Julho v4 n 173
0/ AMBICIOSO - --Se te fosse dndo pedir a Deus nlguma coisa, que lhl! pedias, Joilo 7 -Eu7 pcdln snude pnra mim e pnra os meus, e que <·lll' nbcnçonsse ns mlubns tcrrns, que duns tempos a esta varte, nndnm bem precisadas do fnvor divino. ~6 Isso, homem ! -El pnra que mnls? 1 --'Pois entilo se Deus te nppnreccsse sõ lhe 1)1.'<llns essa mlserla7 -Pnra mim seria a fortuna. E tu7 ~.Âlh ! eu .. , Havia de pedir tnnto ouro, tnnto ! que ~u e n mlnbn gente, contnndo-o dln e noite, no fim dn vida nilo chegnssemos a snber n sommn da nossa rortunn. -E pnrn que tanto dinheiro ? -Orn ! pnrn ser o homem mnls rico do mundo. ~Mas nilo o mais feliz. --Com., nilo? Que entendes tu por felicidade? - Eu entendo que n felicidade ê n sande _do corp 0 e a paz do csplrlto. ~Pois cu entendo que Q o dinheiro. Quem tem dinheiro tem ludo. -Pnrecc-t e. Entraram em uma trilha que cortava o can• nnvlal vl~oso. Rompia a manhil ; passaras cnntnvam nos ràmo"g e ns aguas brandas que dlscori;lnm punbnm no nr um bnrulho agrnduvel. O sino da ermida, onde os dois hO· mens haviam ouvido n missa do Natnl, blmbalhnva alegre· mente no silencio. E clles Ili 1nm, com os seus altos cajados, por cn tre as her vas, discut indo a felicidade. Os sitlos crnm contiguos : limitava-os uma cerca de es– plnt,os. Junto li prlmelru ,porteira o c1ue arublclonnvn a ror– tuna lncontn,·cl despediu-se do companheiro: - A<lcus, Joilo. l!.l olha que o Senhor nilo flcnrlu mnls pobre se qui,:cssc renllznr o teu desejo. , --'E cu flcnrln contente e renderln gra~ns li sun mls<irl• cordlu. ' • Entrou o nmblcloso no terreiro ·do seu sitio e, nlndn niio havia chegado li cnsn quando lhe parccen ouvir Í1m nle· j?re som como d<i peças de ouro que rolassem. Preclpltou os pnssos nncloso, com o corn~ilo nos snltes e, no chegar li va– ranelu, viu sobre a mesa um grande sncco trnnsbordnnte de ouro : crnm dohrõcs novos, rPluzentos, como se houvessem Fnbldo da cunhagem nnq11clln mesmn mnnbil. A mulher e os dois filhos empilhavam ne moedas, tanto, 'l)Orém, que viram o homem apparecer, correram n annunclar-lbe n boa nova : " Iilntrúrn alll u1u moplno lindo e, sem dizer palavra, delxnra sobre n mesa aquellc sncco de ouro." Como lidas· sem com elle 1>arn que dissesse quem era e donde vinha, ave• nns respondeu : "Que ern portador de um presente de Deus." J!}, com taes pnlavrns closu1>1)nrccern. o homem lcmbrou-Re, entlto da conversa que tlvêra e eorrlu peusnnclo nn tolice elo vlslnho que ti'lo pouco pe<llra. Pobre delle ! Como so rnl!'rln de Inveja quando o vJsse. Logo, porém, sem mesmo agradecer ao Senhor o generoso présrnte, disse li mulher e aos tllhos. - Bem, nílo pcrcl\mos tempo. V11mos vêr quantos do• brõcs bn uo sueco que bem. l)odln ser maior, vnlhu n ver• flnde. Em n1euos de melu hora teremos a nossa fortunn conlnda. El, em torno dn mcsn, puzcrnm-sr os quntro n contar 11s moerlns. , A' medido que prctazlnm um conto s.,,,...,n-nm nR pllbns e nsslm cobriram n mesa e fornm drpols urrumar nus appa– rndorcs e nos bancos. Vclu n noite e o sncco sempre n dc!