A Semana: Revista Ilustrada - 1921, Maio. v4 n.164

~1 , ........ ................................ O BOTO meu excellente amigo A. JJu rke, acr rtadamente niet· tido no Museu Greldi, não só pela sua rara competen<'ia de sabio investi gado r como ainda pela sua r:ira e kilometrica conforma· ção anatomica. ficava essaào quan · do, em palestra pelo Trombetas, en lhe falava em bôto. Nunca digas bôto, homem! Bôto é o termo com – mum, u ado pelos ig norantrs; nó. (e te nós só se referia a ell e) di· zemo!. s/er,w fucuxy. para desi · g na r o a nimal preto, e~ p~c ie de inoffensivo delphim, ou 1111a atna • zonica, quando o bicho é vermelho, voraz e temivel, com o seu longo focinho cylindrico, rachado ~m. uma , n 1rme g :1ela , armada de 134 dentes solidas e pon tudos. -Mas, n uck P, eu não sou natu– ralista e se empregar esses termos damnadarnente arrevesados entre esta gente si mples e to rútilo poem!l não desabrocharia como flores rl e ma io 1 E o caso deo-se justamente P.m maio. O co ronel Hcrap iiio Honifa· cio, politi co tle alto prestigio no alto Curut\ , é po; suidor de altos haveres. sobretudo em fazenrlas de gudo. '1'0111 uma filha . <lona Qnino– La, a rain ha d'aq u, ]las f lLuras e em dez leguas ao redor cr.!atura nlgama lhe poderin rompeti r em fo rmos ura e graça . /J rrw,n era francamente jovial, alegro e prazenteira, irrnd inva na iul g uraçào do sen~ deze ete annos e apo ucava todos os fro.ngotes que lli e faziam a co rte. Um d'elle~, o Irineu Brederodes, fonrlarr,ente dar– dejado nos seus ciumes, jurou v inga r-se da cruelda<le da moça zombete ira e reco rreu ás mandin gus da tia Pul cheria, mameluca sa rada boa, s ujeito-n,e a fü:ar co n· siderado maluco, ou quando menos, alvo de uma rigorosa suspeita, e~pecie de obsPrva· Vers du «Magnifiqu e» çào medica a quem tem a clarabo ia avari a ia . .. -Não impo1t a ! A scienr.ia acima dP. tudo ! vociferou me io zangado o excellentc ami go. -Pois, s im . Err pregal-o– ei a seu tempo, lembrando· te, entretanto. que uma vez por querer deitar sap iencia barata, perdi uma succnl anta boia de /11c11nnrés .. . - Outra asneira! ão é tucunaré, r apaz; é cichla ocellaris, ouviste? - Vae-te p'r'o inferno com as tu as licções . .. ···-············-·····································-··············· aux dame· flurentines <ln XV siécle \'Eíl ION FílANGAISE R' si vede ·in 09 11i la to Ch'el prove,·bio dice il ve1·0 l'ar /011 /. l'on w il pm· clJ'111· ce 7n-11verhe si m·ai: «l,oiu desljeu.r, loin r/11 co·111·.. ... Si, loin de vuus, j e vais, i,ien loi11 , s 'e11{1til l',m1ow·; vo us êl es loi11 des ?1eu.1:. 111oi, d1t c tr111·. j e suis loiu; mais , ,,u ·u esl délicie1u, quo11d, de p,·es. j'en ai soin ce p1"iso1111ie1· cl'un jo1w! ... Moi, 19~/. D r . A . S tiévenart. · olheira5 da Quinota , os seus en – jôos. a exqu isit ice dos ap petites. qu asi se confirmam as suas sus· peitas. Entretanto. pa ra qne não houvesse offeusa a Deos em j uizos temerario; . o valente curuano man– dou buscar o seu compadre Proco· pio, o mais afamado pagé de San· tarem, e confiou-lhe a t rama do my terio. O pagé t ufou a vo.idad'e cabocla e jurou, dedos em cruzeS; que «daria definição de tudo aquil– lo» , pois que, até á data, n unca