A Semana: Revista Ilustrada - 1921, Maio. v4 n.164
A VE1VI!VADA D IZEM que não existe arte mais diffi cil ~o que a de governar os povos. no meio ~ da lucta dos partidos, da am~ição dos correligionarios, dos botes da oppos1ção, pro– videnciando sobre tudo , desenvol vendo gran– de somma de acti– vidad e e ene rgia. Pois existe uma arte ainda mais dif– fic il. E ' gove rna r u111a casa de nume rosa fa– milia. Eis aqui o que vi e ouvi, esp re itando pelo buraco da fe:– chadura , dur a nt e doze minutos de re• logío, no lar domes– tico de uma senho– ra do meu conheci– mento, a qu al foi mimoseada pela na– tur eza co m uma penca de filh os. Registo fi elmente as minhas obser va– ções, como um pho– nog ramma. -Vá pôr o pente no toucador, me– nino! - Mamãe - g rita lá dentro uma vós i– nha e s g ani ç a da– seu Gustavinho es– tá- me dando bel is– cão . .. cudos. r\ cosinheira ,·em participa r que falta lenha. -Poi s já gastastes tres feixes, Ma ria? A lenha vale ouro. Onde irá isto parar, Santo Deus ? . A Maria, muito respondona, faz beiço e vira o rosto. E mquanto D. Er– .melinda vae busca r o dinheiro, chega o homem do leite; to– das as creanças dis– pa ram a gdope para toma r a garrafa,atro– pelam-se, caem, e uma de l!as parte os be iços. Grande be rreiro. A mãe accorre a ar.ale ntal -a ás pai • madas; ma s com o ba rulho d e sp e rta cho rando o be bé de 6 mezes, qu e esta– va no be rço. Emqua nto isto, o Ca rlinhos jaz a um canto d a sala , em· bezerrada e chora– m igas, a pedir bi's- cu i to. · De passagem, a 1rãe dá-lhe um co· coro/e (tome biscoi• to 1) chama ndo- lhe pas tran a o Ca rl inh 1 IS P.S· pe rneia, dá sô ~cos na parede, ábrc o choro e continú a a Pe lo co r redor ou- ve -se urna matina- O P11,i11rn te ci,·111·ofr!o d1·. . Ca111il~,, '., /g a_do, aha lisculo mrcli,·n pn– ,-a,.,,&e, CIIJ O (1/lllll'el'SOl'l u 11(1/(l{u·,n I r , 11,1cu,·1•e11 el a infe rn a l, é º. r~ - . dn111i11r,,1 11/lin,o. ped ir biscoito. A cozinheira põ · se a resn1onea r em voz g rossa , di zen· ido de u 111 ca 1xao . arras tado. Dentro do ca ixão está o FreJ e n - co que os outros hpu~am. d . b F rede rico, en t us1_asma o, t~ma a !)eno 0 seu pa pel de cocheiro e app lica de 1 tv~~as h . te nos burros, os quaes se revo a1 ,tm 0 e 1co • d )ede m coices. e l~1 e es j O rõlo. D. Ermelinda. assim e I• o rma-s~:- da tr opa, os dcban<la a cas- cha111a a n .ae do qu e tambem fa lta cebola. - Ce bola? Po is se hoje ve iu uma restea ! --Desappareceu da prateleira. A .r~ st ea de cebolas fo i encontrad~ na sala de v1s1tas, para onde a car rpo-ara O Ped ri– nho'"' (de anno e _meio). O Ado lpho, Pns inado ª n,t~. faze r mas creaçôes senão no logar propt 10 , pensou qu e a es ::trrade ira tambem
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