A Semana: Revista Ilustrada - 1921, Maio. v4 n.164

Soror0ca-Club Todas as noites, após a primeira rnssilo do aOly111_ pia»:, numa <las mezas da lerra~se do Café da. Paz, fronte irn ao cinema R io Branr.o, costumam fazer ponto - de reunião o desembargad ::: r Loyola Virgolino, o dr. Carlos Silva, o academico Jlfatheu s Lydi o Pere ira, o coronel Theodomiro Martins, o senador ]\[arcos r unes e ontros qu~ taes . O Constantino Wamey l. engaiolado nas g rades ela bi lheteria. do R io Bi'anco, emquanto escreve versos ci– nematogra ph icos, de vez em vez along[l, o ollrnr sobre o g ru po de abalizados noctambul os, como rn nelle rezi– disse a sua Fonte Castal ia. e chama aquelle agrupa– mento refinadamente illustre- o con– cião das 9 horas. Nos primeiros tempos discutiam all i, ju risprudenc ia, men icina, meca– ni ca, jiu-j/ is11 e outros ramos da vidn, revelando-8e cada. um dos membros do gr~::,o, !,"!'!'.! p!'ofnndo co nhecedor da. materia enunciada. E' certo que a roda quasi não faz despeza e que por isso o L ou rival n~o aufere com ella proventos para o bnr do hutel . Em todo caso, o ge rente do Café da paz olha cem sympa.thia os co nsp ic u0s h abilucs de sua /errasse, por se trntar de o-e nte illustrnda e distincta. Uma noite, ( lucil avam as estrellas no firmamento e havi a mov imento 110 praça), o coronel Theodomiro, inter– rcir.pendo o Mathcus Lydi o P e1eirn que Giscoaia sobre a descoberta· q11" fizera de um novo golpe de j i11 -iils11' pergllntou : - O' Malheus, voc(\ academ ico de medi ina, pre isa in ventar um re11 e– dio qualquer que traga illuslraçiío ao seu nome. Deve ser qualquer coirn que o torne quasi immortal, como aconte· ce ao Gesteira com o «Ventre Livre» e a •Ute :ina ». O dr. Carlos Si lva monol ogou um muito bem rc– l11mbanle, o desembargador Loyola achou a idén ln · minosa e o senador Marcos Nunes reputou-a sesq ui– pedal. O acadetLi 'O Matheus escorou a te tR. nos dedos medio, indicador e pollegar, pensou, retkctiu e inter· rogou a roda : - Que. ha de ser ? O l 'heodomiro abemolou a vo;.; e quasi em surdina perguntou ao Matheus ; - C'onher:e vo<'& a8 qnnli rl:icl e;: util itnrias <la soro~ roca? O M.athPns nãn conhecia ( 385 qnn li dades, como não conhecia a propria sJ roroca. - Po is. meu ami go, in sistiu o coronel, a dt usa da Fortuna vae despejar sob re voc1 1 a sna co rnur:op ia de. 0 ill'o. r t iliza ndo·3e da ra:z da soro roca, com o a uxilio da (' hi mica, pode você crea r o E li xir da Ju vent lldf.', paru ga udio de nós outros que enfraq uecemos, di a a dia. á medida que os an nos se suc.!edem. O Matheus, qne beb ia, nma por uma, as palav ras do Theodomiro, dd re9e nte mu rmurou : - E crê você ne3sas preciosas qualida des da soro· - Como na in fa li bilidade do P a - pa . sentenci0u o coronel c.-.m aq uell a maje~la de que lhe é peculia r. - E ç, dinhei ro, Theodom ir: zinho? o dinheiro p11ra que eu possa toi:.n a r realidade o precioso in vento? Então, o coronel Th eodomi ro Mar· li ns, PSpalmaudo a mão sob!'e a meze , com solemn idade, d i~se: - Fun,lemos o So roroca-CI nb, cu · jos agrpm'ados conco rre:·ão para que se rea lize o gr;rnde invento . L ogo que este comece a da r res ultado, 5Q 0 1 o dos lu cro, serão seus e 50 °\ ., para o Clnb. E foi assim que se fu ndou o Sororo– ca Club. que todas as noites fun r:c iona na lerrnssc do Café da Paz, na meza fronteira ao Cinema R io Branco . Quem nos forne<'e u - estes ar,onta – mentos fo i o prop rio coronel Theodo – miro Martins. - L1rnoA or;: PR.iTA. Sorrisos ... Ol hares... Palavras ... Aqutllle rr.en ve lho e respeitaYrl a.migo, asi iduo hab ilué do 01ymp ia é burocrata: e burocrat a federa l. Todas as noites. qtrnr chova, (eu já ia escrevendo quer fncn S'.J/), quer não chôva, elle se estad13ia numa das ;a. deira do elegante cin e•salão, para admirar as summ i· dades da scena muda. · Outro <lia , porém, quando era exhibido o fi lm •O ApoS t olo da Honra•, elle soffreu cm dc>s ma is serios vexames de sua vida : nma elegante que não é GO seu conheci mento 1:: não se fazia acompan ha r de quem quer que fos~e, sentou-se ao lado d'elle e principiou a ped ir explicações soLre o~ principaes interpretes. E lle corou, suou e maldi e os deuses ... Santo 1

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0