A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.156, abril

OI CON 0/ REMORÇO -Oh I E's tu ? \'i As te vêr-mP. Mas como estás íri a e Lr_cmul ~ ! Não chores. minha hoa Lu1 za. Nao me qu eres abra çar ? Por11ue? Tr ns rnr.do ? •.. - Miseravel ! -Qun 1? QuA é 11u e di zes? -Sim, Leu marido! -Misera ve l ! Por()ue ? Mas qu e teu ? -Pois uão senles? -Que'! Não te 1•nlPodo. Teus al guma coisa a di zP. r -me ? Que l•! foz ell P? .:...r,;- um infame! -MPn marido ? ... - \\ is o lll P-U de8alinho? S<1 h-i d!! ca~a como estava. \'im, como uma doida, l)Or e~sas ruas. IWe man– rlou dize r á mamãe qu e esta vas pa~sa ndo mal , que pediras coull s– são . - E. verdade, pedi, E ~. éntào, por is_so 1111e o injuri as ? - Não. -Eutão porque é? Falia. -Que di sse o medico '!_ -O medico ... Que ha via de di- ze r!. .. Queres al guma coisa ? -Os teus remedio3. Onde estão? - Por ahi. - Não l•rns se nlido sabor P-stra- uho na agua, no ltlile qu e bebes, 110s alime11los qu e te drto, nos re– U1edi os '! •.. -Não. Porqne? - PorQUP. ,. Oh I o vil ! E eu qu e r 11 n ei que eram palavras de lou~ co 'fu fo te envenenad a. :... Envenenada! En ! Corno ? -Sim , enve uenacl a por ·ell e. -Ell e ! - Te u ma rido. - Eu ! 'fu estás do ida, minl,a poh re Luiza. Mas me u .Deus! •.• Envenenada por meu mar ido ? Não ó 110 • sível ! E miuhas fi lhas ?_ ! Mas fa li a ! Tu sahes alguma co isa ... Que é ? sou br.ste '! Quem te disse '! Ell e ! ? -Si m. Perdoa-me... .. Perdoar- te ... A ti ? Porrrue ? Não te comprel_1endo. ~slará~ Ln fa li ando co 1111mgo ? Lurza, n11 nh a irmã! .. . Loi za ! - Que é ? . - trs tu ? E s tu me11ma, Lu iz~ ? Fa li a ! Não ~erá de lírio ? Que dts• se te ? -A verdade. . _ A verdade? Então mPn man – do ?•.• E és tu que me pedes per- d:io ? Aj oeU1 aR-te ! Purrprn te :ijo– elhas? Não vim aqu! se não 11ara f1U 8 mti amaltli çôes.. . o pa ra d,rn un ci– al-o. Ah ! se eu 11utlesse sa lva r– te !. .. - Sal va r-me ... ! Qoe sr rá isto, meu ll~us? ! Mas A11tão tu ?.. . - Eu ! «- U, ~i m.. . tna ir111 ã. Ell11 propoz-me e11vene11 ar-te. - EnvP. nP. nar-me? Porqu e? Que fiz eu ? Com 1111e fim '! dize. - -Para casar-se commigo. - Comti go ! T11 ! Ell e, então, ío i teu amante ? Foi ! Oh ! a minha agoni a... ! Que fim de vida ! Minh as filh as... Era, enlâo, por ti qu e ellA me dei xava. Era por li ()Ue alie me tortura va com a mai s cntP.I in– differe nça qu e jáma is rege lou co– ração 11 uma 110. Era (IOr ti. .. ? E L11 •• • Oh ! Lui za ... ! 1\li11h a irtn ü ! Mas fa lia. -Q'ue te !IP.i dA dizer ? - Foi teu a111anle ? -Foi. . -Teu amantA.,. E ainda-é? - Não. - - Se l-o-ha de novo, quando eu morrer : amanh ã, 'feo ama11le .. . teu marido ! E eu e11vcuonada ! Eo– veuenada ! Oh! as chammas que me abra za m I a sêde horrí vel ! ... E eu a ca lumn iar a felJre. E tu, miuha irmã, como podi as aco lh er eutre os braços ao homem qu e se apartava de mim ? Não senti as, nos beijos que lh e davas, o sabor dos meus lahi os ? Luiza !. . . E fomos l(erada<; 110 mesmo ve ntre, mamá– mos o mesmo leite, rece bemos a mesma IJençào, crescemos junta11 no mesmo regaço. E ro~Le tu •.. Não chores. Oh ! o in cendio que me consome . . . ! E' o ve 11 eno ... \'r neuo ! li: ... em em casa que vos encontraveis ·? --Não. -Ah! an tes assim, ao menos resp11ilaveis a pol.Jre velha. E el1A onveaeuou -me (Iara poss uir- te toda e li vre. Cruel ! A li ra-me ao t umulo como uma co isa in util. Oh ! oco – ração dos mitos . . . 11ão Ir a féra que o va lh a. 1~ minhas íl lhas ? Como fo i ? - Não sei. E's mulher, mu lher virtuosa, mas, em todo o caso, mu– lher . .. -Sim . . . - E cu lpado • . . - En ! culpada '?! de me trahí res . .. ? ·- sim: facilitavas de mais a inli• midadn entrn n6s. -Mas 11 ão c~s ln minha irmã ? Ell e 11ão é o meu marido ·? Havia de injnriar vos c0m a s11spe1ta de um crime fjU P, aiuda depois de confessado, parAce-rne impossi\'el ? Não 1 - Deixava~-n"s sós. . - Uma 111ull.J.,r de brio nunca está só contra a infamia. Em fim . . . Dá-me agua. Nà o ! Não ! Deixa-me estar. • Tens medo dn mim '! -Medo ·? 11ão, já o 11 ào tenho, dn uinguflm e de nada. Dizias . . . Dí– zias que ... -Teu rnarifo era de um cuidado, de uma meiguice qne me capti va• vam sem, entretanto, deuuuciarem a sua int1111 ção perversa. Sempre o ti ve 11or um irmão , Uma 11oite- - conversavarnos no jardim - notei um certo tremor nois suas palanas: se u halito queima va-me o rosto. Tomou-me as mãos. e, de re(leote, s1i111 qu e eu mP. pu desse d8fender, beijou -me. Ergui-me re voltada com as faces em fo go, os olhos cheio!! dP. lagrimaq. Quiz denunciai -o, mas ell e ameaçou-mr. com o escanda– lo . Ti ve medo. Desde então e qui– vei-rn e. . -E' horri ve l ! E ell fl? - Quando vocês for am lá 11ara casa, depois da morte do 1eriueno uma no ite ell e entrou no me~ qu ;i rto. -Tu o viste Autrar ~ -Não. Acord ei com o. seus beijos. -~spera ... - Que teus? - E' a vid a .. . E eu quero ou vir tudo, ludo ! Urn i11 staule. E' a l11- bare11a qu e sobA. Aco rdaste . .. cou • Linú a. F. depois? O medo do escau – dal o tolheu-te, não fo i ? E na uoile segui11 te '? Que mi se ri a ! E depois? - Fiquei como l'asciuada por essH homum. Algu111a coisa elle deu-me! po rq ue amei-o como nuu ca pensP1 q ue se pudes~e amar. Oesejava -u •·om furi a, aTd ia em ciumes .. . - Oe mim. nalural me nle. - Não mi nto .. . - E ell e? , _ Propoz-me enve nenar-te. Não li~uei im(lortancia as suas pa lavras, porque nu nca suppuz qcie um ho-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0