A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.158, abril

a~,~~1>~~0N>M~i>::,1Ia 1 CA_RTAS ! a ~~;,~l>:(%)1>S~(i (%):,:,:,~ a M11:u CARO A1.BF.RTO EDESDO á influencia, ou vonLa– de de meu P.Spirito, esc revo· te hnje faland o d a. niinha ultima vin a em Á Europa . Recap i· tulando- a ~ entalmente, sinto qua– si apa g lidas de minha. memoria as belleza enropéas; com o decorrer dos a.nnos e o evoluir do tempo, este fra2"mento do meu passado paira talvez nas brumas do e qne– cimento. De toqas 'n.s naçõe~ q ne pereo 1Tl t,pm fra:as reminiscen cias co n ervo. E sabei a cansa di sso, meu arni gl r E' que o. minha alm1.s, de 11 .1t11 reza melancolica, só se encontra bem quando e nvolvida numa s 1tisfo,·çào fgre-doce, numa fr,ca· re nnmh rn de nostalgia e n e, s •s 1 g.t rPS ella«pasrnn pela vida e uão viv.-u» porque lhP f.tltou a dor . Quem não soffrn niio vive I Entretanto guardo avaramen te em meu espírito, sandma.mente em meu cc, r– açi\c;>, osrn pictos eis meze.,; que passei na luza patria de Camões. Lá. eneon tre i uma alegria mesclada de tristeza. e de se ntime:ito, i>to é. lá dPixei um oonco de mim mesma, napes ôa de nm ve· lhinl10 p.11 p errimo, dPsp ro· t ·gido ,lo aconchego àa fa– milia, só, cbrYplt:tamente só, com a sua mise ria e sua dor. A SE~fANA lllP ']llP, se ndo inutil pa ra o trnba– lli o, ao men os d istrn lii n nm po1wo as a lmas earid nsas q 11(' l he davam ulg umo. esmo-la, og rndecendo por esse meio o gra nil e ou pP<]nE'no obu lo que 1hr <lepo. ito.s. em no 1·p lho cliapéo. f'om que in g·1rnuidade franca me dizia ell e i~so ! Depois tirnudo res peitosa mPnte o chapér, da cabeça, ap1-i·ta va de enco n :ro o peito o precioso in8t rnrn en to e ex– nlama 1·a em extase fen ·o ro o : «G rn ça.<; a miserieordia d!' Deu~, e»te f' o mP11 ganh a- piio d;ario, o meu companlie1ro de infortu nio•> . 8 lá se in. tangend o as c;o rd as de se u violino . . A casa ond e en residia, num ar· raba lde c!o Porto, faz ia rlua , frpn te~: uma JJD ra a rua rle S. 811rth11lo111e 11 P cutrn rarn n prnia de S. .Juào du Foz, 0 11 i e P I! fa7. '11 esta,ão de lrn – nhos . Nas in compn rnve is noites de ng-Jsto, qua nd o a. lu a. e111 µleno apoge11 el e s un. bell eza, e,,pa, huvn CASAMENTO de no. ~a fe. ta. a noivn melcd ·osa <lo luar. E o violino de André no· rnmente se fazia ouvir. muitas ve– zes, na in. pi1ada opereta •Alma de Dins• , que nesse tempo constituiu a nota chie de todos o concertos P S0rii!'S mnsicaes Ü instt umento gemia e sp luçnva ! De suas cordas <lPsprendiam -se vibrações melodi· o. as, em rythmos ora eio<]uentes, ora gemebnndos, como se nellas .-. t ives em in corporad a. as fibra s SP nsivP is e in v1bivei.;: da• verdadei– ra almn do C.rea dor , npremo . Era n. nossa alma e a alma do. nature– za toda, qne palpitava de poPsia, de amor. <le saudade .. Fin ..imente, na Pgreja. dos Cle – ri aos , o sino dobrava as badalndas c1;'s dez horas e nú · da vamos por findo o nosso eriio . Antes de nos retira rmos A nd,·é punha o ponto tina!, com a seguinte quadrin ho. de ~na lav ra: "º :\ndrt'•, o .\udrPzinh,1, O p11hre 11.◄ \'i11li11ha, " "''" :1 llru.:. fl :.o~ ~r11horP O fawlr de 11111a ei11111J:11ha. 1t F. oi:; vinten;; cahiam-lhe ahastec idnmente no chapP-o .•. . 1\leu pobre André I Era nm a· sympathia rt,u ua e mornl que nos uniu. A 1 n.inh1.s alma qaP· ria e respl'itava a de And é, O .v1·. . l11/ 011io .