A Semana 1922 - Dezembro v5 n 244

A 81:HASA ---- - . . . . . ~ .............~.•·~••tt11 e o meu r.o;·,u;í'lo que se re partem por ·essas creatu- 1·as e por tre~ outrn5, verdes ainda para as amar- 1!,'!lras da Yida. Attral1cm visinhas para o seu con– Vtvio. A al1·•;:ri,1, P ruido, em torno elo berço C:e J esn~ e .,111 n,\t.i da ai·vo~·e elo Natal. E depois? E depots? ... Cnn çnclns e felizes, os olhinhos amolleci– d?i,; ele faclig-as, t1 preciso buscar_ o leito, afim ele que nao perturbt,111 ns passos a Papa Noel. Se pudessem Vel-o, conversar com elle ! E os sapatinlws si,o col– locados juutos para evitar~m a canccira dn procura. '-i """:---. -.:.~..- E an te essas recordações lrn tim v~o que ·se formá deante dos meus olhos. · · · · Lag-rimas ? Niw ! Nf10 eleve ser. Niio se cl;Õra. numa noite assim. E ' o véo aclelg-açado da s:rndadc qne des·ce. ,.E'.,-.. ,' E'· ·a snnclnde ! A distancia que nos s~para ... S:uidade.! ,., . . : . . . ......... ............. ... .- .................. , Cailtac, _cantae, pastorinlias !· ·· MANUEL .LOBATO. ' E?--<o-<3=================== 0======= r_ -i[:-~~!A~--- !- q41:_ 4_!~§ - ➔J<°_ ~i ~~ ,RA . dN1 ~' r ., uma noite e ata . - >;t _Sosinhn, longe da ai- ,.;,; ~J de1r1 e dos seus, num ~~ ouarto de hnspedaria pro– -~~ vincié\na, onde encalhara no ~eu gyrn de caixeiro-viajan– te, o i:;ohre Simão m'atutava so• hre a sua sorte de isolado. · Ju– <leu. errante d_o commercio, hoje aqui e anrnnhã alli, a correr de c-1Jade em cidélde, a dormir de hotel em hotel, via-se condern– nado a vegetar numa inc~ravel mediocridade, sem a rninima es– pera1!ça de fazer sua indepen • dencia e de viv'er. rico . e soce• gado, nurn lar. racato. ~ uiiicu estrella a luz ir no horizonte de seu futuro era um t'.o opuler,to, cujo trespasse tra– ria talvez nlgum benesse é\OS :1erde1ros, entre os quaes avul– SVél, pelél ganancia, o amigo i~1ão. Este realmente não de· ~e.1a~a explicitr1mente a morte o .t,o, p_c,rque tal pensamento sena baixei · · · e crrrnmoso m de vez , as, em quando, surgia-Ih um como pez rir d A e solidamente ~•araf~s~~ro ~1~io _tão Havia alouin , vida. gev irlade" c . exfiage ro nesta lo:1- ' llJO 111 tn é\ · melhoramento . < rcnrra u,n sobrinhos. Péll a a turma do::, Cruzes, credo t Q fé do rumo h .· . uanJo deu om1c1da q vam os seu- . ue tori 1a• _ _- " SL1smares O , .. rnao cobrr u de vergonh.' -.,t- " , . a as fa- ces e ,ez t1es vezes p~I .· f ~ 0 s 1gnal p::ira a fastar o ti nhoso q ' ue o tentava, mas breve. e com · _ . . tn s 1s ten.::1a nova , vol tavam a s lhe infilt rar na a lma uns tiini~ dos v 1 Hos para que o velho não c heg1sse a cenrenario. Lá fora .os sinos i:epicavam, prenunciando na noi'te estrella• da a ho ra anniversaria do nas– cimento do Senhor. O cé\ixeiro-viajante, subjuga– do pela magué\, sentou na carna. Começou a embalar· alternativa– IT!ente as pernas, emquanto que sua imaginação revia o Natal 1 , da .. sua infancia, a missa elo Gallo, · a re11niao em famihi, l ceia lauta, a arvore cheia de . brinquedos, e os sapatinhos n:1 lareira, ao pé Ja cha:11iné, don· de baixava Papae Noel. Lentn– mente duas lag rimé\s de sau– d, de· brotaram dos olhos do rapélZ. Que a legria, pela mélnhã, qu,,n lo ~altava da cama, em c .,rni,rn, e tinh:i. o rrazer de cn– contr.,r nos sapatos um rúr de espingardit1-1~. bolas. trombetas, in111gens, sol,iadinhos e gulosei– mas. De ouvid0s á espreita, por detraz da porta, o papae e a mamãe observavam a a!Egria do filh inho. Bons tempos aquel– les ! Tempos passados, porem ! Nunca mais voltariam. Não ti– nha mais os paes que lhe atu· lhas~em de presentes os Sélpa= tos. Era uma vez .. . . . .. \ A falar em calçados, lembrou ··se de collocar os seús, 110 cor· redor, deante eia porta do quar~ to, par~ que o camareiro os vis– se e engraixasse. E foí para os lençces, onde o sómno não se fez muito de rogado. Atraz do somno vieram logo os sonhos. Sintão viu-se trans· . portado na casa do tio rico, eni noite de Nntal. Depois de um re11~illon opiparo entre amigos e parentes, fôra deité!r-se, não sem _ter collocado as ,botinas na chafl1iné. Ao bàdalar · da meia- noite viu, sempre em sonho o velhlllhO entrar com pés de lã, puxar de uma carteira boju,1a, tirar d'ahi uma duzia de noté\s de Ctm mil reis, e collocar as preciosas no ç,ar de sapatos: O presenteado sonho u que flng ia dorm;r mas que, e1'itre-abri11do deva g u as cortinas da cadia, nà<> rerdia de vista · os movi– m~ntos do ti o, até que este se ret :ra~se ;;om as cautelas da chegada. \lé\s is to não passav a de so– nho. Ao despertar pela tnéllihã, o S in1ão recordou-se das visões: -Quem dera que isso fosse verdade! Bocejou algumas vezes. Vi– rou-se e revirou se. S en tou. Es– tirou os brnços ,em demorados espreguiçament ns, e tornou a s uspirar, com uma vaga espe– rança de que tudo se realisasse. -Quem dera que alguem me e nchesse de dinheiro os sapa– trancos ! Ao lembrai -se dos calçados saltou da cama, para ir buscar os que deixa ra de vespera no corredor, deante da porté\ . O es– tu por! Em vez das botinas, de· parou apenas um par de c hi· nellos immundos. Chamou, é\Í- 1

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