A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.163, maio
- . •,•. ... I · · ·.• ..·· .. ~r·•-.'• . -" -~-·- ,- - - . '****kti*************X7CYC"IC7C-.'1Clt'lt A !'EMANA '*******ti**tt**************** ·rrisfe confissão ~ -~~~-~ tra : irradiação que' -~-·da vida, po·r– que · estavam rnerg ulhades nas tre– vas de um a v isão morta - elle, eram cégos.,. Comtudo t enho saudades dess-!s mei go s e t e rnos olhos pro– fundamente uogrcs e dolorosos que J'a;•o o 0111 0 1· 7J111·0 e i11r!t'fi11ido e u amei... ., dos uw ii.ç poe.ç. Um so luço mais jirofnndo se ou viu e Cecy, con vulsiva a inda , t e rmin ára LUAR, com o seu J..1minoso a sua confissão. Cléa. commovida, cortejo de estre ll as, argente- beijava com amôr a irmã querida, ava a pra ia deserta, 3ilenci- chorando com el!a . . Cheia de osa, onde as ondas trefe gas parecí- dô r perguntou-lhe : . am gemer, vindo como que numa «E se póde, então, amar uns olhos caricia beijar a areia jas peada, des- que não vêm, querida ?» fazen,:lo-se cm es puma e r espin gos Cecy responde u· lhe ainda: crista llinos .·. . A brisa embalsama- «Não sei! entretanto eu amei com d a pelo perfu me das corollas en- fPrvo r Fernando, o j ove n pil.llido e gres tempos , parei a certa distancia e ali me· e ntí·etivc assistindo um n: agnifico córte de rocéga afiada, e habilmente dirigido por um ·aos heróes– dessas pugnas ... A coroar o fe ito não faltaram as assuadas dos. comparsas qu e,fe stejando ~ v1ctoria de tfí n, eneheram de tristeza com -os seus aou- pos os olhos cabisba ixos 'do vencido. E t: u, instinctivau1tnte, le– vado pe los te 1J1pos que frui, ta,nbe m l~ve i .o dP.do á bocca treabertas á caricia da noite cal ida cego, que conheceste.: .» ele verão, perpassava meiga e em- Oléa, como em extase á dor de e va ie i com impeto co 111 en- bri agaute. .. sua irmã , ch orou e teve tambem thusiasmo. ' Tudo, n a nostalgia empolgante s1udades desses olhos neg ros, linda- Umassenho rinhase-rac iosa·s daquella praia, respirava poesia, mente n eg ros, f] Ue Cecy amara ... ~ sa ud ade, ternura, melancolia... St..rpr ehende1:am-me no gesto Cléa, a irm ã mais vel ha, semp re · · • · · · · · · · · · · · · · · g rotesco em qu e m_e acha. triste,· tremula, ou via Cec u, a - - - - va e 1·1r" 1n se co 111 IJJºO .J ~~-~. ' <l - - pallida crean ça, qhe convulsiva, funda ir:J nia. sempre muito baixinhq, ass im Sc1n·eadol' • . • E b l co ntinuou : «Tristes, profunda· -------- .nCà li e i . . . mente tri5te , , e ram aq uelles Tantos favores, tantos , dis pendid os, Füi oütro vencido. olhos n egro,, lindamente ·negros prodi game nte, pela estrada. rea_l 1 que e u amei·. . . E, depois dos favores recebido~, Doces, como os sonhos cheios esta benção fatal : d e illusão de u ma noiva fe liz .. . 1neig os, como uma 'ci:{ri éia de mãe. . . -ternos, dei ici osamente · tern os, tinham esses olhos um,t : belleza mystica e ce leste 1• • • Assim tão bel los, quasi divinos, e u os v i quu.ndo, com uma ex· pressão de g rand.e. dôr e_res igi.u1;– ção, lirnpidos, chora reir, 1 Na sua· s uperfi cie avelludada uma la· · :;rima trem ul a, muito tremula e luminosa bailava r.omo s i escal· classe de dor.. . Vi-os ass im o des-:le então não sei porque .os ame i... De uma b':lll eza doe:::tia a lnz que irrad i– ava desses ol hos, t inha o refl e– xo de uma melanco li a