A Semana Julho v4 n 170

BAGAÇO~ ■ ■• A chronica litteraria ,destes ultimos tempos re– g istou o apparecimento de um li vro origi– nal, muito mais original do que o s eu proprio auctor : o conh·ecido vate João Friza. <<Campo San.to.>1.. ~ o .ti_tulo pouco alegre, rnas, profunda1i1'ehté symptbmatico do destino que aguarda o novo s uccesso de livr1Hia. Nas paginas que· li, outro dia, emquanto su– biain ao ar sinuosas fumaradas do meu cigarro -amigo, averiguei, com sinceridade, que o homem, na v ida, deve ·sempre andar nos dois extremos, nos dois pólos. das cousas do mundo. Ou se é competente cc,m favores, ou. não se ·o é•com os obsequios ... Na· litteratu(a indigena, em cujo céo constel- 1:i'd~ fulguram, ás vezes , as chamadas «estrellas ·de rabo•>, de v~z em vez, s urge-no!> um novo astro luminoso. A vez, agora, é do sr. Joã o Friza. ' O poeta não pó,ie se r com– prehendid'O po r toda a gente. ' Ellé mesmo se confes sa ne– ' phelibatico. Fug inào, muito embora, ' á redea s·olta do conhecido e im– proprio elogio- comprado, o ami– go das musas que elaboraram «Campo Santo», est,i, porcim. a merecer a confidencia . destas linhas. Horado, Virgi lio ou Camões n ão se adiantam um metro em confronto com o . inspirado re· pentista. No seculo que estamos pas– sando, os homens mudam do dia para a noite como as ma, rés que se multipli~am em a l– tura ao se approximar a lua crescente Je março. Não 'quero dizer que o sr. Friza mereça, co111~ as aguas g randes invasoras do littoral quandq,: o Guaja rá tra nsbord a, a do lorosa contingencia• dos influent~s lunaticos. • ,•· : Màs, induscutivel:nente, o cantor de· ve'rsos, . ..,, de todo o metro e toda a conveniencia, que ' en· · chem as volumosas paginas do li vr.v ... em as– sumpto, delineou-o, plaRej ou·o com#·o àpreciavel auxil.o das boas marés de graça. Cada quadra, 4ualquer po~sia, trnva, versc,s soltos ou poemas repetem aç>s lei tores do ba rdo encanecido ·a nffirmativa do inestimavel apoio · acima avoca<io. E, sem .elle, o sr. Fdza seria, de certo, um homem ao mar ... Um facto sing ular, sobretudo, attesta a habi• )idade com que agi u esse poeta moderno , no Mbre intuito de busr" a consagração almejada• .. E o facto resume-se nisto : ao <ieixar o «Cam– po_San_to,'. o convívio fami liar da tinta ::om que e 11npnm1ram e da typogra ph ia que o la nçou á luz da pub~icidade, já estava pago e bem pago · na casa editora. Jt,ão _Friza não pertence ao rói dos que se vanglonan, com «uma casinha pequena de co– queiro ·ao lado» .. , C1da· ·urna das rag inas de seu livro é uma homenagem prestada a .::ertos.l e , determinados h o111e11s illus tres ... 0;; senhores devem me comprehender per fei- tamente. . Esse facto, por s i só, bastará para. garantir' 0 successo ela venda. , .r , ·, • Se assim fizesse Camões com os , Lus ia"da!:» que de naja vale ram para recommencial•o a un\ confortante ultimo suspiro, . o poeta : portllgtiaz não cegaria de um olho só. •• _Diante de tamanha e extra• orjinaria riqueza se acha ria , que a cegueira :aposs and'o-se:lhe ·de ambos os orgãos visuaes, trans;, formaria a .ehiStencia do famo– os epico que; só ppó3 a morte, poude ser amado ... Com o sr. Joã0 .F riz2. succe– derá o contrario: •- honra.10 em vidi!, depo i-s cJ(;; ·morto, . ficá,ii a exjstir tal reme<iio poderoso rara des opila r o fí gado. · Muito melhor softe·... - • • • JJETEST-0 o cinema . E'- flma affirmati vá • mflitis!;imo ~in)– cera. O espectaculo de scenas mentirosas -não me agrada; pelo contrarip, · revol!a I o !n eu es• pirito. , , S ou insensivel ao écran. Os «films > de lutas – são inveros ímeis. Pura pllantasmagoria. A's creanças é cabivel o cinema, aos adultos não. Não se cançam de propagar a perdicão e o v icio as fo'1ricas espalhadas pelo mundo.' Ra rissimas as fitas de mora lidade. T odas têm em geral, uma -scena de beijos ou abraços levianos ... E o beijo _é sempre «collado»-cousa muito estupida pa ra · es te seculo. Mas, o cinema não perverte, não se ~ontenta em ~e rverter. Explora no écran e explora com a revista. Polvo de mil tentaculos, eu te maldigo,· ini• migo da a, te i • ' ·