\lesq11i/,1 e r/111111 ,.t n/011 ia 1;e,11i ,\!es- 1.JllÍl u, co11sorciwhis 11 e ln cnpilul H oje. cn ntemplund > o lunr de minha te rra, em noitPs fria s de inve no, si nto s: n · dade des,e velho Portu;;al, onde pa~sel dins felizes de minha adol e~cencio., se ntindo , ao mesmo tempo, n11111 tris' teza ama raa ao lPmbrar-me do oohre A tvlré. Sint-0 c1 tJ>l confrangimt>nlo, por que te· n ho a ce rt!'za <le q ne elle, sob os effeitos da invernia da viela e das intemperies do te:11po, j ti deixou de existir, ,em q ne t 11 ao meuos lhe pude se IP.var, na hora exl remn, o , o:i, oi, de paluvras um La , rP.passades de que embora destituída da lncidez e do tino obtidoE po r uma solida instrucção, !ou pelo con– vi vio social, possui a com tudo 11, gratidão el,lpontanea e a bond ade nata que nfL•J se aprende. ma s que nos é um leg11do -<la misericordia infinita de Deu . Dos entes esq uecidos pela fortu– na , que me_ batiam á porta impl o– ra ndo a ca ridade de cin co rei . ern elle o por mim preferido. Porque essa predilE1cçii.o, nà,i ei ! Meu coração pulsava a legremen· te quando aos meus ouvidos che– gó.vam os $0ns ainda long inqnos do violino de And ré. E lle tocnvn., meu amigo ! E, embora c,m_ the- .• al guma, havia tanto s,mtnnen- oua 1 d" _ tanta me o 1a e expressao nas to, . ue executava que, ouvin– musicas gpoderia chamai-o um 111- d o-<>? se m "'en io mnsica.1, l!m dE>– tisto º? 0 bita descido do seu pe– cadenc1a su "'JorÍfl, pela força dom i- destal de ,. !idade. nadora da Fat.a z eo lhe perirnn· Quando uma ve cançnndo ns tei para goe toca~d~S respondeu· ,l)r, ços eu!raguec1 i por sobre a terra as 111ag11i fice ncias de suu. luz fri a e metall ica, fa7.e 11- do-rn e reco rd a r audoso.mente este peque nin o, porém enca nta dor re· ca nto do nos o Bra il. eu co i1vi– d a va André para um . erão littt:ro musical ao ar li vre. Juntamente com as diversas fam ili as lá re i dente , descíamos á praia. Eram noite · de um a belleza phantastica. A ar ia. humedecida. pela ag ua sa l– gada, brilhava pho ph ore. cente, o vento ibilava encre pando as aguas e trazendo até nós. o ur sa litradn do ocPa no. onde sob re ahia o chei· ro forte do mu risco. Os roc he<l os nrg ros e erectos, eram quaes ve· 11~-JS monges em m11de comtt-rnpla· çao ao intinit.o. Duv o.1110 entio co· meço .ªº no so in t imo pnssatenipo. An<lre fnzendo a introduc<·ão, t.o– cava urua 11 1ia da u Viu Vii A IPg1·.-• ou <le outra qna lqu Pr ope1eta, acompanhando uma SPnhorinha on !'lenho.-a. que e disp11zes e a can• tnr. N')s int!'rvallos <lt>c lamava·S'J 11111 Pí•n~o. Lngo, porém, ppd ia– moi; mu.s1ca pois cllu cru a rui uli a. fé, que o fizP.s ·em co ntricto lem brar si de Deus m ·s •rico rdi oso. á presença. do q 11al a sua ,dmo. ter·a de comp::trecer. E fJL1 B11du a morte. entorpece, ,do completamente o se ns membro em ·elhecidos.eu com a dex– tra da amizade, curinho ·amente cPr– rarlheosolho n' umderradeiro adeo ao mundo ! ... O tempo é o melhor paginador do livro de 110 a vida. E as nas mãns na ei e in vi ivei desdob rnm p;;to. pngina audosa de minho exis– t.encia, lemb1 ando-me um facto pas· sado, sob a influen ci1 do qual te c, cre vo. obr igando ·a tun ima g ina– ção a dete1-se em phru es pobres de eloquen c iu, destituidns da po– esia ro1110.ntic:a e dus chimen1s ro– sea que o teu espírito joven, de– ce rto, cria e aprecia . Porem, meu c·arv Alberto, n ão podemos vi"er e falar unicnmente em iJlusões e so– nl,os, é nece ~ario um pouquinho de reu lid ude de quando em ve;-– Termino ped indo a tua clemPnc~a para as fust id iusa linh a dP tao longa ca rta. Raudades da tua sem· pre amig-uinha. Mari .<I

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