A Semana: Revista Ilustrada - 1921, Junho v4 n.165

0/ C0NTO/ ~ Ja ,. Os votos de Estacio .I Beatf'i7. era !ilha unic? de 11111a ca:;a opulenta. Eslaciu 11111 engeila– du, que se criâra juutu d,•lla, cnmo si ir111fws fu~~•!ll1, A' uuile, o 111e11ino rnligioso, ra– sava assim: - Meu De us! fazei Beatriz formosa e muito felii e não desamJJareis nuucc1 esta casa. li Cresceu Estacio e estudava. Na academia era admirado entre os primeiros 'conúicipulo. E, â 11oito no seu quarlo, ~ilen– cio~o teruplo do estudo, resava as– sim: - Meu Deu~! fazei feliz a miulla dea triz e a mim digno della ! III Gr::duou-se e voltou á fav.enda . A ruce11ção foi cnm restas, que duraram trc•s dias e a que vi...r:,111 todas as fa rn1rias da visi 11ha11ça. E, à noite. no seu quarto cheio de llnres ll com a al111u eutl urada óe ,1)1pera11ças, u l'Ugeuheiro resava a~si111: M,•u Deus l eu vos ajlradeço tanta l'elididado ! li'111.1ii a~ura, Stt· uhur, com que os 111,•us votos mais lt!rvoroso~ s11jam coroados! IV PPdiu a mão de lleatriz e foi-lhe , rt•1·11sada. Cu111n os paes da moça o PStima– va111 disseram-lht>, para a111ort11c1!r o 1-(0,IJI", que a Be;,ttriz ns~a_va pPdi– da por urn primo da ,•1s111ha11ça . Com es~o foi o casa111c11to. NHssa uoite, 110 suu quarto j/J sem llt111•s, e 110 i11Li1110 d<! sua alma ai11da 111ais núu, o t, iste rn~:ll'a as– ~i m : -,\lt•u Deus! ml'u 1),.11~ ! c1111cP~ dPi-111P. ~i,:ora fl f1•licidad1i dfl lla, fl eu •·outi11uurei a ahc11çoar o vns~u uomo. Lucio de Mondon9a. (IJ, Acadcu,ia B. de Lellra, ) @ §empre artista CABAVA de llllsgar em re\'i~ta , u111a po1• um:,, toclas as ro· Ilias que o pa'1111'11• Lroull.Pr9 do uu1tr•, ~lllU t:UCUlltra , St;HJUer ..... , «um harlrn ro a~sa•~lnaloo 011 um «i.~çandalo lnqu~lilicav.. 1, com que puct ...sse d:i r n ""c"ssarin condimen· lo nu 1,obrn do oCruzciron. que cada· Vt'Z se tornava m1•11os vrndavAI, quanclo, e111 um domin:ro, ll por i.•su mesmo mándia para n 110Liciarlo, alli pi<là volta das duas horas da tarde, apparecPu á porta da sala um hon· rado cidadão, trajapllo com a maior dt>ceneia . P. até mesmo CP.rta osten– tação diuhe iro•a. dÀ grandes dia· mautes e grossa cadêa, a pedir-me para entrar. - Sem Cl'l'Pmonia, disse-lhe. O homPm aproximou-se. Orçava pr los seu• s11ssenta annos, A na aherta physiouomia estampava-se um carai:trir sisudo e franco. Aceitando a cadt>ira que lhfl orre· eia. tirou do bol~o do coll13lle um cartão de visita e oprP.sPntnu-me cum ar risonho. De um lanço d'olhos li o seguinte : •- F. Aprnsento-te o meu amigo o H . co111,11en,l ado r Morall!l; ouvn-o tt sP1·v,i-o 110 ffUP. P.lletepedir,como se rora tem amigo-B., -A's sna~ ordens, Sr. commen · dador, diss11-the simplP.sme11te. O ho111em tossio, como quP.m ia fa7.llr um discurso, o que mtt puz loµo mo guarda ; mas em poucas palavras ex pli cou-sA. 'l'inha u111a filha-LaladP.-muito dada aos t!~tuclos, lia muito, sabia bom o l'rauc,•1. e o Italiano, tocava a fa1.11 r iuvt1ja á viiiuhanca e por cima de tutlo isso pintava, mas 1,i11tava comn um pintor ás dirnita~. t\ss1•µura va-111P, e P.U mostrava-mo couNe11cido, disto, que, so lho pw 7.t'S~••m nos quadro~ o 11om11 de \'ictor ~lui1 e llt>S, havialO de t11111ar a nitra co11,o do 1uestr..., e 11P.