A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4 n.159, abril
PEROLA 1 a Grecia. á beira mar, sob um platano em flor, vivia uma nym?ha. Era o tempo em que para as bandas da Arcad ia se ouviam, noite alta, os sons de uma flau ta, primeira a ~ ol uça r então na terra cheia de ovelhas, pastore~ , heróes e semi:leuses . -Quem tangerá tão mavioso instrumento, cujas notas vêm mis· turadas com os rciios da lua e me enlou– quecem, pondo -me um calafrio nas carnes tremulas! Ah! não pôde ser outro senão Actés, o pas.tor more– no amigo das rosas, e que urr.a vez aqui passou, uma só , ez, fazendo-me estreme· cer ao ver-lhe os olhos avelludados e humi– dos como a fo lha do loc•.us s ob a corrente... Conjecturava as· E alongou os olhos pela orl a de areias alvis· s imas . · Mas, alterna ndo com a flauta, outros instru– mentos soavam : soava m tymbales, soavam pan– deiros, sbtros e tambores; e confusamente, em clamor orgíaco, ouviam-se g ritos, acclamações, la tiJos, e uivos. E co· meça1'am de appare– r.e r : um ca rro trium· phal, tirado p0r pan· theras de hiantes fau· ce$; Bacchantes e Na– yades, Cyclopes e Ta~– chinas, Satiras e f.: g1· pans. Era que aJolescen· te ainda, deixando Nysa e os valles do Menalo, coroado de racimos e parras, Ba· cebo passav a em der· rota das lndi as. entre os applausos e ov~-· ções de seu corteJO fanta s tico. Li vinha o velho Sileno, can· çado e tropego, como borracho, as Ciedones núas, e touros e ju· mentos e bo:1e8, to· dos á lu z de longos branriões de fachos resi nosos que fume gavam. Encolheu-se tremu· la e receiosa ao des· filar o cortejo. sim a formosa nym· pha, aitento o ouvido e como em extase á viração fu gitirn que sobre as aguas, sobre as dunas do mar, so· bre as flores, por tuJ0, e, sobre seu co rro franzino e branco, <ler• ramara, trazendo-a~, de en volt a com a luz do luar, :.is notas dn flauta arcadica . E cem noites, cem longas noites havia já que dura va o en· A dislincta se11lwrinha Lylfia A raujo, graciosa Ji· llta do exlincto desembargador A11g 1islo Olympio de A ra 11jo. Oh ! hei de vel- o, dizia; em me:() destas caras horrendas seu roHo eleve ser como o de Aç:ollo en tre as nuvens. Ouço- lhe _a levo da apai xonad a da flX tranha harmon ia na Grecia , á beira -mar, sob um plata no em flor, quando uma vez, na extrema da pra ia , rr;a is rrox ima soou a fla uta. . , - Oh ! a hi vem elle, a final! Ah1 vem Actes ! exclamou a nympha-vem porque sabe que mor– ro cançada de ta nt o esperar. flauta cada vez mais perto: .. Oh ! bello pastor .. E iam pass ando as grotescas figuras aos gri· tos : Evo~é ! ~ yceni ! Pas:: aram as primeiras ré· cuas de ~aty , os, Kuretas, rafeiros e onagros, passa_ram outras _e outras. Subito naque\le meio ~4hot1co , es trug1dor e infernal, destacou-se o informe vulto de Pan, ::ilto e capripede, 0 peito
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0