A Semana 1922 - Novembro v4 n 237

Traços & riscos ~~ O lampadario côr de botão de ouro brnnia a sala azul duma luz mortiça e dava tons de carnalina ao tapete de velludo cereja. O aposento rescendia a heliotro- pio. · Uma cnçoula, em t ripoide, com pés em forma de garras aduncns, soltava um fi no risco cinzento de incenso, que torcicolava em fnran– dulas ephemeras. Dois paincis tristonhos, emhuti<los -na parede com arte, circumdavnm a es tatueta de Venus , com a cabeça coroada de g uidundas de verbinus, num impressio nan te contrnste. Um vaso de ro~as vermelhas, meio-ahertas, ern p las'ava n mesa de uma manch ,i berrante, lembrnndo uma grande nodoa de ~ang ue vivo. Carlos abafado num paletol c in– zento, recostou-se com indolenc ia na poltrona esca.date Luiz XV e continuou a falar, fitando os olhos de myol'otis de Alfredo, que. com ares de tedio, fumava u ciganete ing leza: - A lfr eilo, na vida se Pncontra home ns com i11sti11ctos rle feras ... l•:u j:\ os ten Iro <,bserV;,do 11111 ito. Uns são s11 11 g-uinurios e traiçoeiros cnmo o~ t igres. Outros atacam com mais a lti vez n•os niio tê111 nobreza preci~u para luetar e s urg-<'111 ros- 11u11do c,,mo o., c.iPS. li a os que se pan•eem com as pa11ther-us. com as ltye11u~, conr os leopardo,, com os g-ulos sPh ngcns. Porénr, tod os es– se,:;, A lfredc,, Eiio m!'nos pe ri gosos do que os que lêm instinctos de ví– bora O lt ! esses são raste iros, são os pe,.res. A pproximam-se de man– so, com e nto naçu('S melifluas na voz <' se en ro~cani, colll iam, se cncon– chum, e.·perando n occo.siiio de d ar o salto e mo rde r. l'i llrudos no bote <lisfarçanr, nté outr-o mornent:> pro~ pieio .. . Alfrr do, desprern os iníc· ri ores de caract.!'r. N iio desçds, s i11:io te hos de mi pi· car J e lu,lo. J,;' u111 c1111se lltn de arrri – go. Que te i111 p111ta qne tnu arlver– ;;ud n fosse co rnrde i' ] rrit 1s- te por isso'/ ... l )t~ixu· o. pe rdoa-o . .. l 'cr· <l nnr ig-11 nrnn1 cs é urna obra de mi· scricnrdirr. ,\tucns te·o com n nobre· za dos 1111ti:.:·o~, a deseobC't'lo, C'lll campo livre. e e lle l'ug-in. fez o pu· pel do s,)ldudo que nt u11<lo11a urna pelPja. Fostn !Pai , por isso o que e lle or– llCJa r· 1111 sombra 1111du nrni:s é senão o reflcxn do q uanto vulC'. Os 11ullos ~tio l\SS itn . . . Alfredo, qrre Pscutnvu e m s ilencio, e m voz pausada repl ieou, cles follran– rlo lentame nte 11 m gernnio :- Carlos, mel lror do q 11c e n snlH'S o verdu<lei– rn moti\·o por que esse ex - anarc lris– ta uão vPrn ele cabeça e rg uida. ~a– lies . .. Aqui te nho co ncatenadas a;; A S:ml:ANA s uas faltas, os seus plagios, as in· numeras <lescahidas recentes, a pro• va de que desconhece as mais sim– ples regra de g rommatica. que os estudantes primarios repetem todos os dias . . . E o clia que e u quizer, esm9go-o sem dó nem piedade. E' só el le experimentar. .. Não j ulgues Carlos que me importo com sua vida. Não merece. Digo-te isto, tão somente, paru que elle n ão veja no meu s ilencio uma derrota e paro. que saiba que, atacado directamente, procede rei como homem e me de· fenderei em