A Semana 1922 - Agosto v5 n 228

onto~~~– ad~emaoo Lll Querencia t:! -[6===!1 De Coelho Netto ViajaYitm sempre jun~os, ua mes– ma carretu : o cafr" •1 o csqnimó. Eram elles, mais nm urso e tlois _ .,, 1 wacos, as <:nriosi lad<?s c-•m que os saltimhnncos :1ttn1l1iam eoncur– rencia ao cireo. As~im. upP.nas che– o-avam a qualqner cidade (Hl villa, Jogo far.iam sahir 'J pnlhar:,1 P"can– C"hado num jnmento, annunci:rnrlo 0 J1omem que viYia ifcntro do gelo e o negro, queimat1•i do sol, que t101rnn··a sc1,p.eutcs . ro nns t·as:1s, 11as loja~, nas laYon– ras e até no ndro d.as Pg1·ejag out1·0 uão era o assnmpto elas connirsas senão ns dois ·homt•ns ntrn-~n ,-:stos: um qne -,inhn cio pólo, outro das brenhas d' A frica. Descl<• a tardP, rpwnclo se acc0n– tliam as luruimn·ias ú entrada c1o eirco <' coml.'r;aYa a zabumbar es– trondoso, cnm fnl11rio araviado dos pall.Jn<;o~, calJriolnndo 110s tramlrn– l hões "' tnpo1111s. no alto de um c.s– trnclo, <'nl J!(•Jlt<> n ehegnr por tü– dos Ol' c·n1\!inhns: n p(•, aos j!r11p,1s n can1Jlo. <>lll c·nniolns e o intci-t'S· se qne tn.1zi11 n todos, fls vezes, d<' Iei,rnas, 1.'l'H sómente o de vêr os dois umens rnros, tão preconisados IJ•'– JS rednmos . E comec;11Ya o cspcctncnlo. l<lsfor<;11v11111-sc á c-ompitn fnnam– lJlllcis e ,·olnntins, e<Jt1ilibristas !.' saltador<'s, pclotiquciros e malaba– ristas prestimanos, Yolteadores e ~,maz~nas, o 1io1·0 borhorinhava an– sioso ít cspern <los cloii; horuens e, q uando lhes cheirava a ,,.,,., um si– le,icio de curiosidade abafava o DlJll'llllll'iO. J,} afina 1. que eram elles, IJS "~randcs nnmeros" cio program– ma ?-um 111ncmnbusio groelandez e usn ne""ro hron<·o que grugnlba1-a ,;~ltnu,i';>, <'lll trtlp11clio ;:elvag~m, ao • 0 10 mo11vtono rle um tnmbonl. " Jfü-a tnl a d ecep<;ão elo povo quP no sw•nmlo es1Je<:laculo, difficil– mentc"'c•o11se:rniam os s,Jltimbnnc·os !!:<'llL<· CJlll' cl<'ssc para uma fila ela al'chibancada. T•J rn viulw111, d e-pois dos gynas– la~. cios mimit·o~ <' <los anilllues os .!:ii,,; exila<lo::i I ristes. :--o (lia sl'guiute, pela maobü, pnr - tia o 'bando estrnlln fóra, ao som de taml.Jores e cOl'llecas, com ll caval1hada nédia, o urso lerdo, os trefegos macacos, homens, mulhe– res e c:reanc:as luzeutes ele lente– joulas e o esquimó e o negro semr re juntos óa mesma c:a rretn,. cada qual acol!Orado 11 Hill canto. Não t rocav11m palnnn. A's ,e– zes, entretanto, CDcaravnm-se lon– gamente, sncndium 'a cn•be<;.'l em gesto de desalento e, suspirando. recabiam na tristeza lUb'llbre . Que lhes im;;orta.-am os ca.mi – nhos 11or onde transitavam: ruas de cidades ou estraclns aldeãs, se Yiam apenas o que tTar.iam nos olhos, a sauclacle ! Definharnm melnncolicnmente e o que,"'a um e outro, os ia comm– miudo e.rn o mesmo mal, a mesma doenc:a surda-a nostalgia da pa– trin, a')Jpello ela querencin. O groelancle¾ suspirava pelos gP– los, o negro J;Jelos arenes . Um quando o luar ail·ecia os cam110s seut:na-se mercncoreamentP ri por– ta da carret(I, eugu~Jando o cora<;ão c-om o es1iec·la<:tllo da aln1rn si– Je11ciosn que lhe recordava os J)U· rínnos onde o , ento, vnlverisanclo a ll~'bC'rnia, 1~assa ululando, envolt(, em brnmas . O negrn, esse era uns hm·as m:1is quenl <'S elo dia, qnuutlo o sol f azia crepitar. a terra secca, que mais sentia a angustia ela saudade . E 1ft iam perecendo ii dôr da auson– e:ia, sempre longe, soffreudo do a,pnrtnment o elo que lhes era a vi– da: o gelo 'J)ara o esquimó, e pura o negro o sol. An(]ara111, anrlm·nm, até qne, uma mnnhii, sol alto, dando o director do circo pela auscncia cios tlois bome-ns, foi cLrnmnl-os ií. porta ela carreio. Xuo responderam. 