A Semana: Revista Ilustrada - 1921, v4, n.156, abril

Oconselho tia morta :::.:::::::::::.-. - ....................... <!ontp ~ O)t um ta11to ele mystel'i Jso e · ·Â dll poeti co, llwantava se na r A) quietu i e do bni1·1·v solit •ri o, o-antigo e luxuo;;o olal' qne outr' oi-n, ·pertencêrá no;; nob,·e~ ma,·qn o· zes de 8aint·Olaire. ~st pal aeio . rlepois àa mo1·te dos mnrquez~s pa. ·á ra a pertenoE>r a um t.itu ln.1' qunlquer que o deixára uo aban· dono. Ann'.ls depóis, uma senhorn velhnsc I e financeira cornp t·on -o pn 1a sua rnoradhi. Pot· um raro aca o. Ptl, 1im po– bretiío de· olassitloado, travei con he– cirrre-nto ·com essa ~en hora, que su chamnva J eannu cl'Hot•cóm<t P,, d'ti ct1::iprlmentos e li geira~ pai<! trn", pa sei a Ir uma ,·07. na St!mana janbar 00111 - 11 min-\1n nova amiga. F.rn - esta nmn s1rnho1·a que ape,mr dH ter lnr;i;os anno de vida, ainda oon ervnva o porte altivo e algn • rna fol'mo u,·a r1a su,1 mocidade. Vivia· ém coh1panhln de nma r111bl· g.1 g-overnante o algun<1 fiói$ se t·· vn• . Fui um dia j,rntrir com mad1:1m d'HnrcJnl't. Terminada a l'efeicào, começan,os a conve rsar Jlsn3 i:,m· in teres ;e. Mas de re µente madama disse: " Depo is de n111unhil. o meu nmig,o e >nh ec.er (i a m!nh n filha que· chega uu Amarica do No1·te; é um:\ 1•Q.parig,a muito- interes ante e foi·•· mo · a, olhe!»; e mostravn me· 11m medolht'lo ond e o n.ro de oil'O cir• cnmduva nm r sto uhelo de niwl• 011de e meig •ioe - "V9rdndelram«1 te mndame pMo so oq~u!hut• de ter 11m l1 fllha enca'nt1v1om e d ar-me-t\ multo pra• ier em ter oi:o,1slão de tesbemu· munh nt" lhe o;; meus respeitos.\) ~ D 'ahi a dai. dias, n'aquõlle me"• mo snlilo, madama npresentava– nos: Snr. • e T,uoy d'H aroo urt » Beijei a pequenina e perfn,nada milo que me tendia maden1oi, ell e e contemplei-a: Ern realmente llu• dlsiiimn. a joven. O seu rosto de expressão mclanohot1ua., tlÍ1ha al • j,!'ntn a co isa de divino. F. nilo sei expllcat· da en10çilo qne entl no vêl' os sen bailo ol hos flt1wem -me, pnraoendo qne dalle snhlam um raio celeste que me foi 111\ nl mn ! Embarnçado, onfu o, ptl.reoia ·m•j que eu estiava pequ nino d ente daquella Psp lendida . rnooldudt! no opog-eu da formosu ra, e nem recor• do-me se pnde diaer nl .,.nm1:1 pnla– vra de oortez saud11çi10. Pobre de mim que por tdo pou– •dera a linha! •.. • oo cfº1 omentos qlle se seguiram, 8 ~ A reoepçllo foi dlsti,n• esf}uecl os. l multa alegria cta. Houv(;l . Omus ft~ solnr pnreoia e sorrlaos. ve 1 dormecimen• despertado do longo 8 08 e já tar· to m que passiírn nnn ' de. quan,lo Lodo tinh am-se reLi ro.· do, fo i qn ll ell e. 111erg ulhado nas t ,·evas , dormiu de novo ·'es>n noite niio se ntia rnmn o. Vestido· me mo . sente i-me n~ cama • e comecei a reco nstruir nu mente, t.oin s ns scenn que ;,e t in hnm pu: ~adr, nns ul t ima. horas . E como era feli1. uo pen a , qne e 11 fôra nlvo das uttençües de madernoi sell e Lncy 1 Dormi um som no pl11cido n ·esrn n oite qne fic'1 n grnvndn 11ft m inh a memnria de lnn'},tinho viz ionar io. C,1111 a chegudu da fi Ih a, . espacei as minh as vizitas á casa de mada– me Jeanu e. l'erta noite. ucced i ao conv ite e fiqn ei para j11nt11r. ErP,mos quatro Mlf,,. Mm•i'ri Co1·fr, , .'Jrn lil P 71,•e11dr,,/a filhr, do e.,•rinrlo .