A Semana: Revista Ilustrada - 1921, Maio. v4 n.164

A SEMANA um d os n 1ais formo s os espíritos da intellect u a li dade amaso– n e n se . o d istin c to poeta A l va ,· 0 Ma ia , p resente m e nte n e sta ca– pita l , c olla bora n est e n u mero d"A SEMANA, offerecendo a o g os– t o a pura do dos a p reciad o res d e bons verso s a mag n ifica p a gi– '-.., "\.. \. "\.. na que subscreve . /'. / / / VALLE MALDITO Para que descobrir esse grande segredo, que me tor na um heróe e, ás vezes, um cobarde ! O' torturn infernal de haver chegado ta rde para um vali e de amor , que appareceu tão cedo .. . Chegas . . . Teu vul to lembra horisontes doirados .. . Ol has· me ... Teu olhar é · a Terra P romettida ... E estendo para o olh ar o .olhar. cego e SEm vid a e. m san gue, para ·o vul to os braços decepados ... ., Antes ficasse mudo : em silencio morresse Esse doce mysterio, essa an gusti a infinita. E não brotasse ao sol ! A suffoc a1ite grita parasse na garganta e v_entura esquecesse . . . (i valle de meu SOI).ho .o desespero lavra, agitando com raiva as febrentas espiras .. . Concentro em minha voz a voz pe h arpas e ly ras e nã'.> posso dizer uma unica palavra .. . Corre por mim um rude incendio . . . E, em febre louaa, na desesperação de maldita cascata , surge da al ma revolta em rebrilhas de prata, nasce no largo peito, irrompe pela bocca .. . E levam-se para o ar as rubentes centelhas, - aia de allucin ação, ru gidos de agonia ... Gemem glorius de amor, - - pobre fo nte erradi a a lenir e a contar suas queixas vermelh as .. . O fogo tnm ultún aos reclamos do vento .. . l{ola de oeste a leste : evoca rubra lingua, que estraga n a cari cia . . O enca nto mor re á mingua ao cén, quo é combmtão, á terra, que é tormento . . . O incendio cresce em f11 ria e a selva immensa invade, n umn persegu ic;üo que fere e desconfo rtn... Cada arvore abatid a é uma e perança mort a, cad a fa gulha esparsa é um laivo de sa udade .. . Queima I Irei para o cbáos como surg i do berço: forte e só, magro e triste, alma orgulhosa e rot a . Quando me der a vid a o horror da ul t ima gotta, terei a fo rça idé.11 que sob re mim exe rço. .. Queima ! Pur Satanaz ou por Deus, pel o infern o ou pelo céu, crepi ta ! Alcança o elmo prodí gio . .. Destróe ! Calcina t udo em teu doido fastígio · e t ransforma este valle em desalento eterno ! Nada fi que a pairar do romance remoto .. Não soluce a lemb rança ent re os dias fu gindo.. . Não recorde a cabeça esse sonho tão lindo, que marcha para o abysmo ent reaberto do ígn0to •.. Morra o sonho epef;!ado a esse grande seg redo, que me torna um heróe e, ás vezes, um cobarde e chóre a maldição de paver chegado tarde ' para um poema de luz, que resp lendeu tão cedo.•• Alva.ro Maia.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0