· Ptnde da alcova! E os sino~. como passn ros de b1'0•1zr, a cn ntoi·em, 11 cantarP111 , na tarde, annunciandoJ us festas nnó' igrejas! _i\h ! Elia cerrava os olhos parn o c,10 e a s 110. branca s ilhueta parecia 111a is n m grande ly r-io de amol' . . . ~ o nmol' era apenas um l_y rio branco que se abria. como um beijo, 11n a111 p la sala cor do violeta. perfr– mnn rlo de sonho a,r1uellns exist en– c ias s ile nciosas . .. ••• Q uando o Homem triste parou de evocar parecia q11e a Cidade toda se evaporava naquellr. rnmaria de som· bras negras como a Morte e doloro– sas como a Saudade... Tnmbem vestira-se de preto, to– mara nns mãos as flores mais lindas que encontrara e, como um som· nambulo, sahira a caminho do ce– milerio, em b usca do t umulo onde dormia no extase dos Silencios, sob a poeira branca dos lunres, o seu grande, immenso e infinito a111or ... E antes de sahir não p udera mnis con ter toda aqL!el la o nda de dor que se lhe acumulara na alma, e expio· <lira num pranto v iolento e s ilenci– oso, banhando de larrrimas t odas nquellas flores, para que ellus fos– sem assim 11111 pnnharlo d e mag uas e snudades, naquella hora em q ue as h oras 111orriam e as alegrias j:í. 111io eram senão apag-adas sombras clns outras, das que ficavam perdi– dus na distancia dns horn:- . . . MUNIZ BARRETO. Occorrencias Iutuosas O j'r.111/codo jo11r11 Ou·ar Pinto de A lmei– ,la. aou/,.,-11,ico ,/e: I.JirL•Ílo, 1u1 "º·"·,." Farul– d,ulc. ,. .,.,.,·,·11h·111,·11t,· /111/,:cid o nt:sla ,:aJJi/11/. M:rnldi. de um cóo afogní!ndo e lo,,ro. O g11 izn l11nr d<1 vozrs pe··dirlas na di i,fancin pelas longas e larg ns nla– mê<lns se vinhn confnn.:i ir com o mnrrnnr-io perenno d a corrente <.:ns– coten ndo na g rntn.. No <'irnn e] :~ collina que f11z um d os í!ncontos desse 111ng-11ifico rPtiro das n,·,·o rcs. e 11conll'ci o men nmigo ----~-------------. Cinema Rio Branco n ois • filrns11 rle g rande succcsso Sabbado: ,\ lin!rrmrira E1q11'11ho~:1. IJ0111i11_qo : lllOI.IIS m: 11.\11110. Soares Lobato. Sentado n uma gran– de pedra vestida de r elvas pnrecia dominado pela \'ertigem dum sonho. - Olú, Roares. -Oh! Alcino. Você por uqu i ! · E, então?! Que tens, Soal'eS 1 Estns trbtr.? Não; é teu engano. Estou se– g uindo aqul'lles uoivinhos. E apontou-me ao longo de uma alea ai vejunte. Eram do is e namora· d os que caminhav am a passos len– tos na delicia suprema dos deva– neios d'o môr. -Conhece- os, Srares? · Elia, apenas. E' a filha do ma- jor Cmnpos, a Orminda. - E elle? -Não o conh11ço. L ernndo malicios,1.mente o biuo– culo aos 01111,s na nnsia de 11111 •pra· lo novo» para os com·n,entarios d a noite na lcrras.çr <ln Grande Hotel, pôJe r rconlH·cer o hP1·oe dc~se iclyl– lio á. s0111b1 a dns anores. -Ah! ,Tá. sei... E' o , :ezar Me– nezes, official ele morinha. Os do is 11 oivinl11,s á proporção que se approximavam, mnis lenteciam o anelar. creio que, poucos desPjosos <ln cheg:trcm a,1 pequeno largo do ~ Bar• oude a s inniis da senhorinha n esperavam sor vendo golinhos .de g'U:.tl'ftll:i Senlro rinha, altn e le\·e como uma pl11111n. lo nm corno as ynnJ.-ccs, rig"- 1·11. arnente Vl',tid:r de vereie, numa dc•lic iC'sa hannonia com o luzidio 1:Pr 110 branco ele seu j ovcn officinl , ti11h,-:. o cnconto das he lle nas e pns– s , iava cn l1·vnda ,\c,:1•de11cl11 a'l con v ite de f-en ele i· to foi vi; r o volteio s ulomé ista ,lo pPixc-bo i á tona d"a g ua. Ah! quanta dcrl icnção ! Senhori- 11!,a dcmon~tro u bem qu mto é rx– t, nrr,oso o sen pequenino oora._:ão ! Urn arnrfo ! S irn um arrn ío arran· .indo por c lle muito a proposito. Se- 11ho ri11lon é n:uito in oen un e e lle parece gostar irmnens; do 111 1 od o o ri· g inal com que senlro rinha tennirJa 11;; s nas con tendas. Foi rn::..I acostu- 11,aoo, tn.lvc-z . .. Que e nrhnrnço quando nos viu! A Ir ! senhorinha, perdôe-nos a pre– sença e, creia-nos, não houve repre· j1cm-ão de nossa p ~rte. A v ida é isso mesmo. Um o lhar... um sorr i;,c ... nma palav ra , e de– pois ... a felicidade! -Ah! a s ublime lo ucura d e qnem ama! murmurou o Soares Lobnto sen sivel me nte mngoado l,u, quem s uhe ? !. . . l>cm i II vejoso. , Não se imp1es~ione, senho rinhn, e não abandone os seus pasEeios. A vida é isso· rnPs rno. U m olhar... um son1s0 . .. uma palavra, e d e– pois a felicidade! MARTINS \'JANNA . ___*___ Q dr. Eurico Amnnnjás f111 ú o ob· SPq l1 io rl u con, pnr PCCI' a. PStR r ed acçito, onde lhe desej111110s fnlnr.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0