A Semana 1922 - Novembro v4 n 237

1 @. (3 rO'nuuice rk Não venho fazer a apreciação da • novel/ade Tolstoi, que tem o mes- 1 mo tit:ilo, nem desenvolver critica– mente a s ua psycologia. O g rande pensador ru,so, que mnis de uma vez. 011:<uclamente, se defro ntou com o p ~oblema do casa , mento, deu-nos aspectos diversos da s ua maneira de o j,1lgar em dois Ji v,·os famosos: A sn,w/a de /{rr/" :cr P. () romance do casame11/o. Mas o philosopho acaha por se contradi• Zcr nestas d uas obras, qne são ver– cladeiramente o r eve· s'l uma da 0 11 • tra. Na primei,.a, o pessimismo é ns pero e doloroso; n a sen-unda 0 c ptimismo é uma cons>qu~ncia 1 da pnrção de bom sensll, rle e'] uili brio e ue di g nidade qne enche as s 1111s paginas ele annlyse. de philosophia . o até de emoçii.o lyrica. l\fas é ntil le l·us umba~, porque se completam, marcando dois momentos differen– tes las idéas do moralista, acêrca d ., um problema que a sociedade de hoje est.i encarando com a mais condemnavel <las leviundades. N,io é, portanto, da obrn de T olstoi · que➔ •iesPjo tratar neste momen to. E' da propria inst ituição em si f do a cto mais s~ 1-·1O . ' . ~ e mais grave. 'l 11e se prn~1ca geralmente sem nelle se re fl ect1r. como se no desv .. a11 amento pudesse assent1t1· a propr,·· f 1• ·a a e 1c1 a- do, como se o lar fntnro d pu esse e rgu~r-se sobre o tnais fntil rios cn pr1chos e tornar-se estavel <l. . J' d d som a i~c1p ma e nas consciencias illn- rn1narlas po r um ideal º ttp . _ ., enor, e o bom senso. a r.i zao, n inteJJ· c:r . !! . . 1~e nc1a, em a rn11ça perfeita corn 8 sensibili- dade, a infl uírem d imntamente no nosso rles lino. E eis porque o casamento rnrns vezes 6, e ntre nós, um processo de constituição regular da fami lia. Ha casos em que o periorlo rln [11a de mel não cst1í fi ndo ninrla. e jú o ted io í!omeça n i n vítd ir n casn, owte a nmlMionadn fcli<'idade não rhe• -rou a entrar. E qnal o mnti v0 eles- --.-- li, _ _ (à~ fu~ .0 1 Notas sociaes ; ... ... ....... ,, . ... 1,1 11 • •, . ... ... ... ,,■ ... .,. ,,. / I ( ~{ \ .f' ~ ~ ! • ~ f -- / l . ,~ ~ ,1 sc:11/wm L11cia11a Sa11/os l0 J>esscw. que II111a11/11i /i1: 1111 ,ws, , ,: i,011.wrle cio ,.,., M111rne/ /'c•s– s<i11. Jimho lhc:n11rcirn c/11 I11- /1•11tlrnciC1 M1111ic-i111,/ ele lidem, ' ! ,. 11i/cc:/11 (il_~lll cio cmiuent~ se- 1 111wlor r:y/!I Wllo Sri n/os. c/1(/tW 11 1 chefe ,_la _ c1111.i111u11a ciC's/ 11 cicla- ,\i ., ele. n,.~1111c/11 /1y11rr, ela sncic- 1,. @ c!C1tlc p11r11e11s,·, a cslimacla '\'Í) 111111iuers11ri1111/c ucr se á ro– . c/c'll(/u. com ccrle:a, c/11s cari– ' nhosas home11r1r,e11s cios q11r ,1 ac/111ira111 J>clM ,·1·11s [)('/los a//rib:1/os ele l'SJJiri/o e /'0/'(/ção ~~- - ---~= -=~=- ic, Jf@ -- :.:i @ '-0,~ T0~'"° - ·r~~ se desastre? P.' qne o rasamonto nüo tem, em rrgrn uma srgurn hnse moral. Qunncln niío nasce do cles,·ai· rnmento ephemero rios sentidos, re· snlta. 00111 certP7.a, do nma nllianç1t ficti cin ele inte resses e ele conven– ções. E é de ahi que provom a s ua rnin1t. O homom e ll mulhe r c ncon• trnm·se, cntiio, lado a lado, no mes· mo leito, não já como dois estranhos, nrns como dois inimigos. Jü, se ni\0 p rocurn1u em beijo3 frementes as suas bnccns rnq 11 iosns; repeliem-se, olhnm-sc com asco, detf'stam-se. Verificam, e ntão, lnmrnta\"Clmcnto que se enganaram; querem recupe– rar a feliciclnde com que s,mhavnm, mos n sua v ila perdeu o rythmo, ns suas almas perderam a alegria: e a franqueza, a confian('a e a s1tti,fnc· ção moral de outr'ora não as podP· rão cnc,>Jltrnr jamais. Sentem-se abando nados e perdidos como dois naufrngos; vêem o coração sem affe· ctos: e, em volta, a cruel, a espera, a Jw<;til realidade de uma existen – ci1t sem objectivo e sem ideal. Por· quê? A penas porque não souberam reflectir e erraram deploravelmente o ca,-ninho; porque procuraram no cnsamento a sati,facção ele uma sens ualidade rep ri mida ou julgaram possi\·el a allian,n de d uas n_lmas, Com n fusão ephe:ncru de dois ca· prichos. E o casamento é umu cousa hPm cliffercnte. Centenas ele pPnsa.:lo res, rle philosophos e de psycholocos o têm ann!ysndo em vão. O casamen– to contin°un a ser para mui t.n gent~ i1mn pn ra afíirrnac:ão lyrica.. l·,. ainda menos do íJUe urn n,ma.nce · ó uma ode, é um epita lnmio, socco e convencional, como se dentro delle Pstivesscm anichndos, murmnrun'. 10 t s da A rcncl1a· versos, todos os poe 11 - · Creio qne foi La Brnyére qnem nffi rmon serem ra.ras ns mulheres 'l ue. pela sua conductn, consegnc~~u ·a s se nu 0 fozn com qnc os mnn o, arrependam, uma vez no menos_ ei~ cada ilia, de terem casado, invrJan do sempre u s it uação elo~ h_'.)mc~is solteiros. Mas os mulhorcs nuo sao, • fel ·1ze' Foi tu! vez o cm rcgrn, mais • ~- rcconhecimen to desta verdade que fez corr; que B1tl7.ac, na Fc111me ele /rente a11s, puzessc na bocca da s ua personagem estas pnlnvr~s decisi– vas : ,,O casamento, tal como se pratica hoj e. rnrece-me uma pnra prnstit uição legal. F oi ahi que nas– ceram 0 ~ meus soffrime ntos. 'Víns, entre as clesg raç: 1 das, tiio fntnlme nte presas nos 1lestinos matrimoniaes, só eu tenho ele calo1 -me, porque sou a unica auctora do mal de que pn· deçn porque foi eu qnem qu iz o cnsn111cnto.• ~ J. ) 1 ft

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0