A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.163, maio

~ l~~l }/J ~~ ~ - ~ -Lá vem ella ! Formos~, elegan- · te. sympathica e g râcios_a, como sempre 1 . Tanto de enth•1siasmo e ardôr tinh am em si estas exclamações, que a in te nsa ·n1uminação da sala <le esper:i. do «Ol ympia», onde se ellas exoandiam , como que au– o-me ntou; rebril hou vivamente, a ;s~e co ntacto de calor . . . E n té e u, qu e a lli · me fôra a rn: i.vi sar o espírito d a aridez da vi da commercia l, ás sub itas me vi a rrebatndo de mf us pensam1mtos long inqnos, varado tambem da tnl q11e11/11ra, t res passad'l de incoerci– vel curiosidade . . . E os olhos lá se me pazeram a investigar qnem de tal sorte fa la vn. quem a~sim , a lto e bom som. fran ca e irres isti– velmente, desento rpecia.o ambi ente d11qn ell e nosso predilecto cinema, nessa noite, en tr etanto, algo desa- 11imado, poueo frerinPntaclo. Era um moço esbelto e in sinu n.n – te. bem novo a ind a. sub ria ma8 <'E· meradamente trajado. Co loriam-se– ]]1e as faces ao fogal'-110 do ta l en – thus iasmo, chi spa vam-lh e as pupi l– las sc intillaçõe~ d;, aru ôr, de arden- . eia juvenil, e o co rpo todo lhe era impaciencia, in. offr ed,,de um pa– roxismo alcandorad o á ma is forte dynamisnção. quP.r dos nervos, quPr dos sentidos . . . Olha ! olha! Ahi vem ella a entra r ! dizia o apaLxo nado do m– paz a um si u c0mpanheiro , ind i– rando nma mocinha, qne, de facto, em compan hi a de duas outras e de uma senhora ido;:a . acabava de pe - 11Ptrri.r o vestibulo <lo cinema «Ol ym– pia•. F, e ra nn ve rdade, assás g-Pntil , bel la e ~a pitosa, essa f! ôr de en – ,·antos. meio moça, me io menina. - E' ou não uma joia , res plan– derente e mimosa'!! -- E'. Acceila os meus pambens: mas . .. até agora. niio te deli e! la. seque r. a esmola de um olhar . . . a graça de n m Ro rriso . . . . . - Ta nto melhor! Terei, a!'. 1111 , difilculJades a vP.ncer. l sso prova, ali ás, que aquell e coraçãozi~ho é ainda puro, n ão vol nve l, e ,sento ainda tstá el e toda a fri volidade da m6t· parte elas moças de sua idade. ºI'anto melhor! V€- ! Que '5impleza ! que cand ura! Dir-se -ia !'e não aper· cebe e alheia por comp leto do pn' tio-io ele s ua propria belleza ! Por is"' o me 1110 é q 11 P. eu a est imo, a amo. a id olatro! Hei de fazer todo o possível para me dar n co– nlierer para lhe falar. A!l i, p revê· .; e tog~, ha j uizo, d i$cern imento Gt ~smael ae <!astro precúce. P.oucas meni nas tenho visto, que nssim tanto me agradas– sem, ta nto me prendessem ! Não, minto ! Outra egual, nu nca vi, nunca! Excusado ser,í es<.:larecer que, agora, este incendio de phrases crepitava em borralh o, surdinamen· te, só entre os dois .. . Comtudo, eu bem lh'as Óuvia, essa~ palavras, inflammadas, abrasantes, de um, e ironicas, ferinas. de outro ... Por– que de amhos mP. approximára, dis– farçadamente·.. . Que fazer? São os ossos do officio: quem. escreve para uma ,·ev ista •chie• (vá lá o fran – cesismo, cujo P.mprego deve tam– bem ser · levad o á c11nta dos taes osrns ... J como .