1 or– c:011, então, a portn fragil e entrou. L ii <'St:l,·am os dois. ('flllll ([U:11 n seu <:auto, lllortol'l, um pt>rc-c·era com suuclndcs elo gelo, o csquimõ: outro snccumbir{t ft saudade do sol, o ne– gro. J>artirnm jnnloi-, ft mesnrn hora. ta1n.•:>:, e as nlma~ separarnm-se ua alturu: uma . cm clircr<;ão tio polo n re1•êr ns 1>.lnnutas e os roobeclos •hyalic·os : outra em rumo ao clese?:to <lc t-állctas areias. Coelho Netto ____*____ A SEMANA, a mais aper– feiçoada officina graphica. Trav. 7de 8ctembro, 33 A Sm.U.N.à- -Din ele São Ba rtholomeu nin– guem -ca!:U, seu A,prigio. --Ofas eu não sabia disso. NJo sou daqui, cheguei de pouco ten1po e nuncn me avisaram . -'Pois admira . Não ha l!ll(:nllol' que o não saibn. _. - Agora, tambem ~u. - i\Ins corno foi o seu enao? - Assim: outro cliu. encontr,'i um ma rfim mui to bonito. As flores <•e. rueçnrnm a cabir e d ebaixo ci,tava trilhado ele rastos. -De que '! - De , eado e onh·os hichos. De vendo princip11lmeute. E, pelo gei– ·to dos pés, eram mutteiros . Es– perei o qua rto bom dn lua e fui . A espingnrclu tem famn; 1;rn 11 ,lo '!'!tomar. Piancó. -C'on,heço-a: é tiro <:! quei-1. - FJ' sim, senihor. lllm1nesto11-mc- a de bom cort1<;ão, na seman:i 1::1s– sacla. Limpei-a ma is, azeitei bem os feic·hos, o c-Jo ficon doce... -<l~ra só trlscnr, J1ei11 ? -Ern. fazia gosto . .\JT\UH<-i :1 mnui<;ão no pn I n,í e, quando a 111'\ fieou no •11·onto, lít fai eu . - Com ioda a vontade?. . . - 1~ errteza, SPn Guldino. - A mão é firme . . . -;\Juit o, 6 '1'1H;as a Deus . -Iil 11 1·isra está se -,emlo que < bo,1 . - A visla e- t1 ,ponta ria. - De cert.o; não ha bon pontaria sem vista ele primt'irn. :Uas, t•onti– nnc . - Q11anllo clcixei a estrada e !!fl· nh<'i a l'er ccla ... - Onde foi isso? . - Lít pu ra o Vão do Jnnuario. - .Já sei. - Quando guuhei a ,•eredn. os cnhcllos cr2~ ..ern u1. Nem nrnlcl~l f:<'11 Gatcliuo. :'\'1111c·a tive medo des– sas c·onvcrsas, <' arrepio ele corpo é coi$u muito u ivial. - E dahi 1 - Quando !l<'i no marfim, o sol rocla1•a para se pôr, até parecin uma tóra ele sangue. de Yermelho. R e– par ei, ulli 11ssi111. po1· debnixo llo pftu, e ,·i que estava pisaclo que uem bebedouro cll.' gado, no verão. D0p,ois, o s ul.Ji. Armei a ri?de, entre os galhos mais feehnclos elo meio, ·pendurei a e;;pinga rda II gcito e me deitei .fazendo hora. A' lun u1t•io nlta, ouvi pisar. Botei os olllos: <'ra um bic-hiuho meudo. -Qu<' era? ) -:\'ão conheci. ::\'1at:, pelo vnlt•> devia ser um fntn' 011, (luantlo llllTi– lo, algum mamnirn vagabun,lo. ~l'm ouvi o fungado, porque l'~lu– va lon~c, e 1Í11'io contru o ve11to t,rnlbt•m. )fai~ t,1rl!~, !ll!J \ l!OlllllOZ1· ., •

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0