A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4 n.149, fevereiro

--- - OS- CONTOS }1-. }1-. * ,.. * *· -DA - SEMANA . \ - Em 011tima occasiào vieste, A· dolpho , exclamou o Sall es, vendo· me ao portão do seu_jardirn; t_euh o agora uma -e~1,lend1da col leçao de rosas. Eutra . Ue facto, as roseira~e~tavam com uma dt>liciosa carga de llôres : uma ~ bra11cas como a 11e\'e, outras ama• re lia~, outras rosad as, outras cór de !lall~U", rajada s, lisa•, cri-,s pa~, folhuda~. simp les; de todos o:- la• mauho~. de todas a~ côres e de lo– do~ o~ feitios, l' llas hailava111 á doc" viração da 111a11hã. ~,H:udirulo eulr.. a folh age m tJ~c ura as cr ystaliu as i:otti11h as d'agua, cu 111 qu e, ,, 11 o n · .:a1tnr do jardi11 .. iro 0~1 o orvalho da uoilti 11~ tinh a pulvnn ~ado. - E11 ca ntador ! rea lmente! di ~se eu se11taudo-rne 11um !Janco, eur – quaulo o Salt es ia e vinh a, ex pli· ca ndo a eri gem d'esla rosa, a ltisto· ria compli cada d'aquell a outra, o romaucti de amor ligado a urn a as· si m e assim, o tra ba lho q ue ta l fio · ricultor ti ve ra para conseguir uma rosa tão p!-!rfei la como era a quti eu via ju uto a mim, na hastt1 curv ,1 de uma rose ira sem e~ prn hos. _ O Sa lt e~ dizi a de cór tud o aqu1llo. mais de q ua trocentos nom lls. u~1 ca talogo vivo , que t> lhi cl esíl ava rrH11 · to ufauQ. • - No ff iu j á ha gosto! repHli a l' ll e ,te vei em qua ndo, im pa1do de 01" ~o lho em fr ente ás ~uas l'or 1 11o•i;si· mas fl ôre!!. • . ~ 11 ouvi a-o. se11tiudo-111 e hem ali1, embP.l'itl o naqui>l le doce aro111a ,. rolll ta l t>s pectacul o deaute dos º.' ho,· De repentP., Pmqua nlo o Sa ll ~~ t1X terna va o~ se~•s conheci 111 ~ 11 lo:< ile jardineiro a1ia 1xo11a 0 Jo , PU v1, e 111 um edonso gramado vP rd1\ a vPllu · dado que ha via ju11Lo ao la go. ap· al·cc'e rem como por e11 ca 11lo, uma~ . I' , . • . . ' vi nte r,q, ari ga~ fo r111os1,s1111a,. I"'' dP.~c:i lço~. tu11i cas rosadJ~ mal ~r· Conto de Jul ia Lopes de J1 lmeida ' ' ALMÃ DAS FLORES ' A }1-. )(,- }(-- }1-. .. goras 110s h omhros, erguidas de um lado, dei xando vêr a pern a torn eada e roli ça, r,abellos negros suspensr s ua nuca por travessas de ouro, olho~ negros tarubAm, cheios de al egria e de malicia, de11tes hrancos resi, lall' ,. . . decentes, s0111so abe1 to, facPs fres cas como a aurora ! Ell as dançavam em rond as, mãos dadas, beijando-se, apparece 11dt 1 orn aqui ·ora alli, ~empre ale~ re, e sal· litante11. . O ::ialles -continuava a descrevi,r a astucia de um tal tlori cultor iuglez, que roubara a um !Jelga u111 impor· lante segredo da nxqui sila for111a .;à11 dtJ uma nova rosa : l:liltre ! clamava ell e, verrn elho de co lera. Nesse momeulo, umas das rapari' ga~, desla1;a11do-se do grn1H1, correu para mim e rteu-me inge11ua 111 e11te 11111 beijo no pHscoço; \'oltni-111e ra· pido e vi qu e me roça va 110 hor11bro a tal rosa muito perfeita, inclim,da da ha~te de uma roseira sem e~pi· 11hos. O Sa lt es convidou-me para II ai· moço e eu ~tlj;t Ui - o, julg,111d o 11ue aqu éltii tJS IJI Pndida visão 111 e hav ia de acom11a11har; m !J~ 11a sal a. em J'reute ás coslell etas dH ca rn eiro e dos bifes, nada mais vi. Pa~sou-~e a lgu m t~mpo. Um di a o Sall e~, enJra 11,do-me PP. lo P~cripto · rio, exclamou : llolll P. lll ! CO II SP.;!U i ll'I' aqu i. 110 lli o, cravos U'io IJell o~ co 111 0 os tl e S. l'au 1 o ; sa qu iz,;rn~ v.