•lre della fõra """ com ..,ff,.iln. dera-lhA a~ ultimas liçôes :1i11da 11a~ vttsprras d,, partir pnra a Europa. F, co11cl11io pt•di 11du·111 0 insla nlP1111•n t" para ir á sua ca,a vrr um quad ru quo a me11i11a acah~va d11 dar por prn1w pln, uma pai1.aµPm, nws qu«> pai1.a· 1,p• m ! u111 primo r, caraz !IP oht.. r o pri,ueiro premio da proxima ex po· sit;i'w da Acall,•nda. lia aqui f)Pr certo OX3l(PrO e 11ão 1wque110, aliás n1uito dr>scul pav... 1 ó.i parltt d,• um pai, JH' OsPi 1•u; i,to uiw passa de algun1 pas/iche, qu.. o dil,(nu ho111Pm, por sc•r nhra ela filha, to111:ra µor um portento. E, a mais uma e~topada que nrn p1 t>gava o amigo 13., e não srria a pri111t•ira ; já uma Vl'7. me fü.Pra ir ao mu rro do Prntu ouvir um 11u•n1· uo-p1 udigio tocar \ iol iuo, e lá 1:u· contrei com effeito uma criança· lnsupporlavel, malcriado como um enfanl gale, teimoso como um ca· lniçudo, que para me dar u rua prova de sua amabilidade começou ch:imando·me seu aquelle e acabou ml1J1osea11óo•me com o e11itheto de burro, só por juntar minhas sup · plii:as ás da familia para QUP 110s deliciasse com um trPcho óo seu repertorio. O meu primeiro impul~o roí o de uma recusa formal, mas o homem me parecia tão bom, e demais di ~· so tratava ·~e de uma moça de dezoito aunos e 11ào de um prodigio· de sete ou oito, que, SP.111 •alJPr hem em que me metlia, promelti ir pPla m,111bã do dia sei;uiute ver a 1iaiza· !lHfll d.o Lulade. O com111endarlor li cou _satl~feltlssimo, e dosp&diu ·se fazoudo · me promette r mais do, uma 'HlZ que nào faltaria. E nào faltei e trectivamente ; no dia sf'guiutP, pela~ 11 horas da ma· 11hã, fui rectJhido á porta do pala· celA da rua Moraes, pelo honra<Jo c11 111me11dador, dono do mu~mo pa· lacete e creio que até da propria rua, pois tinha o seu uome. Em poucos miuutos conheci toda a familia : D. Feliciuna ~lorne~, rPs' peitavel dona da casa, os dois li· lhos, ambos acadc111ic11s, e a filh a Lalade, uma aduravel creatura, mas com a ~ua pn11Lasi11ha dH vai · dadt>, 11101,os ()Pia helltm1, da qual oliús tinha ph•na conscit?IICia, do IJUH Jlt'lo salJer; era o seu tanto litlPrata, e, ao que pan•ce, fazia vt•rsos; 11llima111e11tP, porém, apai· xo 11ara ·se peln!I plucois e aspirava ~Pr 11ada menos IJUH un,a Hosa Bo· nh11ur. Era isto, IJl'lo m1•11os, o que diziam os irn1ãos, sorriudo um tanto des1cspr.itn~:1 1111-rntc. O cotr.111111dador C'011vidou·me a ir até II atelier da nossa artista, sublinhando elle II pl11a•ll co111 dt>s· va11tici1neulo ; l.aladu li111ituu·5r a f:lZP.I' UIII ~igual COIII a mão, CtllllO uma prl11ceza que p..rniitto a um simples mortal peuutrar um st 1 us l'l'l:ios aposento~. Uesagr:iclou-010 i~so ; o rnt com 11ouca v1111tade de lho apµ laudir a ohra ct·a, te 4ue entrei 110 tal atelier. . d Mal trallSflUZt'lllOS O li1111:1r 0 umo ut>q11••11à ~o la prPdispu, Lr ~1""" 1111u..ilu uibttlr, \i1•1a1u u1zt-1 ., li

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