A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4 n.149, fevereiro

( Conto de carnaval) (G~noveva d~ L . tem quarenta e cinco annos. Ha 15 dev ia ter sido uma ·bell a mulher. Rosto e nvelh e– eido, a ind a tem vida nos olhos neo-ros, dum raro bri– lho. E' a lta, de formas de envolta~ e a sna moc idade tempestuosa arrnin ou-a phys icamente. 'l'em uma g ra n– de paix1i0 não co rre , pondida, por Mau rício B. bello e fo rte rapaz, de vinte annos, soltP.iro). Genoueua-0 Carnaval ! Elle está ahi a le– gre e enJiab rado! Como ep adoro a F oli a e que lindas saudades daque lle bello tempo! Tão distante . . . Naqu e ll a e puca tudo e ra p_razeres e os homens, mendigavam um sor– ri so meu. Hoj e . .. Era a primeira nos bailes er:thm,i ast~s e fre mentes . A prime ira! R e mi– ni sce ncias lon g iquas ... Resta-me a cara que re lembra emmaranhada teia de aranha. E o corpo cançado e gasto, os c ,bellos quasi bran– cos? (desconsoladamente). E agorn, já "flO acca – so da vida, é que me ve io esta paixão louca por Maurício ! Dolo rosa vida!!! (Comep a passear ne rvosa, nn salão e legante. Chega á jane ll a e vê a masca rada passa r, guizalhante, ruas ac ima e aba ixo. Pa– lh aços pinott irtm, carruagens e aúto111ove is desfi lam che ios de phantasias. E' o rein ado de M') mot Genoueva -- «Ellc>» d tv~ ir :::. hi num d r:s ses carros. E' semr,rP. cum- ma lt ratos e se111p re rep udiand o! E' moço , bonito, e dPscjado. E eu? ca nçada e gas ta. Ah ! Mas é qu e e ll e não sa1?e que este foi o meu prim e iro, o me u uni co a1~1ur ! Aos quarenta ~ cinco an:1os !.. . Eu :-ipa1~onada ! Eu qu e tanto br inqu e i co111 os ~oraçoes, qu e tanto ri a C]U ando os homens apa ixo nado~ m~ fa la"'.ª n 11 amor e me pe– d_1a111 um so ~-r.1s,1 ck inJu] gP nc;;-i ! Orgulhos:-i, n ca e ;u11b1c1011 ;1d .1, - nfto conhec ia o amor, Amava , s[. n, o L .1'C,) , o Di11he iro, o Prazer. E agora? (V::wricio pn.ssa num atit.-, movel cnm um am igo e casua lmenLe lev,rnt,, os oihos para u ca~a da Ge no' veva. Os olhares dell e e da hei la ru ina encontram- ·e. :Mauricio fica profundamente revoltado). FE8RlfUGO NACIONAL TELEPIIONE, 994 Manricio-L á está G enoveva ! E' o meu j ettatore ! Já s e i qu e hoje a noite não me v:ie corre r bem. V i- a. . . Mas que dPsgraç2. ! O amigo- E po rque esse odio? Elia fez a ti a lg uma cuusa? l\1anricio- Tu sab s lá o qu e é uma fé ra como G enoveva? Estiir,aria ma is qu e me d etest:-isse. Mas não'. P rsegue -me com olha– res, ca rta s e [!ores , o de rnoni o ! Elia sabe qu e não a supporto, ll1 '1S p e rsi ste . E o s me us a 111i g0s r ie ·n el e mim; dessa paixão burlesca , qu e desgraçada mente in5p tre i. Ahi te ns o qu"' e ll a me q ue r. E foi o pe ior :-a ma-me. E já se i qu e me vae succede r a lg um a cousa des– ag radavel. O amil{o-Ora não sP. jas c!·e:1nça ! Nãti se ra t-ant o assi 111 • . • 11 (Em pleno bail e <l e mascaras, no Club. Meia noite. O tan go dese nfreado faz saltar o. moços e re– mexe os nervos cançad,,s do., vel ho~. Mascara Pnca r– nadas. prPtas, aznAs e amure ll as solteiam e g uincham. Momo rejubil a a llucin adamente . . ) Mabtricio (e ntrand o nos salões do baile)– Oh ! Está ;rnima Ji ss imu ! Que be ll 1 fe t:i.! E parece riu e t:)(Jo; se dive rte m e ndiabrada- 11w nt,· ! O ami_ff:> -P.)is façamos o mes mo. E v :1 - 111 0s ao buffet. Evo hé ! ~vohé ! tNo lrnf{el. Os marca rnil.os t,oçam . Jizem graço– las dctienx::ib1das. tenta ndo fazer e,.p iri Lo. M:-itll'ic io e o ::un ,gn, abancados, bebem e ol ham as n1ulh erl'S sP. mi – núas. De repe nte entra, úzinh a. uma lind a 11111sea r.1. E' a lta e e lef;nnte; veste riqu i •simu loilel/c d, apurndf' gost.o a Maria Anton iE>ta). 11fanricio -Ma-, que ad, 1ré1Vl' l ,11asca ra ! O vestid o é prec ioso e a dona eleve se r fo r– mosa e moça. O lll(tit,o (tambe 111 nthu sias nrnrl o) - Elh é elegant1 ss101a. Se nós a convid asse rn os para a nossa meza? Ultima Maravilha •·u ..-n. ,·•p rt :-t. P Pfl i,·n.z <lo i 111. 1>alucli!iô.1tlO e d e q un lq 11t...r febr,• ---------- /)rposilo- -■ li A Hl\1 /\('IA Al\l EHICAN A UeucJ',tlisshuo Ut•o&.loro, l :!a