A Semana 1922 - Dezembro v5 n 244

:li ·on t o~çc:::~~ '-ê3·crd~eYfldr2o 0~r:>~IMl~r:>~ ¾ Natal dos tristes I t j 0~~~~~0~~~~~~~~~ I O CEGO (Palan·as tcxtu~os) "N:io vemo~, tomr1i- a all11ci11:l(:ão da vista: ,uni sonho pr.rn1a11,rnl.:. O nosso horizu11lt1 está e111 11o~s11\i pro• prios olho,;-6 uUJa 11111rallta de soruhras; mas o que t~da a gen~e CUIJSlll)'UC com 3 vi,lac IIUS co11~0g111~ 111 os com a i111agi11açao. Imni: 111al' e ver. Encarcerados, e11d111111os o 110~– so carc11re, onde 11ão outra um raio de ~oi, co111 o Idea l. Temos ctirleia dH qne as f_?rm.'.1~ quo creamo~ i11líU1am1:11Lti nau ~ao 11 ,; vPrdadP1ras, ma_s .sat1,fHz_em-11ns. Nascemos 1111 pros1d10, 011v1m!ls la– lar do q11P ba lá fóra o d,·Sl'Jamos vnr. Temos a i:urio, idad,: 1p1,i é, para 11 cego, o 1111". {> para o grilhl'lâ o instiucto da l1herdad 11. Uma estr,·!la, o sol, a llor, os 0 hos de 11111a 11111lher q110, 0111 tor- 110 ,to uó,, t1,dos acclamam, ~P. rão mais 1,ellos ,i:, r,·uihla1t•: d,, que os 1 111 ,,lliu,11110~ '! Mn, _q11n e a hellei~ '? pi:• gu11ta1·P1s. Que e a 111•11,irn su11ao a visão perfuila? .\ hr.llPw (, imagi- 11aria. Nó~ 011Lros tn1111>s as 11os~as h,•lleza~ te11Phro•os. Srrntim• s e Lauto bn~ta. Para o gozo temo., º, t·,ctn, tt!mos o olfacto, t n1110~ o nU~lll 11 , • Qu·• 110~ imporia a t11r111a da ílor ~" lhA se11ti111os o 11r rf11 111u" a ma– ~·iPZ da, pelula? Quo 1111s importa 11 fw v1ir o Of,r:1110 !<<l ouvimos a s~a µr:1nd1, voi l Que 110~ _importa nao ver a p;,iil,1[-(!' lll s:• Sf'lltllll O~ º .~ro!lla ~ilvestr11 da~ horl'as, s'.1 ouvimo~ o 11111 gir elo irado, a c,11,çao do ca m– pnuio, o 111:1_r_1,n .1 1r10 elas aguas quu rr•:;::1111 a~ l 1 •~ •'\ • • ,,· :is ,,~,a~•l•'' ( 1111~:ir,: 'lllAll:10 ::IS roi:1ircrmos'? m1:ll10r do ((llt! vós as d i-Líu~1111nus. l)r1.1•~1111s, ~•·111 . wrrnr, qun llllo Vl'lll do "!·1 1 •11lf' a pn111a~A– r:i, qu:inrlo elo zn111l11 tl l'Sl:11 o <•slln, 11 11 amlo 1lu l1•1TR sohP. n ou l,1110 uta– t1nrn, q11n11d11 11_0~ chAga ,, 111,·r rno elo oc1•.idr11te tn,sln. E, 11n11~ do qu« vi'!•, i11n,11ili)" a ;>,aluroza: el l:,, p.ira 111 ,s. t,•111 1Ts lllPS)IIOs 111ystl'rios qua 1 ., 111 l),•us pura vo~ outros. ~ui, r.r •o• dia11l<~ <la l'rnvidPucia , ·,ivPis '"imaµinando o Et~rnn Sl'lll : 1 u 111 ,;i o s1mlirdes SP~1í10, er~ _muni- 1,,,t:i~uM 11uo lhe a~lnhm,. Sois 1110- 111,, tdiw~ 11110 nu~ •1uc amallloS q Natureza e que a sentimos sempre em dupla c:-.1steucia-real e imagi– uaria. Podeis ver o Deus cujo nascimen– to festeja is? onde o vêdes senão 11al111a '! Nós tamllem nahna o pede– mos ve1-. Caot3iS em torno do imn:.?inario, a vus~a festa é 11111 ~011 ho. QuH Ili suhe S<i 11ãu t? mais hello o 1 ue so- 11lrnmos? A musica quti ouvis, ouço-a eu tamhem. Qun importa o f P-i lio do i11slru111ento se a sua voz é que me deUcia, e assim, s11m vel-o, chogo a pen~ar que vP.m de lonf!e a sonata, <JUH ~ão a11jo~ que drdilham linrpas 111ysteriosas e goso ouvindo e 50- 11ha11do. ' O amor, dirris ... o omor ' resida no coração. Que irnporta ao CPgo o rnsto <lo sna amada se o runior do SAll p.i~so, a me lodia da sua vuz, o ~wrfume elo seu halito hustam para dPlicial-o? Ve r é ~enlir com os oi ho~; os cnizos vem com o coração. O vosso 111u11do é, t,II Vt>l. i11f1~riur :io que sr1 11hamos: sem chaf11s. sem podri dõt>s. Sú sei dri· u111a ce~a 11110 . rhoro11 po r 1iiio vnr: foi no dia Pfll quu lhe nasceu o pri111eiro filho" . 