-\ SEMANA, precisa D,·. J1,,l/i n11 l.111oei,·11 lli/lP11co1n-l. nos– so J)resoclo ,·1111 / P.1'1'01,er, 1• t/islin clo Pn • r1e11l,ei1·11, 1·esirle11/e e111 ,'-;âl) l.uiz. 110 ,l/{lr(//lhrio. Ollf{e P/11 /llºe,qa n. SI((/ rwn - /ici1•11/P 111•/i,•i1/r11/p ele intP. ira r-se ti a vida do nosso esról. àa nata da nos~11, socied aclP, tõo cheia de mysterios, tão po nti- 1 hacla de ·egredi II ho,, de co isi · nhas . .. A sa la-peristy lo do • Ol~·mpin • estava rpia si va ia : nl?m de mim, e das pe sôas upra descripta , viam-se 1~, disper os. uns quatro ou seis cavalh eiros, no maximo todos indifferentes ao tLLI romance .. '. Senão quando, - e que pruridos de anceios, que coceiras de excitação não teve o ga rboso mancebo! . ~ moeinh a encam inhon• e para o nos– so ;aclo, con ,·ida ndo, so niclente e gazil, as na · amig uinh as a vêrem um ca vallete for rado ele vt llu<lo nn<le , ern rec' amo, se prend ium va: rias photographias de uma fita qualqutr: - Examinem ! contemplem ! I sto é qne é rap "z ! isto é que é homem! Geor ge ViT alsh !· Sou doidinh a por elle ! Amo-o em pemamentos, em sonhos !.. . Que braços. que per– nas, que muscul atura! Só não lhe aprecio esse~ dentes sempre á mos– tra... Em todo caso, isto ainda é signal de força; e eu prefiro a for– ça á intelligencia . Ah! George Walsh ! Quem me déra vêl o! Dava, mesmo , um anno de vida, só para o ter, agora, aqu i, á minha frente! Insensivelmente, r umei a vista ao moço tão apaixonado e tão in– genuo, e já o vi r ali ido, sem ·do • naire. sem enthnsiasmo. sem ardôr.. , os olhos semi fecharl os; sem as taes scin till ações... e a cabeça descahi– da, como em peni tencia de vergo• n ba . . . -George Walsb ! O artista dPs moçns ! O senhor, o Deus do meu coração! Sahes, Dosinha ? Já. lhe tenho env iado varios postaes, com o meu retrato. E ll e, no entanto, o mansinho! só me escreveu uma vez, urna só. J ngrato ! Guardo esse bi lhetinho couro uma reliquin, como uma ma~cote ! George Walsh I Que linn o ! que soberbo! que portento! Olhei, de novo, o rapaz dos meus cu idados e, quanta desventura! j:i o lobri g-uei transpondo, ás p ressas, a porta do cinema. a hatido e furi– oso a um tempo.. . O outro, o seu amigo, fazia por lhe tomar o en– calço, presa de urua pororóca de ga rgalh adbs, que lhe rodopiava nos g-orgomil os: -Ah! ah! ah! Não te vás ! . .. Não li g ues tantR. importancia a estP. incidente. . . Ah! ah! ah! Vem cá! Vamos ass istirá "fite » . . . qLH:,, certamente, não será superior a esta, que te passaram ... Ah ! ah !ah ! Mas qual ! O pob re do mocinho não no attcndin ; ia até bem longe r, _com pouco, eclipsava-se no meio do jardim <1a praça ... Que desillu ão I QL1e desapontn.– mento ! Ma , reanime se, menino... Re~uscite, que mal de muitos co n- olo é.. . A desdita que o fére, tem ferido a muita gente bôa • No Pará, como em todas a~ cida– des. onde se estadeia, dominante, a chamada «nrte do silencio », ha cerebros de moças que são ve r à~– deirn · C< telas »(p'r'a que dizer ecr~n !) cinemato(J'raphi c&s, e que._ por ,s, o. quanto a"j nizo, a discern1mento ... uhm ! uhm ! . . . temo co nversart o. A l n ã!.ldo ·va.lle.

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