A Semana Junho v4 n 166
1 H . M forte murro_, atira~o com '!J./· t oda a sµst ancia, em cima•de · , ~ uma me'sa, assustou-mehon– tem á noite, no Grande Hotel: ,...'r;-ribus ! Lá se me entornou o cuido ! lá se me foram as esperanças, os- planos, pór :?.guas abaixo I A c.j usa · podia pegnr, mas vocês, pa· rece, despega ram-na de vez ! Ed– w io-e3, não reparaste, então, como eu 0 me esmerava em at titudes , e expressa va·me delicadámen te, e da-. va-me a ,cuidados, a attenções? ! As primeiras dessas palavras fo– ram de entonação bem a lta e vi– brante, que, consoante se percebe, ditou-as incoercivelmente a colera, explodiu-os a irascibilidade ; .logn, porém, as que se lhes sr.:,ruiram, vela rn1n -se ú voz da prudencia, por· que o cavalheiro cujo falar aqui se g rava, divis•:)U me um ta nto per· to de si ... teus azeites, ou não tens a mioleira em completa regularidade... - Envinag rado é que eu .estou– envinagrado de raiva, de decepção, por scieutificar· me de que vocês me dérnm..:om os projectos empantanas ! - Não foles assim, tão ás esca u– caras ! Toma ten to, clha que não estamos em casa. · Neste éomenos, o cavalheiro exa– minou-me de novo. Mas, debalde ! En não estava ligaudo. . . ti nha semprr a vista na tal mariposa do te~to . .. Motivo por qne, e era jsto . mesmo que eu almrjava, proseg uiu elle nns suas queixas, sempre em meta l dr. voz bern audível : - J-legulussem vocês cou,o eu re guio! De ha muito notei, com o relog-io da razão·•em nce1:to, que um Kenhor. serio e de bi>us marwirus •. anda olhando a F ra ncina com nrnit~ insistencia e a lta dó.se de sympa- Mas eu - chamem-me tôlo 1 -uuando elleme descobriu,já cstâva a olhar uma borboleta qQe vôava, revõava, em tor· no ás lumpndas do estuque tecto ... E dei mesmo de sor– rir, na apparencia de quem pairava no reino da lua, se ·bem· que, ao ~nvez. cstivc~se com o ouvido ag•1çado, afi– ado . . . .\ p t> e 11 i d em -me de tôlo !Episodios como aquclle, duvido me escapem! mais distinctas, as mais correctas. Ellc, t odavia, cançou, dc_sanimou, foi-se... Envolvia, abrasava aFran– cina · com as chammas de suas pu· pillas, e esta menina, no emtanto, sempre de cabeça baixa, mirando e remirando o pir(!s do sorvete, como se n o vi-iro do cujo lhe surdiss~ a figura do tal jogador do «Paysandn•, que ella vin, hoje â tarde, a fazer goals e mais goals, e que, assim, ~ alvorotou, a deixou pelo beicinho · Tolices, caraminholas ! Tira dahi o sentido, Francina. Esse rapaz pôde ser mui to insinuante, muito amavel, forte e sympathico ... mas ... mas . .. não tem o.inda n vida feita. .. e quem sabe quandooterá? Casar não é só fu'zer go~ls ; tem outras respon· sabilidades, duras, i:, remeutes ! Ade· mais. já completast e vinte nnnos.; · e os casamentos, ng0ru. com estes tempos bit udos, v.i, ad·os pelo av~3~ so. estãomais ariscosqilecut1a: ~ 111.!,.!.!'!!. 11111111111.1111_!J i.:_1_!:.!.!!.i..1!1.!1!!!.!!.!.!ll.l_l.!,!!-'.!'! ll!)ll,!III 1111111 , 111111111 ._ Na primeira opportanidade h~ 1 ~ ·- ..... ............................. ~ de mostrar-te o tal cotnmerc•· - Fldwiges, não attentastc, mcs:no, nas minhas intenções?! . --:Attentar em que, homem de Deus? 1 Ora essa ! :::iabo– reava o meu bOrvete, e revia ainna, em memoria. a fita do cinem·a. Attentar cm q n e , Eleutherio ? Lyrj O bra 1 co :.:~_ ante. AquiÚo, sim!E' atn pre· ; ! tendente. de trus I deencher 0 ; ! 1~ olho_! Etu, Edwiges, dag~r•~· ~! Para o Flavio Uma ,= vante, deves ser mãe ás direi· . ; Í .,:~ tas>P.erscrúta oque sepass.aao ; ! ,ilia, ahieli 11 0 l!fpo, ave hie1·alhica, é um l!fl'io. i .• ~==- derredor de ti. Cinema! cine· ~! l,raç 11 s nus. lo11ryas 1111ius, li11/w s do COl'/ Ju e•r• l ma! A rudeza da vida, antes ~ T . l . ' , ·•" f}fls ~ riste, a 11 r1 ue oçucena; olhos em luz ele cirio · ~ de tudo! Neste interitn, levan· !!!! é a To,.,-e ,te .lft 11 ·fi111, que, s o11huclo1·, ll(io {J<tlr:as ! ==~= taram-se os t res e, emquanto ~ mãe e filha alisavam os saiotes ~ 1 S 1 orri. E 6 os 11 seus 1 La 0 l,i 1 os ~úo violetas em mal'lyrio•. . _ que SP. haviamnmarrotado nas ._ eni:., cu e o., < e p 1el111 a so11/w1· e11t,,e os ol 1.