A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4 n.159, abril
Rtfastellaram-se a valer. «A u des– sert» pede a palavra um passara que voa e começa a congratular-se com os presentes pelo esp írito de fina e alta cordialidade, que reinava entre os animaes, attesta ndo assim o g ráo de cultura e adiantamento. «:Meus nobres ami gos e comparsas: perdoem · me o silencio criminoso que me tolhia a acção, quando vós mui justiceiramente accusaveis o n os~o irmão separado. Foi meu a.:nigo intimo, comradre, quasi irmão: um dia abuso u da nossa amizade e sem motivo plau· sível, agarrou-me com as quatro mãos e atircu -me á. rua como a um rep robo . Quasi fomos ás vias de fa cto; felizmente tudo passou. Di– zem-n 'o muito amigo de velhas e que mantem á sua custa um asy lo de heneficenda ás viu vas desva li · da O r~ue e u vos posso garantir, é que as suas victimas prPferidas são os seus compadres; outro dia um queixava-se cio desa ppa reui mento cl'um bello •chantecler" typo ply– mouth rock e s ua defditosa compa– nh eira ; o outro compadre é o sr. «Monra do Recife» qne o endiabrado ma caco anda a appcll idar de «Fa– isca~ .. . Proponlj o, pois seja ell e depO!-ta– <lo para o mundo da lua, com escala por a(]uella vi lia singular que o dr. c hefe de policia pr:diu a demolição, a o In tendente, a bem de inviolavel S'lc<'go dos tra11seuntes, em compa- 11h ia do Tobia· Ouvem-se e nergicos protestos do «espirita»{ estabelece-se t un,u lto e os animaes furi t,sos em:-enham·se em lu cta . O burro applica 'um formidavel couce 110 visinho ; um «tamanduá • , . medrosamente, pede que o recebam; um ucaiarnra• que as,obiava pela centes ima vez n 'um quarto d'h ora a «V iu va Triste• . ultima e já mun– dialmé.nto co nhecida opera do J oca llezre is, desmaia; gritos estrid entes, barulho infernal ; a policia in ter vem sob a direcção do «dectetive•> Pega– Ladrão, com n. pontual id11de •sui gene ris• dos «luxuosissimos>> inlcc– lricos de rnr. Binns ... Meu amigo, isto não é decerto um so nho, re pondemos-lhe, é a vi– são <la pura realidade, ou cousa mnito parecida. Tassa-se A.Ili dentro d'iquel: e casarão velho e modor· re11to que olh a a bella bahia do G ua– jará, in esthetico e repe llid o pela exigente arcl:itect ura de hoje. E sse amigo f] He no nnrrou tal histori a é um « cn.va lh eiro phan· tnsma •, o rei das aventura . . . X o LUAR Magro e pnllido, dá•nos a lem · hro.nça de um dos milagres da (' arn Cyrio. Partir o cabello ao lado, era 11/ti • mn das uas preo,:cupaçlíes; quando coll egial usava botas da Sa pataria H.icardo so por economia, apertava a cunha, qua ndo era ce nsu rade, pe' los mestres de Coimbra. Muito symp11thisado, é dunga ern leis de Alfandega , co nhece o set1 officio, tem sua bolsa segura e nun· ca 11io1 guem soube se elle foi alguma vez «mordido~. Só faz des pachos na calma, e os que dão •agua pela barba• entrega ao se u compadre. leva ndo um « pe· da ço• do suor do Macaco . .. Faz rel'U l'<S0S e dá 0pinião e111 todos como figura obrigatoria . Utia «lorgnhon» nas hor,ts vagas, porqne emb irra com os oc ul ..s por d a r impressão de gente velha; gosta de ser o primeiro em tud •, mesmo não estando na vez, emhora não dando ~agua a pinto• . . . Ri dos outros, i11terrompe a lei• tura do da «primeira» e banca o. Zezinho em cima da tropa., porque nin guem sapeca um espírito em • riba d 'il». Já foi gP-ral e hoje é aduaneiro. k le S - B ã o . '®~~©-~~ · o ultimo dia escolar H @;~~@;@,~'®~@,@, . lo espi1·itu illus frado clu /,(111, col l Pf/CI .Vise. manhã estava-lind a. Os pas– saros se faziam ouvir na sua voz alacre, em um c1111to blandicioso e magico. Reunidas no vasto salão da E s– cola