-J-os v,H1 ama· nlt ii cedo ao mr u j· 1di 111 . Fu i. SP 1tlei-me 1111 m.. ~1110 liauco ; o Sall es com,·ço u a fazer· a hb lnria do~ cravos ; J'alo 11-111" de 11 111 a1111go ~flU da prov i11 cia, qu fl ch,.i,;~ rn a o!J· ter Cl' ttlo t! ta11las qu alidaclH~ d'" ll "s ! nar rou a pro po~ilo uma vi al(,.111 e 1U eia duzi a de a1wctlotas: f' II "~cu · tava-o , pt ocu 1·andu 1111 PXle11 ~0 gra· mado as vinle ra11arigas da 111anhã da • rosa• ; ma • 11iio a~ P11 co11trnva ! Olhando ~fl lll JJrP. , 1ri11 cipit> i a divi' sar, ao long,i, u rn a;; pontas d" lall' 'iª~ <lourada~. uns capa ce l"S de scin– lilla1;õPs 111eLallicas e un s pen11 achos llu clL!ante~, <I P •·õrn~ vi sto~as. Era um exr. rcilo de cavall aria q 11e su!Jia· unrn encosta ?... Eram un s compar~as de th,·atro , ensaiando-se para o e~ pec t1cul o ·t Eu ia definir a coisa, qu ando o Sa ll es di sse : - 1 . ' Vem cá . Vo u 111oslrart1 uma parede da minha horta, 11110 está lit· lHralmente coberta dH rnad re~ il va; aquillo é Ulll'.l fl ôr vul gar, mas é IJ011ita . . . auda d'ahi. Entramos na horta . Borhqletinhas cõr de palha rna · vam por so.bre as cou ves ; havia um ar iagen uo em tudo aquillo. Che· ga11do em frente ao tal muro fl q uei attonilo I Como uma cascata de llõ· re::s, amarollas, rosad as e !Jrancas, o'l cachos da madresilva pendia m de entre a folh agtim ; zumhi am- lhe as vespas em loroo ; o ·o Salt es ei: plicou : Esta trepadeira forn ece muito mél á:i aheihas .. . Que chPiro ag rada· vel . . . hPin ? Já então uma s màosinbas curtas e ., gordas afastavam a folh agPm, e eu vi a cara redond a Pgraciosa de urn a moça. surgir det ra z <l a VArdu ra. olhar 1ia ra a direit,J ll para a es· 11u erda, ex tend er u 11escoço ro liço, mo~trar o busto co lt erto por uma cam isa de li11ho e um collete de vel· ludo negro, de al dPà. Logo de pois vei u dl' fóra um ca1u– po 11ez. vestu ~ri o ga laa to, rapaz al ti · vo e a leg re; e ll il a, rl ellruça ndo-s" na rolhagem, como quem se de hru · ça il ja11ell a, sor riu , mo~lniudo as covi uhas das facA . • e o~ SAU~ I:.: • 1 oq iiucoutrara m-se com o~ ri o ca mpo· aio , nu 111 longo 1,iiio de a11101·. i\ a alwlh:i~ zumbiam, e a campo· 11 ~~,11 •11 1,. ilava de flõ re,i o cha1H~u de fe llro cio ze o4o do 11umorad11. E !lgora jà 11 ào Pra111 ~ó 1:ll11s ! Em va· rios po11 to ~ dn 01ur11, ca11!po1wzP~ tl l;a111l1oneza s segred:i \·:1111 , ~:irac;an · do- se; uma d'All as clt t'1,tou a ter a ousadia de $a lLar para t'óra. e mos· lro u ass im as su3s uw ias em risca~ e a sa ia verme lha borrada 1IP P' Pto; o uoivo aparou.a r'1os bra ços. P lá.se foram os dois sa ltando por ~,hre as hervas, 6 rindo ás garga lh adas ! --: NDEFAB.RICA tl VICENTEM. Santos & I..... obato RA _ ___ _ ~ 1 _ . nEPOS 1T11 m .: ll , .,_ . .. ._ . G -- ---· ·---~- da s afamadas compola s de lnwtc1s 1w;ien : !U, IU 'A P\E:-i UE C,\H\'..\UIO ;;9,

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