A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4 n.162, maio

Os guardas do Eden * STA historia, bast_an~e h~– retica e inveros1m1I, foi· nos contada nas triochei– ra~ deante de S. Fergeux. O 1 • • frio fazia-nos bater o queixo. Fumar era prohibido. Acocora· dos longas horas, nesta noite quasi glacial de cutu?ro de 1918, rnatnvamos o tempo cem ane– c,1otas. Disse-me, á queima-roupa, um borgonhez apreciado pelas suas facecias : . - Aposto em como Yocê, apesar de padre, ignora qual foi a melhor sentinella q•1e .Je– hov éJ h poz á entrad'l do Eden, depois da expulsão de Ac'ão. Cnr,fessei minh:'l ignorancia ~em pejo . P;.iis bem, contou o ;-and~go, Eva ralava-se de sau 1ade pelo parniso rerdido. f-óra, encon– trara urzes e espinhos, reptis e férn~, fome e chu·Ja. Chora_va o s d i11s venluro!lo :õ em que v1ru o tigre brincar com ns uvell111s e n cobra beijnr o s;.i po. Evn não 1u1 dnu ern re,:mra r na ::;en· tine ll;1. Em um guapo iuil ln110 triguei ro, que in e vinha do fu. z1I 110 lrnmbro, torcen1o entre o p<,llegar e o in,iex a ponta dos lu::;tro!õO!I l-ignde!' . A primeira mulher era ladi– na e bonita. Approximou vrga· rosamente do italiano, como que n colher ílôre», O mnnce• bO p11r011 onlei11do, roz n 111iío s ob, e O coração, soltou uns !IIIS· piro:- e lev1111tot1 no céu <: ~ta· tice,~ olhare!' . . . 0 ,ando wrnou n h.11xa r a ,·1s• . : 'bre a terra, já Eva desap- t,, · o E 1 d ·a porta do • · en a ~n- pare.. Je11 o,·ah man,1ou pôr ·ª re• tro e 1 ' · · lho da ru~, se assim beld ~. n_o odiser no tempo em for llcito ,' ; e substituiu nem rua h:i v ·ª• qu~ . . . um polonez, o 1talla1,o poi as gwtis pes- Teimosa como · .., expulsa eu c:exo, « so11. .; do 5 ' · · ~ ,ie ao matutou sobre os n1e10:, - ----------------- An meu Clllligo 11/cides Santos paraíso voltar. O so! esta".ª a de corromper um fi lho de AI· pino. O calor abrazava ttiê:lo. . bion. Arranjou, nunca se soube Debaixo da fárd_a, ., o ·sol,iado onde nem como, um esplendido süava em b.Lcas. Noss"a primei- cachi11~'bo em escuma do mar ra mãe approximou-se delle com e u:11a solida bofa de foot-ball, um éopo e Úma garrafa, offe- e co:11 estes dois obj~êto·s veiu receni:lo amavelmente um re- .brincar perto do mil.itar: 1 Ao ver fresco. A offerta fQi acceita sem o amarello esbranquiçado doca-. escrupulos, duas,· Ires, quatro, ch,111bo e a rotunidade rçiliça oito vezes, até qtle o plantão, ., ·do balão, o inglez lar.çou eh]~~ soffrivelmente bebefo, se' dei- pas dos .· olhos. Não resistiu a xassc ca hir num: baf!co, ebrin tentação, e'- quiz de perto con· ::01110 um regime_nto de pol~c9s . templar as· duas maravilhas . ln- Poucos minutos: depois; · ao . , c_onscienteniente poz na bJcca fazer sua ronda, '.o. ofncial da •o tubo de , e=cuma do mar · e milícia celt,·ste ;depai pú 11as ala- ministrou uns pontapés na bola. medas prohibiJas, .Eva a doide- Ouando deu.' fé da sua distrnc- _jar atraz ?e borbotê'tàs · e flor es:_ ção e volt~u ao lugar, já Eva .Nova ira ! N.o~a expulsão ! se s umi rn ,.atré'.z das macegas Nova mu la ·1ç·1 de ~ua rda. paradisiaca.;;. Desta feita veiu úm hes pa• O jnglez foi dis pensaJo, por nh~I. Este, coitado, 11ão íkou incapaz,· e subs titui,ic, por um muito tempo alli. Escon,li,ia belga. atraz de umas moitas Eva , a r• A pri,neira peccaJora não reme,iando admira velmente o demorou no Eden, e tl e 110\' 0 c 1H lt101' da multi,1ãt>,grita va umas scm!;!lj /l~ rigrurns Lle uma 's:i· p:davras ll1 Agiras: los toro, ! hida !',>rçnda . lrs tor_os I A vnzcl'in , q u e 11n Ulho~1 de viez o ulti1110 sol· prln~ 1 P 10 p<1rcçin longínqua, Oj' · d11 ,fo e sorriu. J~rn um fla1:1en · proxun~u-se cad;1 vez mais com- go rosn,1n, d a fHccf\ g o rd u ch ,,~ prchc,,s,vol e ío rte. o castelllH- e CllbCllos l,, uros. Tinl,a um ar no ~' 0Z·sc íl escuta r mais atten - ingenu·o: A tentadora foi bu,;· to, . ln terrognu co1;1 1 > o'.har o cnr u 111u i111ponente fatia de rií 0 h.mzo'.He e.' ~eito o pon to do e u,na lata de appetitosa man · l0cal ,,n gntnrin 11· d ' · · · . • . •. , . sa 1u em 1s- te1ga . DevaCTar com uma sc,en· pa1adr1 all1v 1a lo 1 , ~ º ' · 1 . l l O c1n turao eia consuma,ia poz-se a untar das cartuc_he1ras e eia e•pingor• o pfü1, sob (J 1 11arl z dn b ,!'.g ri t1; qu., nlin,u 110 r,hâo, T <!lll'O!i que, guloso de l't1tlnes Jli!CIO· ntio cnco1111 ou é e . . 1 d' . L , 1. ' . xcu,,a- o 1- naes , dilntn vn cubiçosament e as z ~ .º• n,a!'l, r eg r c:bst1ndn nu lu- n:Hinas e desnrhitn\'/\ 0 ~ gloho:; g,lf d topr)u coin O CApilào de ocula re:,, T erminado ·o tra bHl ho. ~on ªque.severo e furi bunjo , o apresentou o del:cioso manjn i inc;;.Pºlt p_or aba '.1dono do posto. ao sol.iado que pondo de laJo mmu os depo 1 i:: u · ' de an ·os ·.: 111 piqu~te a arma, enterrou os den t s na 1 .l pun~a lora do P'll'a1so manteiga e no pão, ao mesmo a so uçante E,·a . A · tempo que, de prnzer e volup1a, incrlezguarda <:ouoe então a u111 esbugalhava os olho~. ,.,Fie• • . E111q1Janto o belga esconJia ugn1at1co impassiv 1 - br't g · ' e • o o rosto atraz do biombo du pao 1 · nn!co passava e tornava a p_as:;ar cteanta do limiar myste . noso, indifferente a tudo. A ll1Ulher de Aclã,J sentiu-se capaz cn1man teigado, Eva reir.gressa– va o ,iArdim edenico. Desta vez, foí collocado 1:1111 francez na entrada do Paraiso. 'J1

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