intensa . Assim bello , mas irrmensa– meute tristes, n iio tinh am ell es o encanto cheio de fogo das pupi ll as q u~ fascinam, que queim am . que en– tontecem , ·não ! O esplendor da sua luz. era -- cheia de meig ui ce, de bon– dade myst ica de dô r. . .E esses oll10s diviuisados, cheios de tern ura, va· g avam n ,ui to, in definidame nte.,sem· pre ince rtos, como ve lados por ne· gra tristeza, numa an cia desesperan• .._ te e cruel. Quando ·a lgumas vezes esses olh os brilhantes fixa vam ós me us. ou vo l – ,,iam -se p a ra o Céo num·a prec~ <l elic:: o.da e s uppliC'ante, choravam . E essas parola,; nasci d as da dô r, P U os enxu g ava r.om aff1::cto , num heijo a rdente e carinhoso. S im , el– les eram tristes, intensamente tris– tes, porqne soffri am muito, doloro– s ame nte ; e foi por isso, talvez: que e u os amei ass im , com urn a v eh e· men eia apail(~na da.. . - Mos, esses , J:os-·amados;··err,m ast ros em ou- Como bom semeador, sacola ao h omhro. cajado á mii", á estrada apparecestc . .. Eras moço e eras rico, e foste o assombro de quanto,: 'soccorreste 1 Mas, finda a provisão, quand o tornaste, envel hecido e pobre, romo Job, de quantos, alma impl e,:, esmolaste, nem te saudou um só ... G lorio, porém, o. ti! qt1ejl\ sabias, e esperavas, sereno, o res ultado ... Ficaste encanecido, as mãos vasia , nun cã desapontado 1 Quel r oz Albuquerque . Diana sorriodo no alto, num sen– d a l de poesia. continua va cliv inisan · do a 11oit.c e a sile nciosa praia que parecia povoada de so nh os... O mar, gemendo sempre, entoava can· ções dolentes.. '. E as duas irmãs .nu rr. mesmo amp lexo, cho ravam ainda 2 ncs a noite bran ca, de · mysterio~.. . Ama l théa Farreira- A l'<'COrdaçflo que eu guardo dentro da alma, dos tempos de menino, foi acor– dada dias atraz, quando ao dobrar do largo de S. J J sé um punhado de garotos por– .fia:7a mante ndo no._ar (<_paga– ga10si1 de . papel. ~nlão aba– lado pela saudadê 'd"essês ·ai~-' ::g:, •✓r·aoií!',ui'n lw .ll111•i a . 1 llf/ l!S/a. . · coll·im S . .lll'iltu. • D F.CLDIA\"A o dia. Pregni ço· a– mente refe stell adu n u m a cha ise-lan g uê, o regaço ad o rn ado de bellas e odo rificns angelicas, levava-as à_e qt1ando _e~ q1iando aos labi os nllm prolongadooscul:) no mesmo tempo que as pirava o suave pe rfume que se lhes des· prendi a das ni vea petala . A meus pé dormi a um sobe1•bo T erra-1'iova. . Furtivamente entra pela j nne lla 11ma irreqt1 ieta borboleta vi ndo po 11- sar no dorso do meu fiel o.mi "'º· E , ' ., ' p , uêU ca111 c11 .,_; des pert11 . li ro m aq.uella car icia, volta os mei o-os olhos para mim ag itando expres;ivamen– t e a cauda, a chama r -me a atle nçã .,_ D e prezei por momento a odo ro– sas flore3 parii segt1ir C'Om ·a vi sta n t ravessa mariposa qu e e esqnivara para o jardim, ond e, v oljta ndo de fl or em fl or demonstrav a o. . na volu· hilidade, uro iu -se fina lme nte parri. longe .. . lon ae ! Acurando ~ olh ar ]obrig uei um como ceie. Li a.! id y llio entre rt mu i· t ipia va riedades de flores . •• . Proximo a uma. d ço ª ro e.'ra er– guia-se altivamente um cravetro cn– ·t am fre– j as rubr as flore s agi av mentes d'amor ao contempl ar as l i s corres - jlttrah entes ro~os, . que 1 e. . · ··_ pondiam o gàla·iltêlO co:n ª f, ag rati
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