A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4 n.149, fevereiro

01:10 01::10 01:10 0J:10 01:10 O Sall es convidou-me a ir ao pomar. - Tenl10 lá ruma magoo li a es pi e □ · d ida. Eu sou tão doido por llõr'os, qu e as pl a ulo em toda a parte ! di· zia-me elle, daudú -me o braço. O pomar er.. pequ e110, mos tra· lado •;om mu ito cariuho ; Linha dP. 11 otav el uma mani;:ueira de enormes dime11sões, e já me não lembra 4ue va riedades de fruclas. A ma gnolia · lá estava, com as suas gra11d es fiõ· res pallidas emergiudo _da rama es· cura da arvore. Hod ea11do uma jaqu Pira visiuha , havia u111 ba11co dfl páu. Sfrntámu· 110s um pou co. O Sall es começou a ferir -lhe u tronco com o ca111v ete. Estava 1uo~ si I encioso~, e eu 111 P.c1 ita· va 11a exlranhesa da s minha s vi,õ,,1•s ~m ca sa do meu ami:rn , qua11d11 vi. positiva mente v1 , uma e11 cantadura mulh er, já ua se~u111Ja mocidad e, 11111s. :i pezar d'isso, linda, arrastan– do-se de joelhos, co1.11 os cal11-d los em des ali11ho , os olhos castanhos cheios de paixão, os la lJios tremu· los.o vestid oa envolvei-a numa s reli" ,las soinbri as, pospo11t::idas por uns p,i(Ju eoos raios de ouro, a~ 111ãns erguida s suppli ce rn ente. Tran shor· dava du l,tl 111a11 ei ra a paixão dostrn olhar, ha via tal co11tPnsào d,• amor 110 seu 1wi to, r,u e 111 e chi>gou a ser doloru~o Vf' l-11 assi111 ! Co111 qu 11 1n fal~ va ? a qu em Lli:da com tanta vw 111, me11ci c1 u amo-te sagrado '! Não ~ei: o peito' ar4uejava-lh e, saltnvam ' lagrirna, :.:ro.,sa~ 1los s,-•u s olhos, 11 es pa lh ava-s11-IIH~ pela phy-io1111mia u111 a pallid ,•z dP l11 ar... Fiquei muito 11 ervo, i1 e des pP.di -111i. do Sa llt>~. .IIPze!; Ll epoi s tive tlP lá voltar. u i11 sla11c1.is d'e ll P. para v,•r urn a ,.,.. . que 11a cu ll P.Ct,;Üo de lif'i o, . Esli v,.. 111os pPrln do la~ 11. vt> 1ulo u~ lír ios dºag 11 a, eôr df' 111 11 11i1ll H 11h ,· 111a ti c11s; a uu~so lad o IJ av i:i ,f ,1, out n ,s, ,·õr dP vio lPta ,, d,i- br:rncn , . muito pof' li co,. , , Sal lti:< 11 1· 11:11 ull',•n•1· ia a ~ fl or,•, ,1., " :u j 11:1!í ,ÍI; ,·ra zelo,11 1•111 PX r ,-, · .., so, e poz-se a coutar-me a razão d' isso. Eutretenlo, eu vi a atravéz de umas 11évoas un s vullos iodistioctos, tocando em lyras e em harpas de prata. Era um quadro vago, branco, nublad o, aéreo . !:iahi e jllrei nunca mais voltar á casa do meu amigo, para 11au correr u ri sco d11 ftcar doido! · Ti ve por esse tempo de mudar· me. Fui habitar o primeiro andar de urn a casa de pensão. Pela jan,•lla de sacada do meu qu arto eu via o 41.:intal da minha se11huria, llQla l.Joa hurgu eza ecouomica, qu e em VPZ de jardim líoha um coradou ·o para a roupa lavada, e, a um c~nto, um uuico cauteiro para tomates e s.a l~a. Havia, porém, ua vi siuhança, ·u111 quiatalito de eguaes dimensões. 