11 O SURDO-MUDO E vú o íllho da céga: o rlia P- cla– ro " vem 1la trnva fi a 11nit1?. \'(• o li Iho da •·óga... A11tes 11:io visse. JJ{, •1u11 lhe ~"rvo LHI' vbla ~e 11:10 fala. Ml não ouvP.?! Parn PIie a Na– lurP~.n P~tá morta punjue nella só lrn sil,•ncio. MoYt>-sc a 11alma rio coqnniro, nllr. 11[111 ouvo o farhlho; ca11la a ciµ-a rrn (ln e~lio, t•IIP 11ílo 1111v11 o cicio. Ai111la assim é f,.liz, não o la~li mei~. Inwgi11:1i a ~ua dor se nuv:~~P.– succu111hiria como 11111 a111111:1I q1111 a rHfa ~sP sn,n p1'e a n 'Cl'lirr car~a s11111 11u11ca pode r alliviar-~e do 1wrn. E' 11111 1•d1lkio f Pcliudo oncte 11ü,, e11Lra, ele 0111.le 11:io sa l11• viv'alm:1. l'r,lo~ olhos, con,o ror tlua~ clara- 1 r........-........,_ ·-·--·--' ··-- ......... '' ... - 'j A ' trav. Ruy Bar- 1 bosa 45-a, plissam-se 1 e ensina-se a plis.sar sai– as, pelo systcma nmeri– cano, e faz-se Jioiul-lt-j,,,ir. ---- --- -- --- !,. SlilMA.NA !Joias, 1,ass:im ap,'1rns os rl.lios de sol que illuminam o deserto sileote. Elle ahi está parado diante dA vós, vendo-vos em festa. Não ouve 111·m fala- olha. E' um sepulchro com duas velas a ccesa~. E sorri. Sahe que festejais o Natal de Oeu q, ·salle porque leu, couhece a len da vorque a viu nos li vros. A pala\'r~ dos livros eJJtra-lbe pelos olhos: e como e~sa poeira que anda na luz. Eil-o festi>jando comYosro o ua!'• cimento do llessias e co11LP11te, apP– zar de surdti; e conleute, apezar do mudo. Para ,rozar hasto-lhe a vista-v.; a Oor e ;e11te-lhe o per fume. l\flo ouvP., uão fala; mas q1111m sabe su a sua àlma não tPm as voze!: myia – leriosas, que, as vozes, ouvimos n~ silt>ncio? Ell e que sorri é porque e feliz. I I I O LOUCO .lunto ús g rade!' da celluln, agar– rado aos rijos rn rõf!s, u louco e~pia. nom perlo pa~~am, ca nta11do, f,H:L_i– vos grupos; Alie ouvr, ~~c_uta '!Ul– é lo c,n i>x ta!lf'. Um ala1ao 1llum111ii– lbtt' a alma l<'mpestuo!\a : Natal. Como á fulguração de um relam– p;ig-o vê-so toda a el,'.,le11são d' nma lar<•a llaizag.-m ã lucitla reminis– CPr;cio ·illnminacla por essa palavra qt~nndo vê n i 11fel iz 1 A i11fancia, a alegria domi;stlca , as ftlst.is rnidosas, todu a ma gente em torno da mesa palriarchal, far– taruenlo servida; as crianças, com os c:11J11llinhns louros, rPceb1111 do halns e bri11queoos, O!l velhos satis– fo itM, rrvendo-se nos filhos 1) nos ,rntus, todo~ o~ ca1110s da casa e n– feitados de ílürns. Di>pois a arlole~cencia; jil lugarns vagos ú mesa e novos tumul os oos cemiterios. ÜPpois a idade adulta: a esposa, um lwrço. ~las Pstava ex– tincl:i a claridade P, eülllO depois do fl:immrjar do relampngo, mas se aOl'IISa a ll'e \'a lOrlllf'IIIOfD, Pil-o a bramir ahalanrln as gradP~ da prl– s:10, <•il-o a uhar como a féra que, no fun,10 ela j:iul:i, ~e utiu na IJafa- 1,!f'lll r,1·r p11H:11la1 um brando pp1•fu- 11111 dfl ílort'SLag. l'orc111n fnstr-s ill11minnr a ~omh, a cl':iquellP rspi rilo ·? Frli7.I'~, pnrqu,, 11üo lnrnsl<'~ paro niai~ longo a ,,.,,_ sa felicidadP? Porque uüo pasllnsl•'~ 1'l1l rnrtlos pn~~oR p:11 a qu r. o louco nf10 ,os ~1>11lis1w? !!'. agora :ihí t.. 11 - df'S os vosso~ ct111lan,:< inlAl'rouqii– <111~ pelos ululos ela ins:inia. Elle d111min - por'JUB o foste~ aco rriar? E 11gnr:i vt\rt1• 1:nmo o nrn– lrntnrn, v(• tle corno lhfl dn111n111 a suudacJc - com ti ramlsolll ole torço. Cor;1.110 N 1,:rro,

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