Normal, n ós, as alumnas do 5· anno, víamos defluir, naquella manhã, o ultimo dia esco lar ... Com as provas oraes de Chimica alcançaramos o termino do nosso curso normal. O ultimo dia escolar ! O ultimo dia em que, todas juntas, ali esta– rí amos, trntando de assumptos es– colares, 011 mesmo, (como :í.s vezes aco nteci11), dispondo-nos á c >mmen· tação de assumptos iuteis .. . Alguns momentos mais, e estaria· mos separadas d'aquelle educa nda– ri o, já pi>r nó que rido e estimado! Evocamos en tão os dia s afa nosos que a li pa saramos em um qu inquen– nio, ora tristes e de an imadas, ora mais encorajadas e 11legres, Ah ! quantns vezes, em meio ás multifa– rias pugnas escolares que nosacnl e– avam o ce rel ro, tediosas e in offri – da., exclamavamos: «Quando cl1 e· goremos ao fim deste cu rso?-• Mas agora. !]ue chegamos ao flm , corno deseja vamos e tar no principio! U 111a prematura saudade já nos invadia a aln:a naquella hora po - trema. RecoL"davamos os momentos de au la em que eromos obrigadas a nos conservar attentas e caladas (o maior acrificio pa raa mnlheres: seg undo un s), duran'e toda 111ra hora . P arPci· 11-nos ouv ir avo;: pausada de., Paul o Mara11hã >e in sua · nulas de li ttern t 11- ra 0 11 as p1•plei;~•õ,•~ hrill,antes de ~ lias Viari1 1a, not.ave l psycltologl), a: lestran.io uos para um dig-no des– empenho du rni.:.~ào a qu e 110s im· puzerarnos. E assim, de comment em com– mento, fomos <!Stanciar nn assum– pto de sympathia~ particulá.res pelos p rofesso res. B então era t!e ver se o turbilhonar de nc1111Ps co rn o 05 <lt': Eli a~ \'ianna, .\'!arcos Nun e::.. Sarnh Ri ~ieiro e outros. P11ssa a11;os, de · pois, ao tPrreno das sympathias entre as conrli scip ulu s, ás citações dos nomes mais acatados pelas co l· leg as. e eil·os que surgern: Ni.e lpor ser a mais lou,a,). Cava!cant ::ioeiro (por se r a me nor). ClotilJ~ (pela sun pn~e flengm,,ti r.11 ) etc .. Em meio a ·essns co nsi derJ ~•üe~, f,,· mos despertadas p,-l os 11I igeros ba · ques da c11 mp o, annu11cia11Jo a hora da sahicla. Seriam, talvez. 1'? horas, quando <lei accesso ao portal de cu ·a . .. 1; não mfl puup esq 11ece r o resto do dia da nossa Escc, Ja ! L amentei sin cP ramente o termos .ah ido d a· quelle estabeleciment.. a que j>i nos affizeraraos pela cir ·um~tu ncia <las c')nsuetut!inarias freqnencia,. quasi quotidianas. q·ue a elle fazia mos Esqueci os acrifi cio · al li i;11mo · l11<l os, as noitPS de insomn iaspussu· da.,, a e(to, em prepa l'o <las li~ ües para 'J dia s, gL1i 11te. le111b ·ando-me ap~n~s daf]u elln Ct> 11,·ivencia alegre e Jov rnl que a li l'eina va e du qual cl'ora avanLe não 111uis parti cip a ria . Ah ! dei xei· te, Esco la Normal querida, poi~ cheguei ao te rmin o do meu curso; mas a lembrança dos dias felizes que ahi pas -ei. perdu: ml'á para em pre em minha inemo · riu ! O n1 e11 <.:vro.t;ão e tn ró. eterna· mente em teu .·eio, ó ten,plo sa<>'ra' d~. a 4L1 em devo a destruiçã; do veo entorpecedor da ig norancia, 11 ete rn a ~d versaria do p rog rrsso ! Ja mai s e~f] Llece:-·te · ei, ú templo a.ng: usto; tenho. te j á acce11d1 ado a 111 11 r de g1 atidào ! s· , im _~ ·· ·.Não te esqueceri>i já,mais, co':1° Jamais e~queeerei aqnella ma · nha_ em que os r,as !1ros e faziam ouv i!· em nm canto blandicioso e ?1ª~• co, P-m, u, nto l'euni<las no vasto ,alau ela E~•:oln Normal, nó~. as ª 111 ,. 11 !1 ª 8 d~ cJ.o unno , víamos pas;;a r 0 ultimo dia escoiar ! Guilhermina Gusmão. Di;:ia un' pobre estuda nte: « Ma ··... 4ne g ra11Je aLl'upa lha: da ! Porra é «poisn ? f<.,' •d 'orn em diante • ? . . . Si porro acabn m.. . • pau· lada• !"
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