qualquer terreno. Des– prezo picuinhas inrlirectas, proprias de q uem teme vir por o utro modo. Conheces bem o seu passado ... - Não te importes: os imbecis NOTA~ SOCIAES Annc/l'lo Pa11111lowc t! o dirigrnle r/11scc:ç1in drnrndis/ica </.A SEMA– NA e crr11111,111heiro di_qno da 11ossa rsli111a <' <ia nossa 11d111iN1ç<io. Cheio cit' boas <11rn/i<iwlcs, que o dc11a111ao co11cci /n r111 que r,crn/111e11/c <: lido , o pn·.rn<io C<1/ll(tr<11l11 sabe <ia si11cc– rii/(((/c <' ela <'/1/imio 1fr a//i:clo c:11111 que o abmçu111os pelo /di: 11co11/e- d111r11/o. que se jnlg.rm semprn tulenlosus ~iio as~i111 mesmo, arrematou Carlos. Ademai~, e~tás n perd('r tempo: os múus se distraem por s i rnesrno, d iz o proverbio. Lá fórn a paisagem se empoava d11111 c inze!lto d e luar e um garoto, müos nos bolsos, passav a traute- ando . . . SANDE. ____*____ CORRESPONDENCIA Sr. A 11.:eric:o Vieira-Chegou ás nos~u~ muos rlemasindamente tarde o q ue teve 11 amabil ida•le de nos en– viar . C:0111 muito agrado fnremos in– serir llll prox imo nume ro d 'A SE~I.INA, Respingos --r (9 Nada mais ir, itnnte, di1.ia -n'os em conversa, rio lr:rjeclo do I.Joude em que iamos, o ar. Deodoro de Men• clon .;a, do que se apertar a mão rle toda a ge11te, a l-crd,íl líora e éOJ lodo Joga r. Cow.:ordamos com o jovcn e dis• t.i111'.lo co11gressista parae use e, des– de Jogo, ficamos_ a solilo111uw r sohrP. o rnáu habito do ap1•rlo de mão, que por luim da lr ygi11ur, devia dega p– parecer. lmag in r. m, ,·oces, que a pente te m de coutag1ar a mão com outras que nstüo humi tlas tfo s uor, duus zinhor quae~quer: e igto, durante o dia, Pie v,rndo-sc a su n1nia a umas quiuhe n– L:rs vrzr.s rnais ou 111e110~ .. . -E' h,:,rri v<?I, é dn facto horri vcl, s!i111e11ciava o cororwl 0Podoro. Ai11• ria sP. 110s fosse dado tPr prr.sa ú~ nossas mãos su111e 11te as dP.ssas lin- das crt>aluns que lr m!Jram duas coll(:has 11acaradas c ujos «cal.Je llos P. nlornam pP.lo ar 11111 a roma volu– ptuoso dr. nardo P. he 11joi111 ... o - Ma,, retorquimos, es.,:,s 111 f10~ dt~ {ada que s11 esq uivam são corno os fogn-ratuo, e o co11laclu furti vo, q11a11do PIias nos conced1in1, nâo 110s dil a e:,q1Pri11ll~11tar as vihr:reões de 11111a ardP11t1i vol upia. · --Estils lrnga11:Hlo, caro a 111igo, as mfros qwi nos esli11rn111 , ao sPulin•m as nossas, l'lll iiora rurli vamPntP, 110s proµordona nr ~P11~:11-:ô"s .:!Plic io,as, q un l1P111 sa lll;s .. . ~)ai pro111111cia va rssas palavras o di,Linclo i.d vogado foge de 11ossa prnsPnça, a ir reverentP, sa udar u111a li11rla c rPatura, que llrH dardeja va 1111s olhares traduzidos num g r~ude a u~<iio ... E o n,!111l11rc•, com «a plomlr », a pr.r– tou aqu,dla rn :'w <!e v1dl11do, agri – lhoo u a r.011111111111hto dncari11ho P. violP11c ia, parecPndo seulil·a em toda a sua dt>licia ... A;uellas 111:rnsl sim, 11ãoera m a!\ que a j:!Prrte ape: t,r, a toda lr nra e ,1 todo o lngar. .. EovR. Cinema Rio Branco l Dois «films 1 1 d e g rande snccesso Sabbado: O ELEliM'iTE IIUHACIU Domingo: IIOMBIIO Al\MAS

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