111a~onde a doua, eg ualmPnte i;rati · c,1, mas de sentime ntos mai s tocados por uns laivos de poesia, plantára, al ém da grama para o coradouro, e da ~al sa para a paaella, um canteiri" ullo de augelicas, que est avam então em fl õr. , No verão ti'l' e sempre por habito ir fumar um cigarro á janella, anle~ de me deitar. Puxei a minha pol · tro11a para a sacada, na primeira noite da es tada na minh a nova ha· IJitação, e puz-rne a cog itar em um II A~ocio serio, quando dEl ~uhilo ,vi u111 a columna singular, movedi ça. qu" sP alava parn o firman1P11to iw fl11ila1J1t,ule azul .e i11tinita11rn11t.., cai1110 ! A poucp e pouco rui di ~tin– :,:ui11do fórmas humana~, li~ura~ qu a,i ap.. g:rda~ de mulher••s, co111'0 se aqu ell a colum11a fo sse a bíblica e~ca!la df' Ja cob, por -onde as reca · tad as vi rg.. us iam subindo ao cêu ! A' pr<> pon;:io que eu as fi xava ia-a~ ,1i vi,ani10 11,.,lhor, até qu e as 'i'i di s· ti11 cta1111,i,le ! ,. 1a111 t11,fa s alvas, eram loda~ loi· ras; o~ 1:a hi•lln, flu ctuavam-lt1l's eu, graud..-,-, 1111das f1 .,x iveis, le,avam us hra çu~ "l':!llid•1~ e 11a, pontas do~ 1l1•1t ús d a~ 111i1 11~, ju1 ilas a ci11,a da L 0 a llPÇiJ . 11111" p,·q11 ,.11 a a~·u,·e1,a, 11 :id,· LEITE CDNDENSADO MARCA LIBBY'S O alimenlo preferidoàas creancas! O preferirlo de,qtwntos o experimentam! O mais poílerO'-O um rropriedades nu lri liv:; s ! .\ uen 1.. no t•ara : .J:)ias F>ae:s La.-go da s 'ferci\s, 11. 1:, . iria talvez a 4:lssencia d ivina da major dôr da lerr:i ! Dos seus olhos azues, humidos de pranto, cahia o orvalho para as hervas, e ell as subi am , succediam · se, sempre formo sas, sempre loiras, semp re a erguerem acima da ca beça a pequena aç ucena cor de leite ! Aquell e quadro ti11lia uma magia !lxtranha, de qu e eu oào me podi a dr.sprender ! ficava hora s inteiras a contemplai -o, até qu e, ca 11çado a· do1;mecia. O cri ado recliava com'es· trondo a ja11ella e t! U ia tonto para a cama . , Esta scena repeliu -se µor umai. ci uco ou. seis noites. ,\pez:i r do meu protesto. apresentei-me uo lim àe algun s di as t:! m casa do Sall es. Levando-me atravéz do jardim, ell e mostrou-me de passagt>m umas ca111 elia~ brancas. Eu oflrn i detida– rneute Pª!ºª essas houitas flõre s, tJu e n~e par~c,am, 11a sua mudez, pe.que· urnas v1rge11s mortas :nada rne feriu uern al.ralou a ima:linaçáo. Bem ! calculr.i eu , agora as niinlt as visües só vêm á noite ! Ma s exacta1n'enle uessa noite de· balde es perei a colu11111a hum'and 4ue subia da terra a perd11r- 8e na~ constella ções da Via-la~tea ! Em vão olhe_i para o espaço vazio, azul , il· lu!nmado pela lui da lua ; 110 céu ac111z,..11tajo luziam as estre lla~como peqllPIIÍIIO~ IJOlllll~ do ouro; nadd mats ! . Por (!U •! não viriam ? oud" estfi• , 1111ut ellas, as e11ca11tadoras lilha~ da ooi (e? Ca11 c,;<1 do (l e prÜcu-al-as 11 0 P.sµ aç~, d~IJrucei-111 e da ja11ell a pa,.-a procurai-as na terra. Tud o sil enci o· :10 ! ludo comu 11a ves p~rn .. . unica· rn eute, do ca11te1ro dy (jUillt-•I vi~i· •~h u t111h am d'l~a ppart>'t-i do as ,111gw ll cas lirau cas.. . Só e11tão verce u, Lll.10 via o q Uf:l l'" outros si, 11tPU1 - 0 aroma!

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