os séus caruanas haviam mentido. A' noite, entre grosrns novel los de fumo e fa rtas li bações de parati, ao som do marncll e g runidos sotu rno;: , mestre Procop io invocou os filhos - Pae Camarão, 8uiuna , Tucux y , Pae Camúrim e toda a 1éc ua icthyologica e cada um por sua vez acc usava o bôto como o acau sndor d'aquillo». A consten)ação na redon– deza f0 i ge, ai. E nii.o havia senão deixar a Natnreza obrar. Com o tempo t udo passa ria. e quem sabe se urn a alegria nova, uma alegri a ruidosa n ão vi ria rejuvenescer o 'felho Sera.pião, tão acag ibado ao peso d'aquella i nenarravel desdita ? O pagé, entretanto, exor- cismou o porto e o terrei ro da fazenda, persignou- se, resou, fi ncou u·r. s am uletos e declarou, ufano da sua eabe – doria, que d'aquell a d0ta em deante nu nca mais o bôto por alli vo ltari a. 'l'res quartos de a nno de– corridos, os moradores do alto - O reino dos ceos é dos ignoran tes, murmurou elle, desespP. ran çado da minha en· ~~.....,.,.,,_~~ Curuá., pa,a não offender a. cabre tadura nos termos pimponas. -Seja l bradei eu por fim. já com u ma pontinha de desconfian· ça, que, fe lizmente. não se verifi– cou, da normalidade mental do ami go. Só a ab~oluta certeza de que o Du cke, a estas horas, corre os ca· fezaes de . Pau I o em caça ás bor· boletas ( 111. meneias, 111. rhelenor, .l1. Íl ecuba, etc., como elle chat?a) me fez encabeçar esta narrativa com a bonita e sonóra palnvra bóio. evocativa de e teira · de prata liquida. e pelhada;; ao !uar bal ·a– mico da mattaE; de ycrras en nas– trada de ouro. emergindo de pa· ]acios encantados; de faunos , en· o-a tados de perolas e alj 1 1fare ; de ;\h piros longos e perfuma~7s com o sandul o do Amor... A1. Se a ~Jroa das ilorestaij fili asse ... quau · e!Jl fe iti çarias e em res ponsos co.– bali tico . De de entiio, pelas noites enluaradas, um bóio enc11ntado estridnlava um longo, fino, pene· trante e agndo assobio. ql1e gelava de terror os moradores da fazenda, em r.rndecidos e inertes com o pa– vor da:; cousas sobrenatul'o.e,:. Ape– nas Quinota se leva ntava pé ante• pé, abri a de man sinho a janela do se u quarto e para repeti r a scena ele Romeu e Julieta , só faltavam os jardins de ('apnl eto. O coronel Eerapião. cavalheiro muito viajado entre o a lto Curuá e a cidade de Alemquer, g uardava relig iosamen te a crença bered itaria do butn e n– cantado, ,que perseguia clnnzellas, e das ycrras, que desembestavam donzeis. De confiava, pois que aqnP.!le maldito boto lhe 'quer ia pregu a lg uma peça e venclo as su ceptibili dade do coro nel, q~ando _se querem referir ao bôto, no.o ma is empregam o termo com· mum e sim o rebarbativo inia amazonica. que o meu amigo Ducke por alll tambem ensinou. A's vezes, um Ou outro gaiato se refere ao Brede1:odes-bôto, que de simples falqurJador, sem eira, 1.em beira, n em ramo de fi gueira. passo u tam– bon a coronel e a faze ndeiro. E ha quem não o.credite nos mi· lag res da tia Pulei erio. ... Jayme Calheiros- ____ *____ Q UER EIS qne a vossa casa, rros• pere a son,brosamante? Procu· me as paginas d'A SEMANA para annunci ar o vo~so estabe· lecimP.nto 'f'rav. 7 de Setem– bro, 33- telephoue :mi.

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