A Semana Junho v4 n 167

0/ O JOCKEY oORA é que me recordo. As ra ras vn:es que ia ao club de corridas a cava llo vi-o sempre. Lembro- me de VP.1-o pas· sar, com o seu bonr t de longa r ála a biM de pa~~a ro, a rou llª <'Slrelta de duas côres, as botas de canhão ver111elho, 111011la11d o e::uas de cür escora. E 1,ns•ava a loda hrida, s111" do pe lo ve11to. oada vendo além dos conlr ndorn~ da carrr.ira, ver· gado sobre o pe~coço da rgua, pai· 1100, os dentes cerrado~, um ~rito gullural seguido, 11 barado, e o hraco agita11dn a tá la e açontaudo sem· pre, sei:zuida. nervosa, aulomalica· rn i.'nte a eizua escura á di~parada. S,- 111pr11 v,, ncedor. Não sei ~e at· tribuir a fina raça das longas aguas esguia~ 011 h pericia do ca vallriro; o qu e ê verdade é que clll!~ava sempre adPa nte. A ba nda musical, as pai rnas e a rní'.e ria do PºJº ro1n– piam em lôas no vencerlo1. E ,.Jle p9S~oiava rndia11te, e hri u, pallido de co111 moção e de fadiga. deante das bancadas, 5obre a 1< 6 ua oITtJ· gautP. O harão. por si, commovidissimo com o tri um pho do seu a11i mal. co· !Jra\'a pou/es, pagava e nicel>ia apM la!\ com as mãos reµlotas de no tas: Rico fazr ndeiro qne chegá ra a e nve rg3 r a verde libré de ministro. Mais tardP, po•r desgostos fu 11dos ou por mero intr:rPsst>, aha11dorrou a µnlilic:i pelo5 ca va ltas. U111 bello 1y110 de jogador e 11arl a mais. E o jocl<•·Y Pulrava, trotund? sobr,i a r gua off,•ganle, pelas cocho1ras de espera . • • • l)P•rln r:i pazoto, como srn l'a'i fosse j / 1 p111pn1g;ido do barão, atfeiçná r:i:se úq ui!ll es a nimae~. Da _va-1 hPs a rai;a,1, u~sl'h1va- lhos as baias A pu "ava·os pPlo cahre~to até tJ r li:h, 011de o µal , um tisico, clt' SP!lll>P llhava o pa· pi•I A o lu )!ar que PIIP 01·i:11pava ui· ti 111amP11tP. U111a v1•z e:n [Jllfl uma da~ egua<1 nd1w<"êra foi-lhe 111ll periodo alfü · c ti rn. Dormia a~ uCJi tes na~ haia~, dul· t:r clu ~uhre a palha, á luz íroui.a dos lampeões, 8 ouvi r, a ver. SH a_Pgua ~r inia, so ia mel_hor e o [J llfl tinba. Condoia·sc daqu 1ll0. . Uma ma nhã, quando ~lu 1u n_s olhos rm cilllfl de palha, vi u o an1 · ,uu l O puchar uus ílos da 1nu11gw r do ura. Havia muitos dias qne •1iio comia nada. Ficou ehrio dP. alegria e sahlu róra. com os ol hos cheios de somno,· a chamar, a grilar paio pai, pPla mãe, quo a doente est:1va melhor, que P.stava já a comer, a coitad inha ! • . . Desanuviou-se-lhe o coração. Juntos, pae e filh o. là iam ás qni11zc11as para o trabal ho. E s0111~,rn que ellrs ~ahiam vi nha· lhes a Vl-'iha á pnrla. com o SP.11 lenço à cahPça .a rHcomme ndar·llrns l)ru de11cia. E. dizia·lhes : . . «- Cuidado! lwi11 .. . cuidarlo!.. l~to de corridas : . . » E ab'a nava a caheça r um si~nal d11 dr.sgosto. E já longe iam ell PS, e ella dP cá ainda a chamal·os e a rnpetir" lhes coro o gesto aq111d las palav ras dil as. Mas j uutos iam sem11re. Gostava o fil ho de vêr o pae, á hora da co1" ritta, coin !llJUell~s hellas roapn~ dll córe~ vivas. 4ue Pile tamhem havia de LPr 0111 dia. diziam·l11e. • • • !..