A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4 n.162, maio
r- ..****************************º· A SEMANA 1 Cantae, bohemios ! .layme Calhei,·os, b1·illw11/c jo1·• ,,atisla pm·aensc, enli'on pm·a o 111tme1•0 de colla/,ol'{u/ol'es d' A S BMANA. Isso mui/o 110s penhol'a, si11ce1•.1mentc, 7101· con/.a,•1110s com mais uma coadj11ljaçâo vc,liosa 1is ]Uf!Ílll.S de l10SS(I ,·evisla. NOSSA outrórn tão risonha, brilhante e poetica Belem, não sei por que mao sygno, é hoje quasi um sudario da nossa vida artística e litteraria. Não mais o movimento b11liçoso das arterias elegantes, onde o femiuismo chie, lantPjoulando a Natureza fúlcra, il· luminava bardos e tro\·adores, ins· pirando poetas e prosadores e dan• do genio aos genios; nii.o mais essa mocidade fulgurante, que rebrilha– va nos salões, dando vida á vida; não mais essa élite privilegiada, que irrompia pelos theatros e pelos jm~ naes. luminosa e pulchra, ávida de 1·enome e g loria. Quem, do nosso tempo, foi capa;,; de substituir o lyrismo, doce e vel– ludoso de João de Deus do Rego, o magico poeta de Numa pe/c1la de 1·osa, 011 librar-se ós alturas condo· reiras de Fre<le:·ico Rhossard, o foi~ midavel bohemio de ouro. que se ilefinin a si mesmo por e,tes versos dn extraord inario mulato da F.scada; ~011 e•n quem assiste <is l11cra.~ que de11/l'O d'almc1 sé cltio. 1111em sonda rodo.~ as 91·11/0~, p1·0('1tmlas do COl'OfllO••• ? Qµem tomou o Jogar de Paulino cíe Britto, poeta e prosador castiço; de A merico Marques Santa Rosa, o extraordinnrio mestre e jorn111ista 1e combate; de J oão Marques de Carvalho, a mais completa organi· aação de jornal que já temos tido? E isto só para não citar Nativida• de Lima, Leopoldo Souza, Eutychio Salles, GuilhermPMiranda, olympio Lim<1, Juvenal Tavares. l\1arcos de Carvalho, Alcibíades Neves, N ilson, Antonio de Carvalho. Medeiro s Lima, Guilherme Salles, Gemino Lima, Theodoro Rodri gues e tantos e tantos outros poetas do mesmn tempo, que a morte foi ceifando, até qne por ultimo nos levou Mara– nhií.•l ~obrinho e Vespasiano Ramos, as nltimas llstre! las de mais intenso bril ho, d'aquelle lu,min_oso engaste. Qlllllll, entre n,,s, Ji\ Ee elevon, t ·ibu na sagrada, a dom Antonio ~a !,' cedo Costa. ou a monsenhor ,e 1 ª.. Coelho?E natribunaprofa– Gregoil◊ ·as ;uridicasalguem jáas– na e nas letti . \:o-ios tios conselhei• ceBtleu aos ien •,, Mac Dowell e ros Tito Franco. ; Na chronlca Domingos Olympio Íia quem se so– humoristica e leve 0 00 a Victor 1 T 't'.l Fra • brepnn ia a 1 . de ]\[o.cedo, a Bezt-'rrA , a Anton1◊ Alf,:edo Pin- Y:strphanio Bari 0 s 0 , ª to e a centena~ de rapazes que ao mesmo tempo fizeram o martyrolo– gh da imprensa? Quem sub~tituiu a Bemardi, o pae do violino em Belem, e a Sar– ti. o spala do Theatro da Paz? E' da mesma epoca Boaventura Vieira, peregrina vocação artistica. hoje inutilisado por um Yet)eno qualquer de mãos ciumentas, res· tando apenas, como um abencerra– gem, nnm meio estreito ás suas expansões, esse Paulino Chaves, admiravel na t echnica do seu ins– trnmento predilecto e no elevado sentimento com que interpreta os ll1n Jh1Pl1, cto nosso nwin . clnssicos mais incom . . Tivemos nma . p 1el1enil1dos. de ouro. No tab1;tt1a madrugada companhias lyricas ~do d? tl!llatro, dem espirit ua\isara e pr11ne1ra '.1r– generoso e illustr ~ um publico como Carlos G ª 0 e maestros ram divinamen~mes nlli empunha– Uma pleiade ifl a ~~tutu gl_oriosa. rumava para B us ie de prntores soberbas expos· ~!em. promovendo que De An el•_çoes ao tempo em os lampejos~ is Perpetnava 11a Ré te. E nesse cº s~u geoio fnlguran– t uaes rep)nta~~Jun~to de intell~c- a •na fl or ela bo- hemia elegante e aprimorada. Ainda me lembro com saudades desse va· lente Club Pau e Corda, que sera· nateava pelas ruas. ao arminho do luar, despertando famil ias aos uc·· cordes maravilhosos de uma orches– tra, sob a regencia de Cincinato 8ouz<i; as maravilhas do piano de Eduardo Calheiros, bohemio e di· plomata, ainda me retinem aos ou• vidos com um misto de amargas saudades; o rabecão de Moré, que gemia e soluçava, ou bramia como as fn rias, enchendo o Largo da .l:'olvora de harmonias celestes. por isso que aqup,Jle negro realisa~a o prodígio de fazer cauto nesse rns· trumento de marcação. Dessa ep, 1 · ca de ouro só nos restam hoje snu· dades. Por emquanto, na geração que possa, se exceptuarmos Paulo M..iranhão, 1,a polemica, l{ocha Mo– reira, na lvra buco\ica, e Augosto Meira com~ advogado e jornalist~, estamos em crise. Esta dura reali· dade acudiu· me á mente a0 des· pertar ás 2 horas da manhã, ao som de um isgue/e proximo. Urn mulato de amplos pulmões e voz canóra, ao tempo em que o ban~o saracoteava o coco e o baião. enchia o ar, numa toada melancolica e doce e musical, com este estribilhO, repetido em côro : Ai/ai !ai ! l ai! ai ! ai ! A 111ad1·119ada, bis que passo11, 111io vollu mais... E a toada.. rolando a musica do· lente da jm:iti, chegava até milll como um éco triste do passado, como uma dolorosa affirmação do pre~ente, mergulhando me a alma num luar espiritual. Era isso tuesmo . • a mad.ru. ;' nd: de outr'ora, n. madrugada que Pª • sou. não vol ta mais. Que indefinível prazer agri·doce eu senti, commovido e t riste ~ . Ai, trovadores! Nesta agonio, geral, cantae ás noites enluarn· das .•, O vos~o canto doleute é uin balsamo s uavisador. . . oce Dizei sempre, como uma d 85 • h~~enagem ao passo.do , esse_ tnbilho tão ly rico e tão amai·go · Ai ! ai ! ai ! l ai ! ni ! ai ! A mach-u9nda, bis que passou, 111io vol/a mc,is... Cantae, bohemios ! Jayme ca.111.e iros• ---•- . Ne h . ·s visto n um oh1P.cto por mat te rn que SeJ·a, satisfaz n um prese~.,- . 1 'd n1,, as pessoas de noôsa escol 1 ! ª atnrl\ zade, como se ja uma assign d'A SEMANA:
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