\'1', íldilrrn Cosro ti mesa: madame e mrulemolselle d'Harcourt, o ool\de Alberto de a.ngis e en . Durnntfl o repasto, Lucy lanç.Jn a dnvldn crnel n o 111011 oohrfl coração. Emquanto qu o conrle 1 e ~ a 11 iris v ln - e cerca-:lo das flnAza s dn he ll a fu cin odor11, -Pn mastigava. o fel do c iume, o que, felizmente sube di Forçar. • D epois mndome convidou-me nara v i~itar todas as derenden cia~ do P!llacio. Até dei g.-eças n Deus; e1·a nm soffrimento tão honivel o que eu sentia ! Percorremos as di versas salas, salões, gabinetes de musica, de lei· tur a, etc, tudo mobilado com apn· l'Rdo gosto e opulencia. '11.l ada.me. ped indo desculpas, dei– xou-me um n1omento. Não sei como. nchei·me n ' uma sal eta pu rticulnl'. 11i'io muito illu · minada. de tecto baixo. Nas pare· des v iam· e ndmirnveis pi:Jtnras a fresco, dP. o rtistns ita li anos. Re,pirava · sfl mal nlli; pnl'ecin ()U e es~a rnlinhu levára muito tem· po fec hado. Sentei-me num requeni oo divan . l\linha: vista cah,in sob!'e um qua– dl'O de o•rn nd (c. dimensões: um re– trato a "'o leo, em tnmnnhu naturnl , de um a se nh ol'a no ,·a e muito lindo. Di zia um11 in scripção : M'orie Izahe l de a in t - la ire. Admirei II perfeição da pintura e l'ecordei·me do mysterio que en· volvia a morte. premntnJ·a destn joven marqu ezu. :\'fas logo outro pensnmento que m obsecova, veio occupar-me a mentP.: D eve ria ou não alimentar n id eia de ()ll8 Lucy go tuvn de mirn ? Deveria procurar 11fastal-a pa1·0 kng·e, de illudir·me. csqn e· cel·a. ·! E ao,; ponco~ fni . en t inrlo uma rni n 1. nrda co ntra o co nd ll rlP. Nnn o•i ! Era uma h ,rrirnl tor· tura !. . ~ ' uliito , oltei· me com o rumôr · qne onvira e emmudeci r1 e t>sp1111t.'1: no rPtrot(l. a mnrqu r,m animava· e, sa h in. da t e la, e ngora caminhav a plll'll mim! lm110-in ei mt> atacado de lon curn. nü o r71dP fnz• r nm movimento. Aqu ei rnn tad o, olhoi1do a finada marqn ezn. qne, de pé, me sorri!\ enenntndornmflnte. Muito devog·ar, eutou·se defro•1t11 de mim e, compo nd o o e u tnfadn ,,estidll de sedn., di,se, <'f>m voz de s1mve timbl'e. que nuqn elle momen· to mo parece u extran ho: · · • O SPnlt o r nrl mira -se de vêl' mA n,;sinl, ni'io é? Não importa snber de r,nde e como pude vir falal'•lhE>; niio tenho permissão de dizei -o. Rente-me no emtonto». 11 Ha multo t empo que espero n occasião de po::le r falor n 11111 ente humano , para contar a minha dolorida historia, pena que me foi imposta ]hgo que morri» . Ah!, pensei; ma a marqu eZR nlli e tava viva , em todo o vigo r de u a m0cid nde !... Um pouco refe ito elo terror. boi · bnciou: ~ouço- a !tttenta,rente ~. Marie Izabel fitando-me com ter• nura , oontinuon : «Os primeiros an– nos da minha mocidade, pai:;sei-os como qualq uer iove n rica . lJm din, quando eu ainda n i:'.o oonh P.Ofa o marquez de Snint-C'laire. Yl um ru· paz n ovo e bello a quem amei. Se n 0lhos gra ndes eram penetrantes e neg·ros. Via•o de qnando em vez, se o acnso fazia encontral-o nos meus passeios matinnes. EMe reparou no meu olhar e nunca mais deixou el e seguir-me. Gmçns a um amigo, nos corres·

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