-lhe leve o trabalho Pmhalado n11q uella espnença . O velho tisico comoço u a f~ 1.el •o correr nos en, aios sohre as longaM t'gnas e~guias. Em um dia em quo o harào a ppa· rncen á~ e~trrhn rlas n \'t>lho aprP.' sentnu·ll;e o fil ho. · Que já estava me~t re de c:1rrPirn, disse. Que podia já mootar nas a postas e ~111vlal-o um pouco da t:irera quP já o traí'.ia cansa do havia lemJ>O~. n Irarão poz suas duvidas e s1• u~receios. t velho insistiu . Era por sua co uta. Só lhe l'allnva a roupa. O rapaz andava qu,i 11ão se cabia PIO 11i de co11lf111le. Andava radlaute. PJr fim e~Lréou P eslrénu com s11c· cPsso. apezar dos rnovi1oe11lo~ de c-,heça da vc•llw, c h11ios d" d,•s~oslM, - T:)n uovo o raµa1. !. . . lu-11,c aco11LPc111· ijlguma . . . E se111µrn que e llPs Iam, pano fil ho, a rras tando as r~uas para o t rnha lho, vl uha·lhr.s róra 8 v,•lha, com o sru lenço à cabeça, a di1.er· Ih PS ; «- Cuidado I Cuidadu I Isto de corridas .. . » A)!ora, dr.pois 'f llA o ve lho foi ·se com n Bua 111beri:uloM1', e ra e lle o he rdPiro ílr l d;1 co11íla11ça co111que o 1,11rão P11r~li~rá o pae. Era o chero da casa P o an lmu da pohrP velha. A prluwiru v,,z que f" lle sahiu, so, paru o tra lrn lho, VPlu ·lhll fóni a vr.lha a cllorar. a IPmhrHr se rlo IHIP. P, com o lr nçu preto solJl'Hos cu· lwll o~ ili c111cos, os olho~ r h,,los de lagrimas, a redobrar·lhe as recora · nrnndaçóes e os temores. Ent retanto ia-~e-lhe a vida con· solada. Entre sr us compànhelros lioha reputação de honesto. Do vo· lho jockcy e e~tri hr iro, sra p1 0, recehêra os precP.itos ,Ju ros da houra. E 110 club, ontre todos, afOr· 111ava·se que elle nunca fizera uma marotoira. Nunca 1 •• • Em uma vespera de corridas, pelo meio dia, 1111trou·lhe p11las estreha· rias o harão. -Ama11hã, diR.•e, é preciso deixa r perdr.r a corrida esta egua quo entra no s11gundo páreo . .. E mos· trou· lhe colll a benga la um.a nimal que comia nas baias silencí11sa · mente. O iocliey ficou admi ra,Jo. Arrega· lnu os peq ueninos olhos pardos e dissc· lhe: - Mas olhe o senhor palrào quo isso fl mão. O a nimal nunca perdeu. ÜPpois perde a ve rgonha e . .• en · lra •n i:1os o'utros do clulJ a fallnr•.• a dizer .. • O harão vo ltou -lhe as costas, e disse-lhe da porta. a sahi r : V.. ja br 111 o que raz ! Poz-~H a 1wnsar naquillo. O que havlau1 de dizer os oatros ? F..zer perder a carr1•ira o ani mal !.. E foi q ui,ixar-su á vdh :i, N..'111 pod ia SP:· ... Pois ha via de JJrPnde r na car· rPira a Su/Luna, que corria que me· tlia gosto ? !.. . Oi~swlhe a vplha que ohedeC!'8~e. - Pois Re elle Ili a o dono dn8 IJi· clws e o patrão da gPnlfL .. ll:ro ra· i er ·ll:n o gosto .. . UbedecPu. O animal perdr u a pa· re lha. Vol tou pa1 1 a ca~a com u cara a rasto~. la di zei' ao patrão. oh ~e la!. . . q ue nàn o ~Prvlria mais. Não podia .. . Que n pao nunca lhe ensi· 11ára aquillo. Que ..~1111•a·se II mor· rer de Vtffgonha !. .. • •• Ouvi hontf' m rllzer 4ue r ra dia de con ldaq_ A' uoito, cel'ca de 7 horas, de volta para p casa, vi. que nme mullidào agglomeravin e ,l µo rla do ~PCl'lltAriO, . 'fili11lnu·me. a curiosidarte. r-.:nt re1. llmu 1111. ro~ca ill umi uavn a _P!'f\11e11a , saiu tlri .,, 1 11-1 a ,,,•lo c11111h1110 t :i 111·

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