<pcJnr mo<"lrtS. Uma luz nmnrclln nclal'oU o lntcrlo~ du cnsa, ns crcutUrt\d nllu• elnndns 1nm e vinham nccumulnndo dobrõea. o~ moveis Jn cstnvam cobertos, passaram a juntnl-os 11 0 ch!lo e não sen– tiam os dlns nem ns noltes-contn,·nm fnsclnuclos pelo ouro. A casa encheu-se ; arrastarnm o sacco pnrn o paiol e o vn101 f icou n deltnr fõrn, pnssnram O moinho e nburrotnrnm-no ; recolheram íts tulhns, li abcgonrfn, n t odos os cnntos onde podcssem enthcso\Jrnr, por fim, como O sncco nilo se csva– slava fornm empilhando mesmo no terreiro o no iongo dos cominhos onde us plnntns haviam mlrmdo. iJono, 0 m'odesto, logo 110 )>assar 11 1)1:xrtclrn do s~ sitio, ficou deslumbrndo vendo os seus milhos ' vl!:<)snmcntc apcn• dondos, o seu feijonl nlastrundo, n sun vlnbn c11rrcgndn, a fonte vertendo'coplosnmcutc, t0<lo o sC'u gncfo, ncdlo e luzi– dio, pustnndo afogado cm herv11s que huvlnm nascido em um terreno slifnro que Remprc rcspond~rn com lngrntldiio u t,:wlo o t rnto. E nilq snhlrn nlndn do vnsmo qunndo viu n-P· pnrllcer r, pottn do casebre, que um rosal recouto :tlol'ln e pcrrumnvn n mulher que clle dclxf,rn no leito, tolhida e nr• der cm febre, rl111lo, robusto o oorndn como quando cllc n vira peln primelrn vez e della se enamorara. Comprr hcndcudÓ lmnwdlntamcnte ciue, em tudo nqulllo nnd!\rn n mil.o bemfaseJn do Senhor, notes de ucmlir n mu– lher que o chamava, ajoelhou-se e ngrndeccu o mllngro. ll]r– gucndo-s~ cntilo encnmlnbon·se para a cnsn e n mulher, atl• rondo-se nos braços, disse-lhe : - Velo aqui um lindo menino e, tomando do rcgndor, sa• hlu a regnr ns t errns e, onde cul~ln nguu logo rebcn tnva n • uinntn. O gnrlo depois do beber, de eutrezllhndo que crn, fl· cou com 0 o v~s; os milhos crescernm e npenc!Qnram, o fel• jonl n.lnstrou, o nrroz yelo Jogo n flux, ns arvores cobrlran1• te de flores, n f~ntc entrou n manar e pnrn mnlor cncnnto meu, qun11tlo. nhrl os 1mlõcs vi que cstnvam abnrrotndos. ~ E que Í.e disse o menino. - Sorriu e de•appnr,cccu; i'ol o seu sorriso que me c11:v11. Logo me senti outrn ; pude nndnr e com tnnta fnclllelnele e Jlgelrezu que corri todo o sltl0 o vi qne todo elle cstl\ rlen• mente cobcrh> de flores e ele fructos. -Fol e proprlo J csns, disse o bom homem. - Xem podia ser outro. B Joilo, lembrando-se do vlslnbo, cllsso, sem Inveja: SI foi Dous que me fez nsslm t el111, tnmbem o noaso vlslnho de,c cstnr sutlsfelto.' - Por que? ptirgunton a mnlher. Iil J oilo nn~ron u conversa que tlvérn no snillr d11 ermldn, ntra ,·cssnn<lo o cnnnavlnl que o sol clonrnva. ~Estn a estn hora, n. contar o seu ouro. -)Ins nllo é mnls feliz do que tu, ,llssc a mulllet. ~ qh ! ~lm, afflrmou J oilo com os olhos 1111111 t'nxnmc rir nbclhns que procnrnvam 11111 cnnto pnr1 nbolctur-sc. * Correram dlns e mczrs. J oilo 1 1cscl11 t,odr,s os snbbaclos ao mcrc111lo e jí, ha ,·ln comprnllo 11 n111 cnrrrtn pnrn trnnsportor os prodnclos <ln Rlln uberl<'>:ldn bp1•t1nilo quP 1n·os1er~vn n
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0