~ d . · d · verme· F l E .., . · yas... ca eiras, o pae. everas . :_;;=_ 0 ·ª· 'º'' . rn s ll ª "ª vóz. lw rpcts de eslylo as.~i,·io !~ lho e a ),,.oreceioso, lançou-me que Salomao la119eu com as 1·e9ias mti"s ,,· 1 1 1;;; . d ~li • ·s inl per· . r·' 11 yas ! , e eso-ue ia um ratovi 1 ~ Vendo•a, e11flo1·0 ,,o olhai· a mp lo e:i:lelltlal de rni,a~ !E fura1~ e, assim como se d.isses· !!' qu e lanço em pós de si, sub•·e as ctt,·va,· ,, ·: !; se, de si conHigo :- Ter1a es 1 ?te , .e,-enas •= d t ·a ! cio seu ..orpo de. l-u01·,- Lys de formos ,. r . . 1 '~ maráu o.uscult u o a romo1 · ·· - , , u, ,o.,ns · i I sso sim! Não se assustasse ~!'!' l.aulfJ, re.,o~l,,~-0 1 romc ·'··: E t:sse .liguem, lindo e (ra•,eo, ; álô n . . . Eu pe rsistia., fndiffe- lt' 1 1 " 88 °''. JWt lo a nos. cy.rne. sacode as p e 11 11 as, ~ rente e ext Rctico.u. contemplar !!' qua:1</o a; <,elhn,a 1 ·esa,·, su11/a,é o meu l yrio branco! ,~ as cvoluçõei< da ta1 bor~ok· !!!! i~ ta, sempre a vôar e revoar á ~ ___ _ B runo de M e n ezes. !~ roda dos candelabros . •· en· õ.i1!1Ti1i'111.11111111111i"i':i"ii'ifüí ii1'iiii"i1ii"i"iif .i1iii i'iaii"i'iiiii'i··,·1•1 ..,·, .. 1 ..,·•1 ........._ .........- ~ tontecida da luz da phantasia, 1 Ili 1111111111~ • • d · -Cinema! cinema! Pen~n na vida, primeiro, mulher! A realidade, n rudeza da vida. antes de tudo! Vê ~ó esta menina como est á I Olhos no al vo, enJanguescidos âs miro• gens da fatalidade da vida, son isos de mel, e a cabecinha, ],rnca, lá no campo do • E'aytiu.11d(11! Qual, F rancinn, no arnnhól de tuas phantasmagorio.s não 1110 embrulhas, n ão! J ulgas acaso que ignoro estares cahidinha â destreza e força daquelle io'O'ador do ,,PaysundúD? ! Como te ~q7i.ivocns ! Tenho visto, tenho to– mado miubas not as.! E é isto justa· nte que me arrelia, me desespera, · · sem se aperceber, J11ma1s. a~ trevos da rud1•za da vida.•· thia. _Conh~ 1 ço-o, de vista e de re– pntuçao. t: um cornmerciante do. P.raçll, hoarndo, t 1·abalhadpr, e quasi n co. _.Aq,rnllc vae longe, hu de fazer carreira! Que partidão ! Esta meni– na, porém, sempre com o cerebro transformado no tal ballo 11 do jogo nem sequer se o.percebe da <>rand~ fortuna que a bafej a ! "' Logo, empós, poré1;1, num appêllo ~e subita sympathia, baixei os olhq_s a mocin ha e, ao seu desappare~•– m,mto, notei, fu o-azm.!ntc, qoe havia alli um symbolo~ .. . Tem a hbmani· dade, tambem, as s uas borboletas, que ndejam, céleres, doidejantes, á a volta do santelmo de suas ei;pe· ranças . . . que quasi nunca se ren· lizam !. . . Ia a gracil creaturiuh11, desilludida, cabisbaixo, 11 ouvir os c.ons~lhos de seu previde nte pae ~ :Seguia retranzida, mr.smo, ao présn (ol: 0 eutenebrccer de tristes idéas, que Já ~he obscureciâm a rosea Ju~de seus anhelos, a esmeraldinaaJvorn~~ d!l s ua porvent ura inuttingi·vel fe•1· cidade . . . fi me t ti sabendo, Edwiges '. Esta 1ca _ d. - • . õssn filha 11 ao 1scerue,. 11~0 a3n1zn n )mo adeante do coiuçao. Todu. um pa . toda filha do céo, t oda roma nesca.d caraminhõlas ! Qua nto sonhos, to ª d vida pratica, isso ás ag rur?s. ~- 0 11he pendem os sim ! . pra 111 J na: os delia, nem os c uidados . .N cr1f teus, Edwiges . 1 Os meus? 1 Qoal, -Ainda est\ . ·ou estás com os Eleutherio l tu, oJe, -Que me d izes, E leuthcrio 1 ? - inqn(riu e interjcctou a senhora Edw1gcs . , - Ta! qual ! Sem tirar n em pôr. E ,rlepois sou. eu. que não regulo. A mmha pcrsp1cac1a a ver se pe<>'uya ª cousa, e vocês a despt>crare~ -~a dt todo ! O l1omem já. se foi embora ~ st ava aqui juntinho, nessa mesa· ' era poc isso que eu me esmerav~ em attitudes e usava de plu-ases as ~ r naldo V a ll 8 •
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